Seringueiro indígena morre em Rondônia trabalhando em manejo florestal

seringueiro-indigena-rondoniaNo último dia 06 de agosto (quarta- feira), o seringueiro extrativista Raimundo Nonato Brasil, mais conhecido como Índio, foi mais uma vítima de acidentes de trabalho que envolvem a extração de madeira por madeireiras na região de Machadinho do Oeste, em Rondônia

CPT Rondônia

Índio morava e trabalhava na Reserva Extrativista Castanheira dentro da comarca de Machadinho do Oeste, desde o ano de 2005 vivia com sua família na região. Oriundo da região de Jarú, bem no centro do Estado de Rondônia, sempre trabalhou e exerceu a única profissão herdada de seus pais, a profissão de seringueiro-extrativista, nascido no seringal São Sebastião, descende de uma família indígena legítima da extinta tribo “Boca Negra”, cujos últimos integrantes, em torno de três indivíduos, ainda encontram-se na região de Machadinho do Oeste e cidades adjacentes. 

A região de Machadinho do Oeste é uma região que ficou bastante marcada por morte de vários seringueiros e por conflitos agrários, desde o início de sua formação. A comarca com forte presença de poderosos fazendeiros e madeireiros vem sendo considerada uma das regiões que mais se desmatou nos últimos anos segundo o IMAZON. 

Existem nessa parte de Rondônia 17 Reservas Extrativistas sob responsabilidade do Governo Estadual, sendo que na maioria delas é realizado o Manejo Florestal, por madeireiras contratadas pelo governo. A esmagadora parte do lucro proveniente da exploração da atividade madeireira dentro das reservas fica nas mãos das empresas madeireiras, o que sobra do restante é rateado entre associações, cooperativas, SEDAM e seringueiros, contudo, as condições de vida dos seringueiros não mudaram muito. Não tendo eles direito à propriedade, sem direitos trabalhistas e sem a profissão regulamentada, vão repetindo o mesmo destino relegado aos soldados da borracha. 

Em muitas regiões falta ainda energia elétrica, a exemplo de onde residia a família do seringueiro extrativista indígena, falta apoio e assistência técnica às famílias das reservas, sem contar a falta de estradas e a infinita política desonesta dos atravessadores que tomam parte da renda das famílias locais. Assim sem fonte de renda, sem a implementação de projetos de geração de emprego e renda à altura das necessidades básicas dos extrativistas, os mesmos se veem obrigados a participarem do manejo para garantir a própria sobrevivência. Em uma dessas rotinas diárias da atividade da exploração de madeira na Reserva Castanheira, o indígena perdeu sua vida, vítima de um acidente de trabalho. Um tronco de madeira por decorrência da atividade no local despencou de uma árvore indo de encontro à sua cabeça. 

Índio partiu já deixando saudades, mais também deixou plantada uma semente de um modo de vida, que só os que realmente vivem na floresta como extrativista podem entender, “que é existir sem precisar de muita coisa para viver”. 

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