Elaine Tavares – Palavras Insurgentes
Quem chega na cidade de Florianópolis com olhos de turista ou de babaca-disposto-a-baladas tende a enxergar uma cidade repleta de oportunidades de diversão. São 42 praias, das mais belas que existem, mar grosso, mar de baia, mar com ondas médias, lagoas, enfim, natureza para todos os gostos. Também tem gente bonita, bronzeada, tem o centro histórico, a Praça XV, a decoração de natal. Têm as casas de show, os bares da moda, a algaravia da vida noturna na Lagoa. Mas, os que chegam como viajantes, cheios de curiosidade acerca da cultura, da vida real, esses podem ver uma outra cidade, invisível para os que procuram apenas divertimento.
As pessoas que tornam real o “parque de alegrias” dos turistas e que, no geral, são percebidas como borrões na paisagem, ocupam o Lado B da ilha da magia. Elas vivem na periferia da cidade ou então em outros municípios vizinhos, como Palhoça ou São José. São aquelas que precisam pegar três ônibus para chegar ao trabalho, vivenciando a amargura do transporte desintegrado, todos os dias. São as que, dia após dia, vão sendo empurrada para mais longe da parte “bonita” da cidade. As que não têm o direito de “sujar” a paisagem com suas presenças incômodas. Aos trabalhadores que arrumam as camas dos hotéis, que fazem a comida, limpam os banheiros, servem as mesas é negado o direito de viver nas áreas nobres. (mais…)