Por Cândido Grzybowski, Ibase
Há um ano o Ibase está engajado num projeto que tem como preocupação central o fortalecimento de Mosaicos da Mata Atlântica. Trata-se de uma ação em parceria com Conselhos de Gestão, SEAM/SEA, INEA, FUNBIO, para fortalecer os Mosaicos da Mantiqueira, Carioca, Bocaina, Central Fluminense e Mico Leão Dourado, criados pelo Ministério do Meio Ambiente. Mas, para além das questões operacionais envolvidas, é importante que vejamos a novidade e o potencial que carregam os “mosaicos” na reconstrução e recomposição da nossa relação como seres humanos com a biosfera. A própria ideia dos “mosaicos” precisa ser abraçada pela sociedade, por toda cidadania ativa, pelo que traz de questionamento sobre os modos como nos organizamos, produzimos, e a necessidade de mudança de rumo, isto se nos preocuparmos com a justiça socioambiental e com a sustentabilidade da vida, de todas as formas de vida e do próprio planeta.
Ao reconhecer que áreas próximas de um mesmo bioma (de algum modo protegidas, mesmo se descontínuas, mas compartindo bacias hidrográficas e apresentando semelhanças e interdependências quanto aos ciclos da natureza e da vida), a criação dos “mosaicos” põe em destaque algo essencial nos territórios onde vivemos: o que são e como podem ser conformados os nossos bens comuns naturais, indispensáveis à continuidade da vida. Ser mosaico não é algo intrínseco. Somos nós, em última instância, que criamos o mosaico no esforço de preservar parte de um bem comum que ainda resiste e que pode ser regenerado. Aliás, o próprio caráter de comum não é intrínseco, e nem é um a piori. Ser comum é um resultado, uma consciência e uma prática comum. Os bens comuns não são comuns, mas se tornam comuns socialmente. Os bens comuns são aqueles que as relações sociais identificam e gerem como comuns. A necessidade sentida, almejada e enfrentada coletivamente leva a criar e desenvolver bens comuns. A desenfreada busca de acumulação capitalista privada promove a privatização e a mercantilização de tudo, cerceando e destruindo os bens comuns. O Ibase se engaja junto na viabilização dos “mosaicos” tendo esta motivação. (mais…)
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