Antonio Cabrera Tupã
A Aldeia Guarani de São Miguel do Iguaçu, localizada nas Terras das Cataratas do Iguaçu das 7 maravalhas, hoje se encontra desprotegida e desemparada e entregue a sua própria sorte dentro do seu próprio território. (mais…)
Aléxis Góis, colaborador da Agência Jovem em Ilhéus (BA)
A última roda de conversa do IV Seminário Internacional de História e Cultura Indígena: Índio Caboclo Marcelino teve como tema as “Perspectivas, Ações e Lutas dos Povos na Latinoamerica”. Durante o evento, foi lançado um Manifesto em Apoio à Causa Indígena, para reforçar a importância da luta dos povos originários, em especial dos Tupinambá de Olivença, que vivem um processo recente de retomada de seu território no sul da Bahia.
A cobertura do Seminário foi realizada por indígenas que participaram de laboratório de apropriação de Artes e Tecnologias, promovido pela Oca Digital, projeto da ONG Thydêwá e Cardim Projetos e Soluções Integradas, com o Patrocínio da Telefonica/Vivo e do Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura da Bahia.
Manuel Rozental, indígena do povo Nasa, da Colômbia, ressaltou que não adianta ter um discurso em favor da causa indígena se as mentes estiverem colonizadas pelo pensamento capitalista. “Também temos de retomar o nosso território do imaginário”, afirma Rozental, que é médico e Professor nas Universidades Novo Fiat Viaggio da Colômbia e do Canadá. Também participaram da roda de conversa anciões, caciques, e representantes de diversas instituições e organizações, como a professora francesa Dra. Esther Fernandes Rose Katz, do Instituto de Recherche pour le Developpeçent-IRD) e os argentinos Ana Zabala, psicanalista integrante da Instituição Abuelas de Plaza de Mayo, Arnaldo Dominguez, psicanalista coordenador do Curso de Formação em Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos de São Paulo. (mais…)
Tania Pacheco – Combate ao Racismo Ambiental
A maioria de nós cresceu ouvindo “piadas de português”, normalmente mostrados como pouco inteligentes e incultos. Quantas vezes não ouvimos, inclusive, comentários de pessoas tidas como cultas, até mesmo professores, lamentando termos sido “descobertos” por eles, e não por outros europeus, “de origem mais culta e refinada”! Será que já paramos para pensar quanto de preconceito e racismo (bem semelhante ao que combatemos em relação aos Nordestinos, entre nós) há nisso tudo? E – como nos mostra esta “Matriz Lusa” – quanto de ignorância!?
Neste segundo capítulo de O Povo Brasileiro, a importância maior é exatamente a descoberta que podemos fazer de Portugal, com seu justo valor e medida. Com sua cultura muito mais moura e judaica que latina, mas acima de tudo ela própria miscigenada, como Darcy nos mostra, e com sua capacidade de, encurralados entre os castelhanos e o oceano, conseguirem transformar isso num desafio para desbravar o mundo.
Aí vai, pois pois, “Matriz Lusa”, com narração de Matheus Nachtergaele e Chico Buarque; depoimentos de intelectuais portugueses como Agostinho da Silva, de Judith Cortesão e Roberto Pinho; e, ainda, a participação de Tom Zé e Gilberto Gil, declamando e cantando Camões e Fernando Pessoa. Uma excelente chance, repito, de não só aprendermos, como de descobrirmos que racismo e preconceito podem ter facetas inesperadas. E amanhã, sempre a partir das 12:30h, teremos a terceira parte deste início – “Matriz Afro” -, antes de começarmos a ver como tudo isso resultará no que hoje somos. (mais…)
“A ampliação dos projetos de mineração e hidrelétricos na região Norte estão imbricados no interior da mesma lógica perversa que quer fazer do Brasil um país exportador de matéria-prima barata, como minérios e energia, e que deixa nas regiões somente pobreza e desgraças”, assinala o geógrafo
