MS – Piada trágica de final de sábado: CNA lamenta “brutal assassinato” de PM aposentado; Polícia Civil diz que fazendeiro agrediu indígena a coronhadas, provocando reações; e KA aproveita para culpar Funai e pedir imediata suspensão das demarcações

AE – Agência Estado

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou nota de pesar pelo “brutal assassinato, com características de execução” do policial militar aposentado e pequeno produtor rural Arnaldo Alves Ferreira, de 68 anos, que teria sido atacado por indígenas em Douradina (MS). O fato ocorreu no início da noite de sexta-feira (12), no sítio que fica na divisa com a aldeia indígena.

[No entanto,] Informações da Polícia Civil da região dão conta de que houve confusão na propriedade e que o produtor teria agredido um indígena a coronhadas, o que levou os outros membros da tribo a revidar com golpes de flechas e facão. O ex-PM foi levado para um hospital em Dourados, mas morreu antes de receber socorro médico.

Em nota, a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (PST-TO), denuncia que a situação de conflito no campo é fomentada “pela atuação incompetente e desastrosa da Fundação Nacional do Índio (Funai)”. Ela argumenta que há tempos a CNA vem “alertando governo e sociedade sobre as consequências imprevisíveis deste cenário de absoluta insegurança jurídica, que tem vitimado brasileiros índios e não índios”.  (mais…)

Ler Mais

Sakamoto: Depois de muito tempo, este blog desce do pedestal e responde a um leitor

Leonardo Sakamoto

Detesto fazer o que chamo de “metapost”, com um texto que se refere ao próprio blog. Mesmo para um cara arrogante e vaidoso, soa meio pedante, sabe? Contudo, quando isso pode ser usado para uma boa causa, acho que vale a pena chafurdar um pouco no quintal de casa.

A graça deste blog – se é que ele tem alguma – está em duas partes complementares. Primeiro, os posts em si, sejam eles análises, notícias ou reportagens. Considero esse lado so boring, darling – como diria o patético Gerald Thomas. E há outro, esse mais vivo, dinâmico e divertido, formado pelo debate a partir dos pontos levantados pelo post por leitores que se levam a sério demais e outros que sabem rir de si mesmos. Em outras palavras, os comentaristas são a alma deste blog.

Por isso, amo vocês (nhom…) Mas, infelizmente, não tenho como responder aos leitores. No que pese a fundamental ajuda do UOL com o sistema de aprovação dos comentários, crio essa criança sozinho. Então, a menos que o dia passe a ter 36 horas, não tem jeito mesmo. Desculpe.

Nos últimos tempos, é fato, tenho recebido cada vez mais comentários revoltados contra a minha pessoa por conta de textos que remaram contra o senso comum e bateram de frente em alguns preconceitos entronizados ou questionaram saídas fáceis e zonas de conforto. Por isso resolvi a analisar um deles, que chegou neste sábado (13) e portanto está fresquinho. (mais…)

Ler Mais

Histórias que assustam a ONU: sistema prisional brasileiro

Daniele foi para a cadeia acusada de colocar cocaína na mamadeira da filha. Apanhou na prisão e perdeu parte da audição e da visão. Inocentada, tenta receber uma pensão do Estado

No Brasil, 40% da população carcerária é de presos provisórios, e relatório inédito das Nações Unidas alerta o País para o excesso de detenções ilegais. Muitos desses detentos, inocentes, ficam com sequelas irreversíveis

Nathalia Ziemkiewicz – ISTOÉ Independente

Em 2003, o ajudante de pedreiro Heberson Oliveira foi acusado de entrar na casa de vizinhos na periferia de Manaus, arrastar uma criança para o quintal e estuprá-la enquanto os pais dormiam. Heberson dizia que, na noite do crime, estava em outro bairro da cidade. Ninguém acreditou. A vítima, uma menina de 9 anos, se viu pressionada a reconhecê-lo como algoz e dar um desfecho ao escândalo. Embora a descrição do suspeito divergisse das características físicas de Heberson, ele foi para a cadeia. Lá aguardou julgamento por quase três anos jurando inocência. A mãe chegou a ser hospitalizada ao receber a notícia. “Com a vida que a gente levava, não podia garantir que ele nunca roubaria”, diz Socorro Lima. “Mas não seria capaz de uma coisa dessas.” Dona de casa e pensionista, ela pegou empréstimos para bancar advogados. Atrás das grades, o rapaz sem antecedentes criminais assistiu a rebe­liões, entrou em depressão, foi abusado sexualmente e contraiu o vírus HIV. (mais…)

Ler Mais

BA – Estudante de jornalismo da Universidade Federal da Bahia é encontrado morto no Largo do Campo Grande

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Itamar Ferreira Souza tinha 27 anos. Itamar Ferreira Souza estudava na Universidade Federal da Bahia e ia se formar em Jornalismo no final deste ano. Itamar Ferreira Souza acabara de voltar de uma viagem de intercâmbio aos Estados Unidos. Itamar Ferreira de Souza ligou para a família, por volta das 22 horas, e disse que ia sair com amigos para beber. Itamar Ferreira Souza foi assassinado esta madrugada. O corpo de Itamar Ferreira Souza foi encontrado na manhã de hoje, sábado, 13, na fonte do Largo do Campo Grande, em Salvador.

