Favela como padrão de pobreza: como o Birmingham Mail se enganou

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No dia 22 de julho, um dos jornais locais mais lidos no Reino Unido publicou um artigo comparando uma acomodação estudantil superlotada em Birmingham com as “periferias do Terceiro Mundo”. Políticos locais comentaram que um dos distritos de Birmingham começava a parecer com uma “favela brasileira”. A área em questão foi também descrita como “abarrotada” e “coberta de lixo” como “quintais da Amazônia”. Apesar de a maioria dos jornalistas de língua inglesa que estavam no Brasil durante a intensa exposição midiática da Copa do Mundo terem traduzido a palavra “favela” para “slum”, esse tipo de jornalismo preguiçoso é especialmente surpreendente vindo do Birmingham Mail. Birmingham tem sua própria e original história habitacional: durante a Revolução Industrial, muitas das comunidades de trabalhadores da cidade viviam em complexos minúsculos e miseráveis, o que ainda existia nos centros urbanos da cidade em plena década de 1960.

Apesar do fato de Birmingham ter sua própria história obscura de cortiços, seus políticos escolheram usar o termo “favela” para descrever acomodações estudantis superlotadas. Seus jornalistas, por sua vez, escolheram propagar esses comentários que perpetuam o profundo e danoso estigma da favela. Esse é um grande exemplo da infiltração do estigma na representação midiática internacional das favelas. Favelas não são “slums” porque elas não incluem por definição as características dos assentamentos temporários, condições de vida cerceadas e insegurança no fornecimento de água. Elas muitas vezes começam nessas condições, mas vêm se tornando, ao longo das décadas e gerações, comunidades com numerosas qualidades. Na realidade, a caracterização que une todas as favelas é muito simples. Favelas são: (mais…)

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De forma irregular, cadeias abrigam centenas de “loucos infratores”

Estima-se que as prisões em São Paulo mantenham 430 pessoas com problemas psiquiátricos encarceradas junto aos demais presos
Estima-se que as prisões em São Paulo mantenham 430 pessoas com problemas psiquiátricos encarceradas junto aos demais presos

Só nas prisões de São Paulo são mais de 400 pessoas com problemas psiquiátricos. Falta de tratamento adequado dificulta reintegração à sociedade e agrava doença

por Deutsche Welle

A atendente de telemarketing Joana Neves (*) suportou a dor de quatro agressões para não denunciar o filho. Mas, na madrugada do dia 21 de julho de 2012, ligou para a polícia. Ela havia levado uma cabeçada na boca depois de oferecer uma xícara de café com leite. Quando os policiais chegaram, Felipe Neves (*) dormia, e Joana já não conseguia falar. “Levaram meu filho sem saber que ele é doente. E ele foi preso”, lamenta.

O rapaz, hoje com 22 anos, sofre desde os 16 de esquizofrenia hebefrênica, doença ligada a distúrbios afetivos que se manifesta a partir da puberdade. Felipe foi processado por agressão pela Justiça comum. Mesmo com a realização de um laudo que atestou o quadro de insanidade mental, ele ficou preso ilegalmente no Centro de Detenção Provisória de Santo André, na região metropolitana de São Paulo, por um ano e meio.

Além de Felipe, estima-se que outros 430 infratores com problemas psiquiátricos convivem com os demais presos nos estabelecimentos penitenciários do estado de São Paulo – sem remédios específicos nem acompanhamento médico adequado. O Ministério da Justiça não sabe informar quantos se encontram na mesma situação em todo o país. (mais…)

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Criticado por ambientalistas, mineroduto Minas-Rio está prestes a funcionar

O duto, cuja construção será entregue com cinco anos de atraso, vai passar por 32 cidades
O duto, cuja construção será entregue com cinco anos de atraso, vai passar por 32 cidades

Ao longo de 525 quilômetros, maior mineroduto do mundo transportará todos os anos 26 milhões de toneladas de minério de ferro. Destino principal da matéria-prima é a China

por Deutsche Welle

Após cinco anos de atraso, o maior mineroduto do mundo, o Minas-Rio, deve entrar em operação no final deste ano. As 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro que serão transportadas anualmente por esse sistema de Minas Gerais até o porto no Rio de Janeiro já têm um destino: siderúrgicas na Ásia, principalmente na China.

Em 2008, a empresa britânica de mineração Anglo American comprou os planos do complexo Minas-Rio, idealizado pelo grupo EBX, de Eike Batista, e inicialmente orçado em 5 bilhões de dólares. O primeiro transporte de ferro foi planejado para 2009, mas falhas no projeto e impasses com a Justiça, devido a questões socioambientais, atrasaram – e também encareceram – as obras.

Assim, o valor para a instalação do complexo quase dobrou, chegando a 8,8 bilhões de dólares. Com o início da construção também surgiram os problemas. A empresa enfrentou ações judiciais movidas pelo Ministério Público de Minas Gerais, que questionou as obras de uma linha de transmissão de energia elétrica, a atuação da empresa perto de sítios arqueológicos e também a passagem do duto por uma caverna que abriga animais ameaçados de extinção. (mais…)

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