Mal invisível diagnosticado como doença social, o racismo também é uma preocupação da saúde pública. O tema é o foco da Campanha Estadual de Combate ao Racismo e Preconceito no Sistema Único de Saúde (SUS) que começou ontem, sexta-feira (25), na UPA de Copacabana. A ação faz parte de uma campanha nacional para debater o tema.
O evento marca o lançamento de uma cartilha voltada para gestores municipais que auxilia na elaboração de propostas de políticas públicas para garantir maior acesso da população negra na atenção à saúde. Além disso, será lançada também uma série de cartazes que serão distribuídos por unidades de saúde com o objetivo de sensibilizar médicos e enfermeiros para a temática racial.
– O racismo é uma doença social que causa sofrimento físico e emocional, por isso deve ser combatido através de políticas de saúde pública que garantam um atendimento mais igualitário no SUS. A proposta é promover mudanças de comportamento nos profissionais de saúde, levando a uma sensibilização sobre o tema – afirma Carina Pacheco, assessora técnica de Gestão Estratégica e Participativa da Secretaria de Estado de Saúde.
De acordo com a publicação Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 80% dos atendimentos e internações de pacientes negros no Brasil se concentram no SUS. Conforme a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, a gestão pública deve reconhecer que as desigualdades étnico-raciais e o racismo institucional são determinantes sociais das condições de saúde para que haja uma promoção da equidade em saúde.
Ainda segundo dados do Ipea, entre as mulheres de 25 anos ou mais que nunca fizeram exame de mama, 28,7% são brancas, enquanto 46,3% são negras. Este índice, entre as demais estatísticas do estudo, revela a desigualdade na qualidade do atendimento em saúde relacionada a práticas discriminatórias e racistas.
– A população negra detém alguns dos piores indicadores: maiores taxas de mortalidade infantil, materna e por causas externas como homicídios, além de doenças epidemiológicas, entre outras. Com a capacitação de profissionais de saúde para o preenchimento do quesito raça/cor nos sistemas de saúde será possível evidenciar a amplitude da discriminação nos serviços de saúde pública – explica Carina.