Lançado volume 5 do “Cadernos do Leme”

Leme

Cadernos do Leme é uma publicação semestral, sob o patrocínio e responsabilidade do Laboratório de Estudos em Movimentos Étnicos, da Universidade Federal de Campina Grande, voltada a resultados de pesquisas em ciências humanas sobre populações tradicionais de uma maneira geral e, mais especificamente, com ênfase em trabalhos antropológicos sobre etnicidade ou etnodesenvolvimento indígena e quilombola, história e questões etno-raciais bem como sobre educação indígena. Abaixo, o Sumário do V. 5, N. 1 (2013).

ARTIGOS

MESTIÇAGEM E IDENTIDADE ÉTNICA NO PARAGUAI: Uma Contribuição ao Debate PDF
Valdir Aragão do Nascimento
VOZ ATIVA, VOZ POLÍTICA: Organização, resistência e luta do Quilombo Ipiranga Paraíba PDF
Nivaldo Aureliano Léo Neto
“QUESTÕES QUE DIARIAMENTE ALI SE AGITAM”: O processo de extinção dos aldeamentos de índios no Litoral Sul da Paraíba (1865-1867) PDF
Estevão Martins Palitot
ÍNDIOS PANKARARÚ, DE ITAPARICA, PERNAMBUCO (Pesquisa realizada em 1975) PDF
Orlando Sampaio Silva

Ler Mais

4 questões sobre a nova demarcação de terras indígenas

Índios Iauanauás
Índios Iauanauás: desde o ínicio de junho, comunidades indígenas fizeram protestos por todo o país e dois índios acabaram mortos no Mato Grosso do Sul.

Por Bárbara Pereira Libório, de Exame

São Paulo – As novas regras de demarcação de terras indígenas devem sair no próximo mês. É o que afirmou Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, quarta-feira (26) em audiência na Comissão de Agricultura da Câmara. Segundo ele, o governo deve publicar uma portaria complementar ao Decreto 1775, que regulamenta as normas de demarcação de terras indígenas. A ideia é que  o processo de delimitação das áreas reservadas para índios deixe de contar apenas  com a participação da Funai (Fundação Nacional do Índio) .

Além do órgão, devem ser consultados os ministérios do Desenvolvimento Agrário; do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; das Cidades; e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Órgãos subsidiários, como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) também devem participar da decisão. Para isso, será criada uma assessoria no Ministério da Justiça que também deverá acompanhar os conflitos indígenas. (mais…)

Ler Mais

Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão autoriza desmatamento em área de interesse do Incra

Ele foi atrás de uma tradição. Começara perguntando onde ela estaria.  As pessoas, a quem perguntava, riam em seus íntimos. Quase ninguém se interessava mais por ela. Não por aqui. Nem em qualquer outro lugar. As perguntas o levaram até Urbano Santos. Quem o receberia naquela cidade quando desembarcasse? O presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Urbano Santos providenciara um motociclista a fim de recepcioná-lo e carregá-lo até o povoado de São Raimundo. Esse nome não saíra de sua mente. Lera-o num documento da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos. Nesse documento figuravam vários nomes de comunidades atormentadas por conflitos com a Suzano Papel e Celulose e com proprietários.

A tradição da luta pela terra se embrumara. Eles rodaram um caminho de piçarra e areia. A presidente da associação de São Raimundo se assustou. Ele despejou várias perguntas sobre ela e pareciam algo incongruente e irreal. Quem era aquele moço que viera de tão longe? A que eles deviam sua passagem por ali? Ele, enfim, topara com a tradição que andava atrás por tanto tempo, e ali o seu tempo, o tempo que aprendera, dissipava-se em um vastíssimo tempo do qual não haveria saída.

O rio Preguiças estipula o tempo em que suas águas percorrem as vastas extensões dos municípios de Santana, Santa Quitéria, Anapurus, Urbano Santos e Barreirinhas, Baixo Parnaíba maranhense. Quem afirma com segurança qual das nascentes do rio Preguiças se afirma como aquela imprescindível? (mais…)

Ler Mais

Gersem Baniwa faz conferência segunda-feira, 1º de julho, na UnB Planaltina

Gersem Luciano Baniwa. Foto: Agência Brasil
Gersem Luciano Baniwa. Foto: Agência Brasil

A Faculdade UnB Planaltina (FUP) recebe nesta segunda-feira, dia 1º de julho, às 14h30, o Prof. Gersem José dos Santos Luciano, mais conhecido como Gersem Baniwa, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Gersem Baniwa fará a conferência de abertura da Especialização em Desenvolvimento e Relações Sociais no Campo: diversidade e interculturalidade dos povos originários, comunidades tradicionais e camponesas do Brasil, criada este ano, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural (PPG-MADER) da FUP.
Gersem Baniwa é indígena, da etnia Baniwa, e doutor em Antropologia Social pela Universidade de Brasília, tendo recebido Menção Honrosa da CAPES por sua tese de doutoramento.
A conferência será aberta ao público e realizada no Auditório da Unidade Acadêmica (UAC). no prédio novo do campus Planaltina.

