Por Luiz Roberto Lima, em Coletivo Carranca
Bem arrumado e elegante, cheiroso e todo style, desço do metrô, e pego a escada rolante que dá acesso à praça Cinelândia. Alguns degraus acima, vai uma moça de tés clara, perfil de estudante universitária. Ao olhar pra trás e me ver, ela logo sentiu-se desconfortável e segurou a bolsa.
Fiz de conta que não percebi. Assim que a escada aproximou-se do seu objetivo final, e mal o degrau recolheu-se, a menina se antecipou e acelerou o passo. Foi-se à direita, na mesma direção da calçada do consulado, aonde eu estava indo buscar o visto. Ao me ver novamente, ela entrou em pânico e começou a correr desesperada pela calçada e pediu socorro a um homem que vinha do lado contrário.
O homenzarrão a abraçou prontamente, no intuito de protegê-la. Fechou a cara e veio ao meu encontro. Como na verdade ele viu que eu estava arrumado, pensou duas vezes. Foi o tempo de eu gritar – que eu não ia roubá-lo e não precisava rouba-la. Atônitos, passaram correndo os dois por mim. E logo foram socorridos por outros transeuntes.
Quanto a mim, só coube desabafar com um senhor que varria a frente de um comércio. E o medo que dali criassem uma turba e viessem os “justiceiros”. Talvez seja o momento de eu estampar uma camiseta para dar segurança às pessoas de bem com o slogan “EU NÃO VOU ROUBÁ-LO”.
—
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Vanessa Rodrigues.