Demarcação das Terras Indígenas

Apesar de ser a etnia mais populosa do País, os Guarani-kaiowá vivem confinados em pequenas reservas com condições precárias no Mato Grosso do Sul. Comunidade Kurusu Amba, em Coronel Sapucaia | Wilson Dias - Agência Brasil
Apesar de ser a etnia mais populosa do País, os Guarani-kaiowá vivem confinados em pequenas reservas com condições precárias no Mato Grosso do Sul. Comunidade Kurusu Amba, em Coronel Sapucaia | Wilson Dias – Agência Brasil

Márcio Santilli, ISA

Desde o início do governo Dilma Roussef, o Instituto Socioambiental (ISA) vem alertando para a lentidão na demarcação das terras indígenas e para o baixo grau de efetividade nos processos de consulta aos grupos cujas terras estão sujeitas ao impacto de grandes obras públicas.

Nos governos eleitos sob a égide da Constituição de 1988, foram identificados e demarcados cerca de dois terços das terras indígenas. Grandes batalhas foram travadas e o reconhecimento das terras avançou de forma desigual.

Hoje, a maior parte dos conflitos está no Sul, Sudeste, Nordeste e em Mato Grosso do Sul, na metade não amazônica do país, onde vivem 40% da população indígena em 1,5% da extensão total das terras dos índios. Nessa metade se concentrou o processo de colonização e é onde estão 85% da população brasileira. A aplicação do artigo 231 da Constituição resultaria no reconhecimento de terras indígenas em extensão suficiente para garantir a reprodução física e cultural de seus ocupantes. Já há e ainda haverá situações em que sua aplicação não será suficiente para prover terras em extensão mínima que garanta a sobrevivência e a reprodução cultural de grupos específicos. Não faz sentido desprover de direitos as pessoas que dispõem de títulos legítimos e às quais não se pode atribuir responsabilidades por políticas impostas aos índios no passado pela União ou pelos estados. (mais…)

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Comissão da Verdade do Rio ouve historiadora que teve corpo usado em ‘aula de tortura’

comissaoVinícius Lisboa, Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A historiadora Dulce Pandolfi e a cineasta Lúcia Murat emocionaram os integrantes da Comissão Estadual da Verdade e as pessoas que acompanharam seus depoimentos hoje (28) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Durante cerca de uma hora, elas relataram as agressões sofridas em quartéis e prisões no período da ditadura militar (1964-1985) e foram aplaudidas de pé pelos ouvintes. Dulce contou, inclusive, que seu corpo foi usado em uma aula de interrogatório que teve demonstração de choques elétricos e simulação de fuzilamento.

Primeira a falar, Dulce Pandolfi emocionou-se em diversos momentos e precisou fazer pausas. Atualmente pesquisadora da Fundação Getulio Vargas, Dulce tinha 21 anos e era membro da Aliança Nacional Libertadora (ANL) quando foi presa em 20 de agosto de 1970. Ela passou um ano e quatro meses em poder dos militares e disse que foi torturada psicológica e fisicament durante três meses no quartel da Polícia do Exército, onde funcionava o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). “Quando entrei, ouvi uma frase que até hoje ecoa nos meus ouvidos: ‘Aqui não existe Deus, nem pátria, nem família'”.

No quarto mês de prisão, Dulce ficou no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no centro do Rio, e, nos seis meses seguintes, foi mantida no presídio Talavera Bruce, em Bangu, até ser transferida para o presídio Bom Pastor, em Recife, sua terra natal. (mais…)

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PEC que limita poderes do MP será votada na última semana de junho

PEC 37 A quem interessa

Ivan Richard, Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Câmara dos Deputados deve votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público (MP), no final de junho. A previsão é do presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele atendeu a pedido do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de mais prazo para discussão entre representantes do MP e delegados de polícia.

Segundo Henrique Alves, o ministro pediu 30 dias para que seja construído um acordo sobre a PEC. “Recebi uma ligação do ministro José Eduardo Cardozo, interpretando um sentimento positivo, otimista, das reuniões dos delegados e do Ministério Público, e eles pediram mais 30 dias”, explicou Alves. (mais…)

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Em audiência, comunidades tradicionais do AM pedem que Exército retire ação judicial para acabar com conflito

Comunidade ribeirinha São Francisco do Mainã. Foto: Valter Calheiros
Comunidade ribeirinha São Francisco do Mainã. Foto: Valter Calheiros

Por Elaíze Farias

O Exército sinaliza para a retirada da ação judicial contra moradores das comunidades Jatuarana, São Francisco do Mainã e Santa Luzia do Tiririca, na zona rural de Manaus (AM), onde também se localiza a área de 115 mil hectares do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs).

A proposta foi apresentada em audiência realizada no Senado Federal, em Brasília, nesta terça-feira (28). A informação sobre esta possibilidade de acordo foi divulgada pela Agência Senado, em seu portal de notícias.

A audiência contou com a participação de representantes das comunidades tradicionais, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Ministério Público Federal (MPF), da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), da Advocacia Geral da União (AGU) e do Exército. (mais…)

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8ª Mostra de Cinema de Ouro Preto antecipará reflexões sobre o Golpe Militar

No CineOP, um olhar sobre os 50 anos do Golpe (Mapa Filmes/Divulgação)
No CineOP, um olhar sobre os 50 anos do Golpe (Mapa Filmes/Divulgação)

Paulo Henrique Silva – Hoje em Dia

O cinema brasileiro, assim como vários setores da sociedade, custou a assimilar o golpe. Nos primeiros anos de ditadura militar, entre 1964 e 1969, os filmes não ofereceram críticas contundentes ao que acontecia no país no plano político.

