“Agora temos a certeza de que não vamos mais continuar debaixo dos pés dos bois. Mas, com os nossos próprios pés, vamos garantir o sustento de nossos filhos e parentes”
Encurralados, entre os rios São Francisco e o Verde Grande, ameaçados e na eminência de serem expulsos pela implantação do Parque Estadual Verde Grande, no município de Matias Cardoso, Norte de Minas, vazanteiros e quilombolas vêm há anos se organizando e lutando pela garantia de seus direitos. Na madrugada de 24 de julho de 2011, as famílias se reuniram e retomaram seu território tradicional, ocupando a ex-sede da Fazenda Catelda, que estava abandonada há mais de 15 anos. Constituíram ali o Acampamento do Arraial do Meio, dando início à auto-demarcação de seu território.
Este blog, solidário com as comunidades e irmanada ao Vazanteiros em Movimento, saudou e acompanhou diversos momentos dessa retomada, desde a caminhada até o ponto em que foi fincada a estaca da auto-demarcação, acompanhada do grito “Vazanteiros e Quilombolas unidos jamais serão vencidos”. Muitos momentos seguiram, quase todos documentados por Luciano Dayrell, inclusive o encontro da comunidade com a Defensora Pública e com o Coordenador do Instituto do Meio Ambiente na região, que reconheceu os direitos das comunidades unidas ao território onde o governo estadual pretendia manter o Parque.
Nos últimos meses, entretanto, criadores de gado das margens do rio Verde Grande, dos municípios de Malhada, Bahia, e Matias Cardoso, Norte de Minas, vinham insistindo na criação de gado no território retomado, causando danos ambientais irreparáveis, além da destruição das lavouras dos vazanteiros e quilombolas. Como se isso não bastasse, os fazendeiros entraram na Justiça da Comarca de Manga, pedindo a posse da área, alegando uso da mesma por mais de 20 anos. (mais…)