Ler Mais

Ciro Flamarion Cardoso (20/8/1942-29/6/2013): referência da historiografia marxista no Brasil

Ciro F CardosoPrestes a Ressurgir – Entrevista de Ciro Flamarion Cardoso, falecido no final da tarde deste sábado, 29/6/2013, publicada na Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 84, setembro de 2012, p. 52-57.

“O Ciro Flamarion Cardoso foi muito importante. Mesmo eu cursando o mestrado na UFRJ, fiz créditos na UFF com o Ciro Cardoso. Assisti um curso de Metodologia com ele, li vários dos seus livros e admiro muito seus escritos sobre metodologia da história. Considero que ele é um dos maiores historiadores marxistas que temos no Brasil. O Ciro Cardoso me ajudou muito na elaboração da minha tese de doutorado, que foi orientada pela [Maria] Yedda Linhares.” (Anita Prestes falando de sua formação como historiadora. In: Revista Novos Temas, n. 7, 2012, p. 27)

Contracorrente, por Rodrigo Elias e Bruno Garcia

Ele nunca foge de polêmicas. Prestes a se aposentar do serviço público, recebendo homenagens de colegas e ex-alunos, o professor Ciro Flamarion Cardoso plantou ventos na historiografia durante décadas. De início, recusou-se a acreditar em teorias fatalistas sobre o passado brasileiro. Ao contrário do pensamento dominante nas décadas de 1960 e 1970, defendia que as sociedades americanas do período colonial não eram apenas uma extensão do sistema europeu, mas tinham lógicas próprias. Nos anos seguintes, viu a confirmação das suas suspeitas. Quando ninguém esperava, mudou de rumo: decidiu seguir uma antiga paixão e virar egiptólogo. (mais…)

Ler Mais

Em defesa dos vândalos

Bessa preso em 1968 recorte de jornalPor José Ribamar Bessa Freire, em Taqui Pra Ti

É. É isso mesmo que você leu! Cada um defende sua tribo. Esse locutor que vos fala já foi chamado de vândalo, sofreu prisão e respondeu processo por danos ao patrimônio público, numa passeata na Rua Uruguaiana, no Rio. Mas isso foi no século passado, em 1968. Acontece que agora muitos manifestantes, que podiam ser meus netos, são presos sob a mesma acusação com ou sem culpa no cartório. Do Oiapoque ao Chuí, a mídia jura que os vândalos tomam contam do país.

“VÂNDALOS PROVOCAM DESTRUIÇÃO EM MINAS” berra O Globo (27/6) em manchete de oito colunas. “MORADORES IMPROVISAM ‘MILÍCIA’ CONTRA VÂNDALOS NO RS” – grita a Folha de SP (29/6), informando em outro título: “NO RIO, ‘PITBOYS’ SÃO SUSPEITOS DE ATAQUES A CONCESSIONÁRIAS”. Alguns apresentadores de telejornais chegam a encher a boca, saboreando cada letra da palavra.

Afinal, quem são os vândalos? Depende do momento, do lugar e de quem nomeia. Originalmente era uma tribo que falava vândalo, uma língua germânica, e que num conflito armado com o Império Romano saqueou Roma, destruindo muitas obras de arte. Por extensão, no séc. XVIII, na França, foram assim chamados os revolucionários que na luta contra o feudalismo e a monarquia arrasaram monumentos e prédios públicos. Na Avenida Paulista, há quinze dias, vândalo era todo e qualquer manifestante que protestava pacificamente. Hoje, nas capitais brasileiras, são grupos considerados pela polícia como baderneiros.   (mais…)

Ler Mais

Manifesto Pelo Chão Indígena – “Flor da terra”

Terena que lutaram na Guerra do Paraguai, enquanto suas terras eram roubadas. Acervo Comissão Rondon s/d.
Terena que lutaram na Guerra do Paraguai, enquanto suas terras eram roubadas. Acervo Comissão Rondon s/d.

Um posicionamento não somente pelas redes sociais, mas, sobretudo, um posicionamento cotidiano. No fazer-se.