É a análise que o diretor Francisco Ramalho Jr. faz do que considera o período mais efervescente da cinematografia nacional, “em que os realizadores tinham muita liberdade de trabalho, gerando uma riqueza maluca e única em nosso cinema”.

O tema está no cerne da 8ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que acontecerá na cidade histórica de 12 a 17 do próximo mês. A ideia é antecipar as reflexões sobre os 50 anos do Golpe, que serão lembrados em 2014. (mais…)

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Monsanto fracassa em tentativa de criminalização da luta social

monsanto31_0_1Vinicius Mansur, Carta Maior

Os cinco militantes pela reforma agrária processados pela Monsanto no Paraná (PR) foram absolvidos por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR) na última quinta-feira (23). A empresa entrou com a acusação de esbulho possessório, dano e furto após um protesto realizado em maio de 2003 em uma de suas fazendas, utilizada para experimentos transgênicos, em Ponta Grossa (PR). De acordo com o coordenador da ONG Terra de Direitos e um dos cinco processados, Darci Frigo, todos os desembargadores disseram não haver provas para a condenação.

O protesto aconteceu em seguida ao encerramento do 2º Encontro da Jornada de Agroecologia, cujo tema era “Terra Livre de Transgênicos e sem Agrotóxicos”. Cerca de 600 manifestantes se dirigiram a fazenda da Monsanto para denunciar a entrada das sementes geneticamente modificadas no estado, a realização ilegal de pesquisas e crimes ambientais cometidos pela empresa. Na ocasião, uma plantação transgênica foi destruída em protesto. Seis dias depois a área foi ocupada por agricultores familiares e sem terra.

“Eles [Monsanto] fizeram uma acusação contra a coordenação da jornada de agroecologia. Mesmo não tendo prova nenhuma, eles escolheram as pessoas que deram entrevista. O critério de criminalização foi um critério de exposição das pessoas”, relata Frigo.  (mais…)

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Belo Monte: nova ocupação, mesmas demandas, mesmos problemas

Foto: Ruy Sposati
Foto: Ruy Sposati

Por Ruy Sposati, de Vitória do Xingu (PA), XVPS

O principal canteiro de obras da maior obra em curso no país parou novamente. Depois de oito dias de uma paralisação que reacendeu a luta contra grandes obras que impactam comunidades tradicionais, os indígenas voltaram a suspender por tempo indeterminado os trabalhos da Usina Hidrelétrica Belo Monte, na segunda-feira, 27. Eles reivindicam a suspensão de obras e estudos de barragens em seus territórios, exigindo que a consulta prévia – com poder de veto – seja realizada.

Um sem-número de guindastes, betoneiras, tratores, escavadeiras, gruas, caminhões e caminhonetes pararam no quilômetro 50 da Rodovia Transamazônica para ver 170 indígenas Munduruku, Xipaya, Arara, Kayapó e Tupinambá passarem e ficarem. “E dessa vez não vamos sair, nem com reintegração de posse”, afirmaram as lideranças do movimento em entrevista à emissora afiliada à Rede Globo no Pará. “Alguém vai ter que vir aqui, ou nós vamos começar a plantar roça no canteiro”. (mais…)

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Carta aos trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM)

ocupação belo monte

[Estamos tentando distribuir esta carta em forma de panfleto aos trabalhadores do canteiro. A Força Nacional está impedindo, inclusive está recolhendo nosso material. Os trabalhadores ficaram bravos com a polícia, porque eles querem dialogar conosco e ler nossa carta. Nós temos medo que o Consórcio Construtor incite um grupo de trabalhadores infiltrados a criar intrigas, por isso é importante que todos divulguem esse material]

Nós, indígenas, escrevemos a vocês trabalhadores da obra da barragem.

O CCBM está dizendo para o governo e imprensa que nós somos inimigos, nós índios e vocês trabalhadores de Belo Monte. O Consórcio disse na quinta para o jornal O Globo que nós e vocês somos selvagens e que nós vamos nos matar entre nós. Isso é absurdo e preconceituoso.

Nós viemos de longe e muitos de vocês vieram de longe. Nós temos coisas em comum. Nós jogamos bola juntos no canteiro.

Nós sabemos dos problemas que vocês têm, porque durante a ocupação, vários trabalhadores vieram reclamar dos problemas que vocês passam na obra. Por isso, nós dizemos: queremos apoiar a causa de vocês. Queremos juntar as nossas reivindicações com as reivindicações dos trabalhadores. (mais…)

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RJ – Procuradora diz que projeto de Eike na marina da Glória é ilegal

Eike Batista quer construir um prédio de 15 andares neste cenário
Eike Batista quer construir um prédio de 15 andares neste cenário

Por Carolina Farias, do UOL, na FGV

A procuradora do Ministério Público Federal (MPF) Gisele Porto disse em audiência pública que qualquer nova construção na área da marina da Glória, no Rio de Janeiro, é ilegal.

A audiência foi realizada no último dia 14, na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, para discutir projeto de reforma na região que ampliaria o número de lojas funcionando no local.

As obras previstas para a marina são de responsabilidade da REX, braço imobiliário do grupo EBX, do empresário Eike Batista, que há três anos administra a área.

A procuradora argumenta que o projeto é irregular porque há uma decisão judicial de 2007 que diz que a marina é “non aedificandi”, ou seja, onde não se pode construir.  A marina integra o Aterro do Flamengo, tombado como patrimônio desde 1965. (mais…)

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