Por que esta notícia está aqui e por que está sendo dada desta forma? Porque essas informações foram tiradas aos pedaços da internet. A informação de que ele era estudante da UFBA, por exemplo, apareceu primeiro quando fui salvar esta foto; era como ele estava nela identificado, sem nome. O título da matéria falava dele de forma bem diferente, e a UFBA sequer aparecia em qualquer lugar do texto. Em menor ou maior grau, esse quase menino de rosto lindo foi tratado a partir de uma só particularidade. Uma particularidade alimentada pela homofobia.

A família de Itamar Ferreira de Souza merece respeito. E merece poder lembrá-lo por tudo o que ele foi, fez e conquistou antes de ser barbaramente assassinado, e não por um sensacionalismo canalha, determinado pelo preconceito, pela ignorância, pela incapacidade de lidar com “o outro”. Itamar Ferreira de Souza queria ser jornalista. Na maioria dos casos, o jornalismo não soube respeitá-lo. E a forma como alguns pseudo jornalistas o trataram talvez tenha sido tão brutal quanto a violência de seu assassino.

Ler Mais

Com suas identidades protegidas, trabalhadores denunciam irregularidades da CCBM, antes de deixarem o canteiro de obras rumo ao MPF em Belém

Compartilhado por Sabrina, com o seguinte comentário: “Senhores, bem-vindos ao Desenvolvimento. Este vídeo mostra relatos sobre a série de violências praticadas pelo Consórcio Construtor de Belo Monte e pelas polícias contra os trabalhadores nos canteiros de obra. Os operários denunciam os baixos salários, os desvios de função, a repressão sofrida por parte da empresa, da ROTAM e da Força Nacional, e a falta de apoio do seu sindicato. Além da coerção sofrida diariamente, os trabalhadores apontam as condições sub-humanas a que estão submetidos e a negação de assistência por parte da empresa em casos de doença. A empresa busca garantir a todo custo dar continuidade às obras e para isso utiliza todo o aparelho de repressão do Estado, deflagrando uma situação de completa ditadura que impede as pessoas de exercerem seus direitos trabalhistas e penaliza com demissão e violência qualquer iniciativa de mobilização. E esta é apenas mais uma das inúmeras violências praticadas diariamente na maior obra de infraestrutura em andamento no Brasil”.

E nós ecoamos aqui a pergunta emocionada de um dos operários, quase no final: “onde está Antônio Lisboa Filho, vulgo Belém, pai de família, desaparecido às 5 horas da manhã do dia 10 de março”?

Ler Mais

SP – “Cidadão é violentamente agredido pela Guarda Municipal de São Sebastião”… Mas ele é negro e caiçara, uai!!

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

“Repudio ação truculenta da Guarda Municipal de São Sebastião-SP. Na sexta-feira, dia 12 de abril, por volta das 18h, na praça de SK8 da Rua da Praia, Centro, próximo a minha residência, fui abordado por três guardas municipais. Os GM me abordaram querendo me revistar. 

Ao questionar o procedimento, logo vieram com gás de pimenta e torcendo meu braço, me jogaram no chão, me algemaram e, após me algemarem, covardemente fui estrangulado pelos GM.

Isso é uma vergonha! Pagar imposto para ser tratado como bandido! 

Vou procurar meus direitos, sim, e cobrar por uma guarda municipal de qualidade, sem profissionais despreparados! Espero providências das autoridades competentes!”

O fato acima, denunciado por Sonia Mariza Martuscelli em São Sebastião da Depressão, aconteceu ontem com Guilherme Seixas. Não o conheço, mas ele assim se apresenta, ao assinar a denúncia: “caiçara, negro, educador, psicólogo e professor,  dessa forma agredido pela Guarda Municipal de São Sebastião, São Paulo”.

É verdade que já houve tempo, neste País, quando ser educador era coisa suspeita e passível de revista e de prisão (ou até de outras coisas mais). Professor e psicólogo já eram vistos como teoricamente inofensivos; infelizmente, nem sempre ser professor pressupõe um compromisso com o ato de educar. Agora, ser caiçara e negro… Aí as coisas se complicam, mesmo nos dias de hoje. E se complicam de tal forma, que são até naturais para a maioria das pessoas. (mais…)

Ler Mais

NEPPI viabiliza distribuição de Antologia Guarani nas escolas guarani

Por Camila Emboav, em NEPPI

O livro Ñande Ypykuera Ñe’engue, que significa “o que os nossos antepassados nos contaram” na língua Guarani, será distribuído nas escolas das aldeias Kaiowá e Guarani de Mato Grosso do Sul e Paraguai. Ñande Ypykuera Ñe’engue foi produzido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas da Universidade Católica Dom Bosco (NEPPI/UCDB) com financiamento da DKA Áustria. A obra é uma Antologia Guarani organizada pela pesquisadora austríaca Friedl Grunberg. A impressão para distribuição nas aldeias foi viabilizada pelo Ministério da Educação (MEC) através do edital da Comissão Nacional de Apoio à Produção de Material Didático Indígena (Capema).

