Perseguição aos gays, por Mario Vargas Llosa*

Na noite de 3 de março, quatro neonazistas chilenos, liderados por um valentão chamado Pato Core, encontraram caído nas cercanias do Parque Borja, em Santiago, o jovem Daniel Zamudio, ativista homossexual de 24 anos que trabalhava como vendedor numa loja de roupas. Durante seis horas, enquanto bebiam e pilheriavam, os quatro se dedicaram a dar pontapés e socos no jovem homossexual, golpeá-lo com pedras e marcar suásticas no seu peito e costas com o gargalo de uma garrafa. Ao amanhecer, ele foi levado a um hospital, onde agonizou por 25 dias antes de morrer em decorrência dos traumatismos.

O crime causou uma vivo impacto na opinião pública chilena e sul-americana. Multiplicaram-se as condenações à discriminação e ao ódio contra as minorias sexuais, profundamente enraizados em toda América Latina. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, exigiu pena exemplar e pediu que se acelere a aprovação de um projeto de lei contra a discriminação, que vegeta no Parlamento chileno há sete anos, parado nas comissões por temor dos parlamentares conservadores de que a lei, se aprovada, abra caminho para o casamento entre gays.

Esperemos que a imolação de Daniel Zamudio sirva para trazer à luz a trágica condição dos homossexuais, lésbicas e transexuais nos países latino-americanos onde, sem uma única exceção, são objeto de escárnio, repressão, marginalizados, perseguidos e alvo de campanhas de descrédito que, no geral, contam com o apoio declarado e entusiasmado da maioria da opinião pública. (mais…)

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Semana do Índio: PEC 215, jagunços, omissão, ameaças, assassinatos, vergonha e luto

Assim começamos a Semana do Índio: com a PEC 215 no ilibado Congresso Nacional e com esta notícia, que é uma verdadeira piada acintosa em termos de idas e vindas, contradições e retrocessos. Segundo ela, “as terras foram demarcadas como reservas indígenas em 1936”. No entanto são até hoje disputadas com fazendeiros e empresas agropecuárias, que para isso contratam jagunços e pistoleiros. A Polícia local diz que nada pode fazer,embora tema que possa vira a acontecer “derramamento de sangue”, “uma vez que as terras são consideradas como área de reserva federal”!  O processo – que sequer deveria existir, se a lei tivesse sido cumprida nestes quase 80 anos – está parado no STF desde 2008. E, enquanto isso, somos “informados” pelos meios de comunicação sobre os “desmandos” dos Pataxó, aguardando pacientemente para saber se o Dia do Índio de 2012 será marcado por mais uma chacina. Abaixo, a versão da Agência Brasil sobre a “invasão”. Todos os grifos são deste Blog. Já o depoimento dos Pataxó pode ser lido em notícia postada ontem mesmo, clicando em seu título: Rede Globo manipula reportagem jogando a sociedade contra os Pataxó Hãhãhãe. Como afirmaram os indígenas e quilombolas de Mato Grosso, unidos, a palavra de ordem só pode ser mesmo “Semana de luto! Nenhuma festa, façam silêncio…”. TP.

Índios pataxós invadem cinco fazendas no sul da Bahia

Stênio Ribeiro, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Índios da etnia Pataxó Hã Hã Hãe ocuparam cinco propriedades rurais na madrugada deste domingo (15), em terras que são disputadas com fazendeiros e com empresas agropecuárias no litoral sul da Bahia, de acordo com o agente da Polícia Civil no município de Pau Brasil, Sagro Bonfim.

Ele disse à Agência Brasil que índios da Aldeia Caramuru-Paraguaçu invadiram as fazendas antes de o dia amanhecer, segundo relatos de fazendeiros que procuraram a delegacia local para registrar as ocorrências e notificaram que mais de 30 pessoas estão reféns dos índios. (mais…)

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