“As notícias de que estamos vivendo, no Pará e na Amazônia como um todo, uma espécie de corrida pelo ouro me deixa muito preocupado. Isso porque ela tem uma repercussão social bastante significativa numa região onde o imaginário do ouro como possibilidade de ascensão social ainda é muito vivo”. A declaração é do geógrafo Luiz Jardim, que estuda as transnacionais de mineração na Amazônia e os conflitos sociais gerados entre as empresas e os moradores da região. Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Jardim ressalta que o “ouro ‘fácil’” extraído nos anos 1980 em regiões como Serra Pelada, Itaituba, rio Madeira e em Roraima “não existe mais e para se extrair o ouro é necessário investir altos valores em dinheiro para custear as máquinas e os insumos”. As regiões em que as extrações foram retomadas, esclarece, “estão repletas de retroescavadeiras que substituíram grande parte da mão de obra, fazendo em 40 horas o que os homens levavam 40 dias. Trata-se, portanto, mais de um aumento da produção produzido por uma maior quantidade de capital investimento na atividade aurífera do que uma corrida descoordenada de pessoas em busca do el dorado”. (mais…)
Antonio Carlos de Souza Lima*
No Brasil contemporâneo, sabe-se – ou se quer saber – muito pouco sobre os 817.963 indivíduos que se autodeclararam indígenas para os pesquisadores do iBGe no Censo de 2010. sabemos que estão distribuídos em 230 povos, falando 180 línguas distintas, compondo cerca de 0,4% da população brasileira e habitando o território de todos os estados da Federação. Mais de duas décadas após a Constituição de 1988 e de sua declaração do Brasil como um país pluriétnico, é possível dizer que o “cidadão brasileiro médio” tem parcas informações sobre os povos indígenas no Brasil. Isto é reflexo da formação obtida desde o ensino fundamental até o médio, perpetuada no nível universitário, tanto na graduação quanto na pós-graduação.
Os que habitam em grandes cidades são-lhes, em geral, simpáticos, baseados em toda uma estereotipia romântica, presente em nossa literatura e reproduzida nos livros didáticos, que os coloca(va) como os proto-brasileiros – ironicamente! –, assegurando a soberania portuguesa e brasileira sobre o imenso território do país, apagando o passado não só colonial, mas também do Brasil que ecoa ainda hoje em grandes empreendimentos como a usina Hidrelétrica de Belo monte, que melhor se caracteriza pelas palavras invasão, genocídio, espoliação e escravidão.
Quando lhe é simpática, a mídia os mostra como habitantes das florestas, em simbiose com a natureza, o que ou não existe, ou se aproxima apenas de algumas situações na Amazônia, quando temos indígenas em todos os pontos do país, inclusive nas nossas grandes capitais. Mas ainda quando nelas habitam, mantêm vínculos com suas terras de origem: são populações autóctones, cujos direitos à terra a legislação reconhece, são originários, antecedem a presença de brancos e negros vindos pela colonização e o tráfico de africanos. (mais…)
Por Redação EcoD
O tom do livro Conservação da Natureza – e eu com isso? (Fundação Brasil Cidadão), organizado pelo presidente da Rema (Rede Marinho-costeira e Hídrica do Brasil), José Truda Palazzo Jr., é de forte crítica.
Na obra, apoiada pela Fundação Avina, a eficiência da gestão das Unidades de Conservação brasileiras é questionada, a valorização da visão econômica da natureza é repreendida e a transposição do Rio São Francisco é anunciada como uma “perpetuação da indústria da seca na região”. (mais…)
Mayron Régis
Não há espaço para imaginação em um campo de eucalipto. Dificilmente, alguém confundiria os eucaliptos com gigantes como fez Dom Quixote ao ver moinhos de vento. Os eucaliptos expulsaram a imaginação, suas formas e suas cores para bem longe. Em vários casos, reduziram-na a meras placas de reservas legais. As pessoas se conformam com a perda da imaginação. Quer dizer, nem todas as pessoas. A imaginação segue aquele que se arroja.
O quintal do Deuzim, morador do povoado Coceira, município de Santa Quitéria, Baixo Parnaiba maranhense, recobre-se de inúmeras brotações de bacurizeiros. Elas formam um caminho da casa à sua roça. É um caminho imaginativo. Antes, os filhos do Deuzim arrancavam as brotações abrindo espaço para os plantios de mandioca e de feijão.
Só alguém com imaginação muito fértil para prever que aquele chão comportaria inúmeras brotações depois que outras tantas haviam sido arrancadas. Para sobreviver como espécie, um bacurizeiro, ao ser derrubado, providencia brotações num raio de extensão impressionante.
