CIR Projetos – As experiências de etnomapeamento nas terras indígenas de Roraima serão apresentadas na Conferência Global de Mapeamento Participativo dos Povos Indígenas, que acontece de 25 a 27 de agosto, no Lago Toba, Sumatra, na Indonésia. O jovem indígena da etnia Macuxi, técnico em Sistema de Informação Geográfica do Conselho Indígena de Roraima (CIR) Genisvan André e o Agente Territorial e Ambiental Indígena José Davi Manduca, da etnia Wapichana, Terra Indígena Jacamim, representam o Brasil no evento global.
O evento global foi uma necessidade de realização que se observou, sendo que há dez anos a atividade não é promovida, por isso a Fundação Tebtebba, parceira do CIR, se propôs a realização em 2013 com o objetivo de reunir os praticantes de sistemas de informação geográfica de diferentes lugares do mundo, para que possam aprender as lições e contribuir com futuros mecanismos geográficos semelhantes.
A Conferência vai debater dois pontos fundamentais que tratam do mapeamento em terras indígenas, como fatores importantes ao planejamento e monitoramento político e ambiental dos povos indígenas. Será discutido o mapeamento como representação visual de dados geográficos ou de informação e mapas comunitários como representações gráficas de dados, os dois são incorporados em grandes sistemas de informação das comunidades sobre condições sociais e ecológicas existentes nos territórios indígenas.
A perspectiva do evento mundial é que as comunidades sejam capacitadas e tenham ferramentas técnicas para construir seus próprios mapas e ajudar a identificar suas terras, florestas e recursos naturais, envolvendo o sistema de conhecimento tradicional e práticas de manejo florestais sustentáveis e os meios de subsistência.
O técnico de Sistema de Informação Geográfica (SIG) Genivan André aponta com desafios do campo geográfico, tornar os planos de gestão ambiental e mapeamento em políticas públicas, e que os Estados possam assumir o seu papel junto às demandas das terras indígenas, fortalecendo também as organizações indígenas que estão na linha de frente das ações de monitoramento e proteção dos territórios tradicionais, por meio dos sistemas de informação geográfica. O técnico aponta ainda a estruturação de um Centro de Monitoramento no CIR e em outras organizações indígenas.
O Conselho Indígena de Roraima (CIR) desde 2001 atua nas atividades de etnomapeamento das terras indígenas, iniciando pela Terra Indígena Raposa Serra do Sol em parceira com The Natury Conservancy – TNC e Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), Laboratório de Geoprocessamento (SIGLAB), Núcleo de Pesquisa de Roraima (NPRR). Os resultados das pesquisas se expandiram a outras terras indígenas de Roraima.
As atividades dos Agentes Territoriais e Ambientais (ATAI) desenvolvidas pelo Departamento Territorial e Ambiental do CIR, os estudos sobre Mudanças Climáticas e Povos Indígenas realizados nas terras indígenas de Roraima, os levantamentos socioambientais e econômicos, e os Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) foram atividades que resultaram na produção de etnomapeamentos territoriais.
Para o trabalho de etnomapeamento das Terras Indígenas, o CIR dispõe de um laboratório de Sistema de Informação Geográfica atuando na elaboração de etnomapas junto às comunidades indígenas, tanto em atividades de georreferenciamento quanto na digitalização e alimentação do banco de dados do acervo do CIR para uso das comunidades indígenas. O núcleo trabalha com o Software ArGIS 10.1 licenciado, e aparelhos de GPS distribuídos às comunidades.
A Conferência Global é uma realização das instituições Fundação Tebtebba (Filipinas), Aliança dos Povos Indígenas do Arquipélago da Indonésia (AMAN), Instituto Global de Pesquisas (PAFID), e Grupo de Direitos e Recursos (RRG), e reunirá nos dias do evento representantes de organizações indígenas e comunidades de países da Ásia (Indonésia, Nepal e Filipinas), África (Quênia) e America Latina (Brasil, Peru e Nicarágua).