Manifestantes da Rocinha se juntaram a protesto no Leblon, no Rio

Elizabeth Gomes da Silva, esposa do pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha desaparecido desde 14 de julho, em ato no Rio (Daniel Marenco/Folhapress)
Elizabeth Gomes da Silva, esposa do pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha desaparecido desde 14 de julho, em ato no Rio (Daniel Marenco/Folhapress)

Lucas Vettorazzo e Fabio Brisolla, Folha de S. Paulo

Manifestantes da comunidade da Rocinha se juntaram ao protesto no Leblon, nesta quinta-feira (1º), no Rio, em mais um ato contra o governador fluminense Sérgio Cabral.

Uma das reivindicações é que se descubra o que aconteceu com Amarildo de Souza, o pedreiro que foi visto pela última vez sendo levado para depoimento a policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

HOSTILIZAÇÃO

Alguns presentes no ato hostilizaram frequentadores de bares e restaurantes da rua Dias Ferreira, no Leblon. O protesto já tinha passado pela avenida Bartolomeu Mitre depois de sair das proximidades da casa do governador. Os bares estavam cheios e os frequentadores, assustados. Integrantes da manifestação gritavam: “Ei, burguês, a culpa é de vocês”.

A clientela do bar Azeitona & Cia. –um dos mais antigos da rua, conhecido pelo bloco de carnaval Azeitona sem Caroço– foi uma das hostilizadas. A PM faz um cordão de isolamento na entrada dos bares, procedimento habitual nessas circunstâncias.

Havia outros bloqueios policiais na no acesso pela praia à avenida Aristides Espíndola e na esquina da avenida General San Mantin com a avenida Aristides Espíndola, a poucos metros da casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon. Eram mais de 100 policiais no quarteirão.

Os grupos do protesto já haviam passado horas nas imediações da casa de Cabral. Depois, eles seguiram pela avenida Bartolomeu Mitre, após ocupar esquina dessa via com a avenida General San Martin, no Leblon. Motoristas cortavam caminho pelo ponto de ônibus. Adeptos da tática “black bloc” se posicionaram na linha de frente da marcha.

UNIÃO

As pessoas que se aglomeraram próximo à casa de Cabral vieram de dois protestos diferentes –o primeiro começou no Leblon perto das 18h e o segundo saiu da comunidade da Rocinha, cerca de 40 minutos depois, e marchou de encontro aos demais manifestantes.

Muitas das pessoas que iniciaram o ato na favela seguravam velas dentro de copos transparentes, em homenagem a Amarildo. A família do desaparecido encomendou camisetas com a imagem de seu rosto.

A mulher de Amarildo de Souza, Elizabeth Gomes da Silva, 48, ajudou a carregar uma faixa em que estava escrito: “Os familiares imploram por Justiça. Onde está Amarildo?”

Os dois grupos se encontraram depois das 21h. Cantavam “olelê, olalá, a Rocinha quer saber onde o Amarildo está”, no ritmo de funk. “Cabral, bandido, cadê o Amarildo” foi outra rima repetida em coro.

‘BLACK BLOC’

Os adeptos da tática do “black bloc” lideraram a movimentação pela cidade no protesto de quarta (31), e invadiram a Câmara Municipal. Ao invés de andar pelas ruas, eles correm, fazendo com que a polícia tenha que correr junto para acompanhar o protesto.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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