Ação do Bope leva a novas mortes no Complexo do Alemão, e favelas se mobilizam para Ato Público conjunto

BopeCombate Racismo Ambiental*

Pela segunda vez este ano, na madrugada desta última sexta para o sábado (15 de março), o Bope subiu uma das comunidades mais tradicionais do Complexo do Alemão e executou alguns jovens negros e favelados. Ainda não há informações detalhadas sobre o caso, inclusive o número de mortos, em consequência da comoção e do medo instalado na comunidade. Mas sabe-se que, além das mortes, motos foram queimadas pela ‘tropa de elite’ da PM. Não foram apreendidas para averiguação e/ou devolução aos donos (se é que foram roubadas), mas queimadas, na madrugada de terror! 

Só este ano, mais de dez jovens morreram em três ‘operações’ policiais na região. E, como da primeira vez, em janeiro, mais uma vez nada foi noticiado, nada foi notificado. Ao contrário, nessa mesma sexta, a Assessoria de Imprensa do governo Cabral-Beltrame publicou uma nota repercutida acriticamente por toda a chamada ‘grande’ imprensa, inclusive na capa do caderno Rio de O Globo deste sábado: ‘Bope reforça pacificação no Alemão’…

Como pode uma tropa treinada com ‘licença’ para matar’ reforçar a ‘pacificação’? Os números de mortes ‘em confrontos’ (homicídios) em favelas da região metropolitana do RJ em 2013 e já em 2014 demonstram o caráter genocida e de controle militarizado das UPPs, ao mesmo tempo que desmentem a farsa da ‘pacificação’.

 Tudo isso fez com que, ontem mesmo, acontecesse uma mobilização das favelas. E, na Assembleia Popular, foram tiradas as seguintes propostas:

1. Fazer uma manifesto sobre toda essa situação, com um recorte maior para abranger a situação de outras favelas com UPP que sofrem o mesmo tipo de ação. Coletar a assinatura de moradores junto com representantes da sociedade civil, postar nas redes e ir ao centro distribuir/entregar;

2. Organizar no centro da cidade e junto com outros movimentos sociais que apoiam o fim das PMs, um Ato Público de todas as favelas que têm UPP e/ou não concordam com a militarização dos espaços populares e com os abusos da UPP;

3. Ao mesmo tempo, Voz das Comunidades, Educap, Raízes, Complexo do Alemão e Ocupa Alemão, entre outros, estarão recebendo relatos de denúncias de moradores para postar em suas redes;

4. A próxima Plenária está marcada para esta segunda-feira, dia 17, às 20hs, na Nova Brasília. Objetivos: apresentar o Manifesto para os moradores; colher assinaturas; e definir estratégias e tirar o dia do Ato Público no Centro.

*Com informações do Laboratório de Direitos Humanos de Manguinhos e da Frente Independente e Popular – FIP.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.