MG – Cavalaria da PM pisoteia moradores de ocupações em protesto na Capital

 

Por Roberth Costa,  Portal Bhaz

Moradores de ocupações localizadas em Belo Horizonte e na região metropolitana foram pisoteados pela cavalaria da Polícia Militar (PM) durante um protesto realizado em frente à Cidade Administrativa, na região de Venda Nova, no último sábado (26). A movimentação foi registrada por participantes do ato, que recebeu o nome de “Marcha das Ocupações”, e se transformou em alvo de discussões, principalmente nas redes sociais. Publicada no YouTube, onde já tem quase cinco mil visualizações, a gravação mostra o momento em que os animais são jogados para cima de um homem, que foi golpeado por um policial e desmaiou. A manifestação acontecia de forma pacífica.

Integrantes das ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória, Eliana Silva e Helena Greco caminhavam pela rodovia MG-010, que dá acesso ao aeroporto de Confins, na tentativa de chamar atenção de representantes do governo de Minas. Cerca de duas mil pessoas estavam no local para pedir a retomada de negociações referentes ao problema habitacional no Estado. No entanto, como bloqueavam a via, foram hostilizados. A ordem para que os policiais avançassem sobre as pessoas, com os cavalos, partiu do coronel Ricardo Garcia Machado, responsável pelo Comando de Policiamento Especializado (CPE). Ele assumiu a posição no início de junho.

O soldador Dinei Delfino Ferreira, de 32 anos, foi uma das vítimas da ação policial. Morador de um espaço ocupado na região do Barreiro, conhecido como Eliana Silva, ele foi pisoteado pela cavalaria e golpeado no rosto por um policial que utilizava uma espada. Inconsciente, foi levado para o Hospital Risoleta Neves. O homem recebeu cerca de 16 pontos no local do ferimento. As imagens mostram o momento em que os manifestantes percebem a situação e ficam desesperados. Antes, porém, uma apoiadora do ato aparece pedindo ao coronel Ricardo que esperasse a desocupação da via, que seria concluída em apenas cinco minutos. No entanto, não foi atendida.

Representante da ocupação Eliana Silva, o auxiliar administrativo Leonardo Péricles conta que estava em reunião junto com autoridades e outras pessoas ligadas ao movimento, para decidir os rumos da mobilização, quando foi avisado do episódio. “Foi uma situação bárbara, poucas vezes eu vi uma ação tão violenta. Em 14 de atuação junto à causas populares eu nunca vi isso”, disse ao portal Bhaz. “Estava em reunião e pedi para que fosse paralisada. Achei um absurdo continuar sabendo que as pessoas estavam passando por aquilo. Não podemos tratar esse comportamento como algo normal, é inaceitável. Estávamos e vamos continuar lutando pelos nossos direitos. Fomos até lá reivindicar moradia, água, luz e esgoto”, completou.

Sobre o estado de saúde de Dinei, Leonardo revela que o soldador deverá ficar afastado do trabalho por algum tempo, já que precisará ir ao médico com certa frequência. “Ele preferiu não comentar diretamente porque ainda está muito abalado, levou 16 pontos no rosto e vai precisar de retornos para cuidar do ferimento. Vamos correr atrás de tudo que ele precisar”, afirma. “É injusto um homem trabalhador passar por isso por causa de uma ação desproporcional da polícia”, disse. Ainda segundo o auxiliar administrativo, o caso já foi denunciado ao Ministério Público e junto à Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Dinei ainda deve processar o Estado por danos morais.

A reportagem do portal Bhaz entrou em contato com a assessoria de comunicação e com o comando da Polícia Militar para comentar as imagens e o posicionamento do coronel Ricardo. No entanto, nenhum representante da corporação foi encontrado para falar sobre o assunto.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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