O Deuzim pretende passar os meses do inverno na Chapada. Há quem sonhe com isso. Há quem veja o sonho por sobre a vida. A Chapada dorme? A Chapada sonha? As comunidades da Coceira, do Baixão da Coceira, Lagoa das Caraíbas e São José escolheram a Chapada e não seus algozes como a Suzano Papel e Celulose ou o Gilmar Locatelli. A que reino pertencem os algozes? A que reino pertencem as suas mentiras deslavadas? (mais…)
Agência Câmara
O Poder Público pode ser obrigado a fazer parcerias com os hospitais particulares para que seja reservado um percentual de vagas à população afrodescendente. É o que prevê um Projeto de Lei em tramitação na Cãmara dos Deputados. A proposta, do deputado Márcio Marinho (PRB-BA), inclui dispositivo à Lei 12.288/10, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial.
O objetivo, de acordo com o autor, é garantir que a população afrodescendente tenha acesso à rede de saúde, uma vez que não há vagas em número suficiente nos hospitais públicos. “O acesso à saúde é uma garantia constitucional que não vem sendo cumprida, especialmente quando se trata da mulher e da população afrodescendente.” (mais…)
Matéria de Amanda Cieglinski, do Portal EBC, publicada pelo EcoDebate, 03/10/2012
Há um mês a presidente Dilma Rousseff sancionou o projeto de lei 12.711 de 2012 que estabelece uma reserva de 50% das vagas nos processos seletivos de universidades e institutos federais para alunos que cursaram todo o ensino médio na escola pública. A nova legislação cria uma única política de ação afirmativa, já que até hoje as instituições de ensino usavam diferentes modelos para garantir o acesso de grupos da população ao ensino superior.
O projeto de lei tramitou por quatro anos no Congresso Nacional e foi aprovado pelo Senado no início de agosto. No Ministério da Educação (MEC) um grupo prepara a regulamentação da lei que estabelecerá algumas regras para que as a reserva de vagas possa ser colocada em prática. Mesmo depois de todo o debate, a Lei de Cotas ainda causa muitas dúvidas. Confira aqui dez perguntas – e respostas – sobre o projeto.
Dez perguntas e respostas sobre a Lei de Cotas
1. Quando a reserva de vagas para alunos de escola pública começa a valer?
As novas regras passam a valer para os processo seletivos de 2013. Mas a implantação da reserva de 50% das vagas para alunos de escola pública não será imediata: a lei estabelece um prazo de quatro anos para a universidade cumprir integralmente as novas regras. Portanto, o número de vagas reservadas deve crescer anualmente até o fim desse período, a critério de cada instituição. (mais…)
Por Karla Ramalho
O presente artigo aborda o papel da mulher negra dentro dos movimentos feministas e nos movimentos negros, que por ser mulher e negra tem uma trajetória bem maior e mais dificultosa na luta por seus direitos na sociedade. O artigo tenta fazer uma análise da mulher negra nos diversos espaços sociais, seja ele na mídia, no mercado de trabalho, na busca do direito a uma saúde qualificada e pelo simples direito de ir e vir com liberdade, sendo o que é.
Vivemos em uma sociedade ainda muito marcada pelo machismo. É freqüente ver nos noticiários, casos de agressões contra mulheres, em muitos casos dentro de seus lares. Hoje temos uma mulher na presidência da República que com certeza foi um grande avanço para a busca da igualdade de gênero, mas ainda é difícil ver mulheres nos espaços de poder, seja na política(apesar das cotas), nos cargos de chefia nas grandes empresas e em outras áreas do mercado de trabalho.A diferença salarial entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo é muito grande, mesmo o nível de escolaridade das mulheres sendo maior ou igual.Como aponta a pesquisa da Revista Brasil Atual(2011).
A pesquisa mostrou aumento da participação de trabalhador com ensino superior completo, de 11,7% para 15% da População Economicamente Ativa (PEA). Entre as mulheres, essa proporção já chegou a 17,1%, ante 13% dos homens. A presença feminina entre a PEA com nível superior ultrapassou a masculina e atingiu 53,6%. Em 2010, os homens eram maioria (51,3%).(REVISTA BRASIL 2011). (mais…)