Manifesto Pelo Chão Indígena – “Flor da terra”*

Para além da Universidade, o fazer-se enquanto pesquisador está em suas ações cotidianas como sujeito histórico e político. Neste sentido, este manifesto, ainda que singelo, representa o apoio, o respeito e toda solidariedade dos participantes do XXI Encontro Sul-Matogrossense de Geógrafos / V Encontro Regional de Geografia, e alunos de pós-graduação em Antropologia, História e Geografia (UFGD) aos povos originários – “Flor da Terra”.

Repudiamos a maneira com que os proprietários de terra conservadores e os representantes do Estado Brasileiro (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em todas as suas esferas federativas – União, estados e municípios) têm se posicionado sobre a questão indígena em nosso país. É inadmissível ver a situação precária e olhar centenas de vidas, de homens, mulheres, crianças e de idosos indígenas sendo desrespeitadas covardemente. Talvez seja esta a questão: o olhar, ou melhor, o não olhar…

O não olhar aos direitos dos povos originários, reconhecidos pela constituição de 1988, como em seu artigo 67 que afirma: “A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição”. Direitos que de maneira alguma foram “recebidos” ou “ganhados”, mas conquistados por meio de lutas e muita resistência e que, efetivamente, não estão sendo cumpridos. (mais…)

Ler Mais

PR – Manifestantes promovem escracho contra acusado de tortura

Foto: Marcos Labanca
Foto: Marcos Labanca

Megafone – Dezenas de militantes fizeram um escracho na frente do prédio onde trabalha o advogado Mario Espedito Ostrovski, nesta sexta-feira, 28, em Foz do Iguaçu. Escracho é uma denúncia e revelação do local de moradia e trabalho onde os torturadores que continuam soltos e sem julgamento de suas ações durante a ditadura militar.

Os jovens fizeram o manifesto, organizado com apoio do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), em frente ao Edifício Metrópole, onde Ostrovski possui escritório de advocacia. Eles colaram uma faixa gigante e vários cartazes na fachada do prédio, localizado na Travessa Cristiano Weirich, no centro. Verdade, memória e justiça foram as principais palavras de ordem.

O presidente do CDHMP, Aluízio Palmar, contou o motivo do escracho público. Durante audiência da Comissão da Verdade realizada aqui na cidade, duas pessoas denunciaram o Mario Espedito Ostrovski como torturador, entre elas a professora Isabel Fávero.  (mais…)

Ler Mais

A Servidão Moderna, de Jean-François Brient, em duas opções: dublada e com legendas

De la Servitude Moderne. França/Colômbia, 2009, 52min. Direção: Jean-François Brient

Em janeiro do ano passado, postamos A Servidão Moderna em versão legendada. Agora, divulgamos a versão dublada por Rodrigo Nishino, para as pessoas que assim preferirem. Democraticamente, porém, logo no início do filme há a possibilidade, após os letreiros iniciais, de clicar no alto à direita e passar para o original com legendas. Para quem ainda não viu, uma excelente chance. Para quem conhece, a possibilidade de reencontrar. A sensibilidade de compartilhar este vídeo crítico e polêmico neste momento especial que estamos vivendo foi de Felipe Weissheimer.

Ler Mais

Gustavo Castanon – O eleitor corrupto: uma maldição da democracia brasileira

compra_de_votos2Por Gustavo Castanon*, especial para sua coluna no QTMD?

É um lugar comum. Os políticos brasileiros estão mais uma vez na condição de Judas universal. Segundo parte majoritária da opinião pública, nossa classe política é constituída de sociopatas. Também já se tornou lugar comum lembrar que esses políticos não vieram de Marte. Nem dos EUA. Vieram todos da sociedade brasileira. Diante disso, um terceiro lugar comum ainda decreta que a corrupção é culpa da ignorância do povo brasileiro votando. Mas não, meus caros. Há muito mais em jogo do que ignorância.

Primeiro, evidentemente, a natureza humana. Somos (também) naturalmente egoístas, portanto, nenhum governo ou sistema político jamais eliminará todas as formas de corrupção. A crença de que a educação e o conhecimento permitiriam a escolha de políticos honestos vem da ideia socrática de que todo erro moral é fruto da ignorância. Isto muitas vezes está por trás de ingênuos debates de família ou de facebook, no qual o interlocutor vaticina que uma posição política ou econômica diferente da dele é fruto de “ignorância”, e não de outro projeto de sociedade. Mas numa sociedade dividida em classes, existem interesses antagônicos que definem as posições muito mais que o conhecimento: essas últimas são muitas vezes fruto de uma ideologia, entendida aqui como discurso organizado de justificação de interesses de classe. (mais…)

Ler Mais