Funai – No dia 11 de maio, indígenas do povo Cinta Larga fecharam, com o apoio da Funai, o garimpo laje, também conhecido como “garimpo do Roosevelt”. A ação foi desenvolvida de maneira pacífica, sem confronto e sem a participação de forças policiais. Os indígenas, acompanhados pelos servidores da Funai, ocuparam o local do garimpo e determinaram que todos os garimpeiros se retirassem da Terra Indígena (TI) Parque do Aripuanã, situada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso.
A TI Parque do Aripuanã, de usufruto exclusivo do povo Cinta Larga, foi palco de grandes conflitos em decorrência do garimpo de diamantes, que também ocasionou inúmeros problemas às comunidades indígenas. Desativado e reativado inúmeras vezes ao longo das últimas décadas, o garimpo laje passou dois anos sem atividade, em função da implementação do Projeto Laje, mas foi reativado em 2012. Desde o início dos anos 2000, esse foi o maior período pelo qual o garimpo permaneceu paralisado.
O Projeto Laje, desenvolvido pela comunidade Cinta Larga com o apoio da Funai, tinha o objetivo de desativar o garimpo por meio da vigilância indígena. O projeto foi suspenso após a reabertura do garimpo, que ocorreu em razão do aliciamento de alguns indígenas por parte dos garimpeiros
Em agosto de 2012, também foi deflagrada a “Operação Kimberlito” pela Polícia Federal e Ibama, com acompanhamento da Funai, ocasionando a suspensão momentânea das atividades do garimpo, com a apreensão e destruição de diversos equipamentos. No entanto, a ação não foi capaz de paralisar definitivamente o avanço dos garimpeiros, que retornaram à TI logo após a operação.
Retomada do projeto de vigilância
No início deste ano, o povo Cinta Larga retomou o diálogo com a Funai no intuito de paralisar as atividades de mineração no interior da sua terra e retomar as atividades do Projeto Laje, rebatizado com nome de Projeto Assepnuún, em referência a um antigo guerreiro Cinta Larga. A ação marca um momento de reafirmação da identidade indígena do povo Cinta Larga, que busca em suas referências históricas a valorização do modo de vida tradicional por meio da posse plena do seu território.
A ação realizada pelos indígenas e pela Coordenação Regional da Funai de Cacoal (RO) enquadra-se entre as ações de vigilância indígena, apoiadas pela Coordenação Geral de Monitoramento Territorial (CGMT), vinculada à Diretoria de Proteção Territorial (DPT). As ações de vigilância indígena consistem em ações que promovem a posse plena do território e a ocupação do espaço com o desenvolvimento de atividades tradicionais. Essas ações visam à prevenção de ilícitos e promovem o pleno usufruto dos recursos naturais das terras pelos povos indígenas, permitindo que tenham um conhecimento mais amplo a respeito dos limites de suas terras e entorno, e atuando em conjunto com a Funai em algumas atividades específicas de proteção territorial.
Além das atividades de vigilância indígena, a Funai tem apoiado atividades de promoção social e etnodesenvolvimento para o povo Cinta Larga, buscando alternativas econômicas sustentáveis, especialmente, por meio da coleta e do beneficiamento da castanha-do-brasil e do látex.