O objetivo do livro é divulgar a literatura guarani, que existe desde o século 17. Segundo a pesquisador “especialmente no último século houve publicações científicas ou documentos de antropólogos, mesmo não publicados, que não estão à disposição dos próprios Guarani. Já que apresentam um altíssimo grau de alfabetização em guarani e em português, lhes falta material para leitura”.

A publicação busca ser um primeiro passo, tanto para preencher esta lacuna de material, como para animar uma afirmação potente da cultura guarani, de seus protagonistas e de sua maneira de ser. “Espera-se que no futuro próximo haverá mais publicações dos próprios Guarani, talvez alguns textos também traduzidos para o português”, afirma a organizadora. Para ler o livro, clique no título LivroGuarani_final_CORR.pdf.

Ler Mais

MS – Índios se mobilizam para resistir a despejo decretado pela juíza Raquel Domingues do Amaral Corniglion

Índios reunidos na tribo em Caarapó. Foto: Michel Filho/O Globo

IHU – A bandeira vermelha foi hasteada nesta sexta-feira no acampamento guarani-caiová de Pindoroky, em Caarapó, Mato Grosso do Sul. Foi o sinal dado pelos mil indígenas instalados dentro da fazenda de Orlandino Gonçalves Carneiro, de que vão resistir à ordem judicial de reintegração de posse.

A Justiça deu a eles dez dias para desocupar a fazenda e permitir a exumação do cadáver do menino Denilson Barbosa, de 15 anos, assassinado a tiros em fevereiro pelo fazendeiro. Isso revoltou os índios, que estão dispostos a morrer pela posse da fazenda, considerada por eles e pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como parte da terra indígena. A reportagem é de Germano Oliveira e publicada pelo jornal O Globo, 13-04-2013.

A reintegração de posse foi concedida anteontem pela juíza Raquel Domingues do Amaral Corniglion, da 1ª Vara Federal de Dourados. A notificação chegou à aldeia ontem, o que faz com que eles tenham de deixar a área até dia 19 de abril, o Dia do Índio. Logo que souberam da ordem de despejo, os índios iniciaram a convocação dos guarani-caiovás de todo o sul do estado, como os vizinhos da reserva Teikuê, habitada por 5.600 índios. Nesta sexta-feira, já estavam no local 2 mil índios.

Aldeia quer reunir cinco mil para evitar a desocupação

Os líderes indígenas prometem reunir 5 mil homens até a semana que vem, para impedir o despejo. Em toda a região, com 26 municípios, moram 45 mil guarani-caiovás. Dezenas de líderes se reuniram nesta sexta-feira em frente à oca principal e, uma a uma, começaram a fazer relatos desesperados da situação em que vivem desde o dia 18 de fevereiro, dia em que o fazendeiro Orlandino Carneiro atirou duas vezes na cabeça de Denilson Barbosa. Foi depois desse crime que eles resolveram ocupar a propriedade e lá enterrar o corpo do garoto indígena. (mais…)

Ler Mais

Tráfico de pessoas, a escravidão de nossa época. Entrevista especial com Gabriella Bottani

“Não se pode falar em combate ao tráfico de pessoas sem falar de combate à pobreza e à desigualdade socioeconômica que existe no mundo. Tampouco sem enfrentar o problema da corrupção, e questionar a cultura que torna tudo mercadoria. Nesse sentido, a sociedade civil tem um papel fundamental”, afirma a representante da Rede Grito pela Vida.

IHU – “O tráfico de pessoas representa a escravidão de nossa época, a mercantilização da vida. O tráfico de pessoas desvela a ambiguidade e a violência de um modelo econômico de desenvolvimento que, em nome do lucro, considera tudo mercadoria: terra, água, mata, animais e até pessoas”, define Gabriella Bottani, em entrevista por e-mail à IHU On-Line. Italiana de nascimento, irmã Gabriella, como é conhecida no Brasil, é a representante da Rede Grito Pela Vida na Talitha Kum – Rede Internacional da Vida Religiosa contra o Tráfico de Pessoas.

A rede Talitha Kum iniciou seus trabalhos em 2004 e integra um projeto de enfrentamento ao tráfico de pessoas juntamente com a União Internacional das Superioras Gerais – UISG em parceria com a Organização Internacional das Migrações – OIM, que busca formar redes de religiosas capacitadas para a prevenção e o atendimento às vítimas do tráfico de pessoas, sobretudo para fins de exploração sexual. O primeiro curso de capacitação para tratar do tema foi há quase nove anos em Roma. Desde então mais de 650 mulheres participaram dos cursos e, atualmente, 21 redes atuam em 75 países em todas as partes do mundo. Confira a entrevista.
(mais…)

Ler Mais