Diálogos e Convergências: Resistência ao impacto de grandes empresas é comum a territórios do país

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Fátima, agricultora familia

Nomes de empresas como Souza Cruz, Suzano Papel Celulose, Aracruz-Fibria, Vale e Monsanto foram repetidos por povos que resistem ao atual modelo de desenvolvimento. Relatos foram feitos no Encontro Nacional de Diálogos e Convergências, em Salvador.

A programação do segundo dia foi dedicada ao debate sobre territórios de resistência. Paulo Petersen, da Assessoria e Serviços a Projetos para Agricultura Alternativa (ASPTA), diz que estas experiências estão invisíveis para a maioria da sociedade. Para ele, reverter essa situação é um dos desafios de redes, organizações e movimentos sociais.

Petersen salientou que é nos territórios que se dá a luta. Nestes locais, a busca por agroecologia, soberania alimentar e saúde são uma só. Exemplo disso é o caso do norte de Minas Gerais. Por lá, 27 comunidades tradicionais, depois de anos de luta, recuperaram áreas arrendadas pelo estado à grandes empresas monocultoras de eucalipto.

Agora, a água e a vida do cerrado rebrotam a partir da agroecologia na Vereda Funda, localidade do município de Rio Pardo de Minas. As famílias têm recuperado as áreas degradadas e garantido a produção de alimentos saudáveis. Rita Conegundes, uma das agricultoras familiares, representa as comunidades do Norte de Minas Gerais no Encontro. A Ritinha, como é mais conhecida, contou que o processo tem motivado a auto-demarcação de áreas por outros povos e comunidades. No momento, além do monocultivo do eucalipto, a mineração é outra ameaça na região.

O Planalto Serrano de Santa Catarina também apresentou sua experiência de resistência. Emília de Fátima Velho, uma das lideranças entre as agricultoras familiares, calcula que mais de 80% da área é de eucaliptos. A devastação provocada pelo monocultivo afetou o ciclo de alimentação de animais. Com isso, eles comem boa parte da produção agroecológica desenvolvida, o que prejudica os agricultores.

Já os representantes do Polo da Borborema, na Paraíba, explicaram que os princípios de resistência pela agroecologia são os mesmos que o agronegócio nega aos povos. Ou seja: valorizar os recursos naturais e resgatar o conhecimento das famílias agricultoras, postas como sujeitos de todos os processos de resistência.

Roselita Vito, diretora do Polo Sindical da Borborema, contou que entre os grandes desafios enfrentados hoje estão a questão da terra e o crescimento da produção de fumo. A fumicultura gera enorme dependência econômica dos agricultores em relação à empresa Souza Cruz, presente na região. Outro problema é o uso de agrotóxicos, que contamina a saúde e o meio ambiente dos trabalhadores.

Mais de 20 depoimentos apontaram os impactos causados por grandes empresas em diversos territórios brasileiros. Raquel Rigotto, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, comentou sobre as injustiças cometidas e os processos de resistência. Saiba mais por meio da Cobertura Especial da Pulsar Brasil.

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