8ª Mostra de Cinema de Ouro Preto antecipará reflexões sobre o Golpe Militar

No CineOP, um olhar sobre os 50 anos do Golpe (Mapa Filmes/Divulgação)
No CineOP, um olhar sobre os 50 anos do Golpe (Mapa Filmes/Divulgação)

Paulo Henrique Silva – Hoje em Dia

O cinema brasileiro, assim como vários setores da sociedade, custou a assimilar o golpe. Nos primeiros anos de ditadura militar, entre 1964 e 1969, os filmes não ofereceram críticas contundentes ao que acontecia no país no plano político.

É a análise que o diretor Francisco Ramalho Jr. faz do que considera o período mais efervescente da cinematografia nacional, “em que os realizadores tinham muita liberdade de trabalho, gerando uma riqueza maluca e única em nosso cinema”.

O tema está no cerne da 8ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que acontecerá na cidade histórica de 12 a 17 do próximo mês. A ideia é antecipar as reflexões sobre os 50 anos do Golpe, que serão lembrados em 2014.

Regime de exceção

Anunciada na manhã de ontem, a programação contará com seis longas-metragens emblemáticos dessa época, entre eles “Anuska, Mulher Manequim” (1968), de Ramalho Jr. “Ainda que estivéssemos num regime de exceção, o governo não tinha apertado a criação e tampouco feito grande censura aos filmes”, observa o diretor.

O máximo que a produção estampava era o fim de uma utopia, como em “Terra em Transe” (1967), que também será exibido na Mostra. “(O diretor) Glauber Rocha trocou o personagem que corria ao final em direção ao mar (Deus e o Diabo na Terra do Sol) por um horizonte menos definido”, registra.

Mal-estar que também aparece em “Anuska”, em que um jornalista (Francisco Cuoco) vive uma paixão tão avassaladora por uma modelo que passa a ser um alienado, não dando importância mais aos manifestos políticos que chegam à redação.

“A situação só iria se complicar em 1971, com o início da censura por causa das cenas de sexo, que eram ingênuas na época. Ao mesmo tempo, vivemos um paradoxo, porque foi a época mais rica de nossa produção, com a criação da Embrafilme, que produzia, distribuía e obrigava as salas a exibirem os nossos filmes”, recorda Ramalho.

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.