Confesso, humilde, que não entendo bulhufas de política internacional, por isso não comento os acontecimentos na Faixa de Gaza. Nem os do território palestino, nem sequer os das favelas cariocas. Nada sei fora do bairro de Aparecida, em Manaus. A Isis que conheço é uma caboca peitudinha que mora no Beco da Escola, fica saliente ao ver farda e lembra saudosa dos amassos escandalosos do Geraldão, tenente do NPOR. De Gaza, ignoro as fofocas, que é a forma suprema do saber. Sei apenas que ISIS é a sigla do grupo que luta por um Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Nada mais.
Gaza está tão longe e Aparecida tão perto! Mas de repente, Gaza ficou mais perto de mim do que o bairro onde nasci, porque mexe com o que existe de profundo em cada um de nós: a nossa humanidade. Ninguém precisa fumar cachimbo e usar boina basca como os comentaristas internacionais ou fingir inteligência como a equipe do Manhattan Connection para saber que o que está acontecendo em Gaza é um exemplo acabado da estupidez, que nos traz tanto desencanto e compromete o destino da espécie humana.
Que fique claro, portanto, que não tratamos aqui de política internacional, mas da barbárie e da bestialidade humana, da qual cada um de nós entende um pouco. Não há outro nome para o fato testemunhado da janela do luxuoso hotel al-Deira, na cidade de Gaza, por dois jornalistas do New York Times. Eles observavam crianças palestinas que brincavam de bola, alegres e felizes, numa praia do Mar Mediterrâneo, quando foram assassinadas covardemente pela artilharia israelense. (mais…)