Mobilidade urbana patina e menos de 20% dos projetos estão em obras

Menos de 20% dos projetos de mobilidade urbana com apoio financeiro da União estão efetivamente em obras ou já foram concluídos. O baixo índice de execução demonstra a dificuldade do setor público em atender o clamor das ruas e dar uma resposta ágil às manifestações de junho do ano passado, que tiveram a má qualidade dos transportes públicos como um dos alvos principais

Daniel Rittner, André Borges e Edna Simão – Valor

De 229 projetos de mobilidade com investimentos federais, em grandes e médias cidades, o novo balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) indica que só 47 – em 14 municípios – têm alguma obra em andamento. Apenas seis projetos já foram inaugurados. Uma lista infindável de anúncios não conseguiu sair do papel e está em fase de licitação ou, pior ainda, na elaboração de estudos de viabilidade econômica e de engenharia.

A lentidão nos avanços contrasta com a rapidez com que a presidente Dilma Rousseff anunciou um “pacto da mobilidade”, em reação às manifestações populares, com investimentos adicionais de R$ 50 bilhões em transportes. O governo já tinha outros programas em curso, como as duas versões do PAC Mobilidade – um para grandes cidades (com mais de 700 mil habitantes) e outro para médias cidades, além do PAC da Copa. Na prática, tornou-se difícil identificar qual obra está vinculada a cada programa.

Não faltam exemplos de projetos grandiosos que estão, aos olhos dos passageiros, na estaca zero – independentemente de um ou outro avanço na realização de estudos. A ampliação do metrô de Brasília, com cinco novas estações e recursos garantidos de quase R$ 700 milhões, patina há dois anos. Veículos leves sobre trilhos (VLTs) em capitais do Nordeste, como em João Pessoa e Maceió, estão parados. Corredores exclusivos de ônibus, que deveriam cortar cidades de médio porte como Piracicaba (SP) e Uberlândia (MG), também ficaram no papel e frustraram a população. (mais…)

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Em favor dos povos indígenas

Comin e Cimi

O Conselho de Missão entre Povos Indígenas (Comin) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifestam total solidariedade aos povos indígenas do Brasil, em especial, às comunidades indígenas do Rio Grande do Sul, diante do desrespeito, preconceito e violência dos quais têm sido alvos nos últimos tempos. Durante o ano de 2013, o Comin e o Cimi se manifestaram diante de várias situações violentas sofridas pelas comunidades Kaingang e Guarani, por vezes junto a outros grupos minoritários. Contudo, a lentidão ou omissão das autoridades competentes para atender as demandas reivindicadas e de direito (demarcação de terra; políticas públicas condizentes; investigação e julgamento dos atentados a tiros, ameaças de morte, coerção e do abuso de poder de servidores público; e outras violências) criou possibilidades para que as declarações e incitações violentas ocorressem no dia 29 de dezembro de 2013, em Vicente Dutra (RS).

As declarações ocorreram durante a realização da Audiência Pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), da Câmara dos Deputados Federais. A audiência foi conduzida e coordenada pelo deputado Vilson Covatti (PP/RS), com participação dos deputados federais Alceu Moreira (PMDB/RS) e Luiz Carlos Heinze (PP/RS). O tema da audiência era os conflitos oriundos do processo de demarcação das terras de ocupação tradicional kaingang, a Terra Indígena (TI)Rio dos Índios, de 715 hectares. Contudo, durante a audiência, que não teve a participação da comunidade kaingang ou de entidades de defesa dos direitos humanos ou dos povos indígenas, somente os setores políticos, sindicais e dos agricultores se manifestaram. Todos contrários à homologação da TI Rio dos Índios. Os discursos incitavam a comunidade não indígena de Vicente Dutra e região a resistir e desconhecer a presença histórica e legitimidade da reivindicação da comunidade indígena. (mais…)

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‘Forças Armadas devem um pedido de perdão à sociedade brasileira’

Rosa CardosoEm entrevista à Carta Maior, Rosa Cardoso, integrante da Comissão da Verdade, fala sobre os trabalhos da comissão que entrega relatório final em dezembro

Dario Pignotti – Carta Maior

Dizem que Rosa Cardoso está entre as pessoas a quem Dilma Rousseff escuta com  mais atenção quando necessita de uma opinião sobre Direitos Humanos. A presidenta sabe da lealdade de sua advogada defensora durante a ditadura a quem designou como integrante da Comissão da Verdade que em dezembro apresentará seu informe final. A doutora Cardoso não desperdiça o tempo: trabalha a pleno vapor para concluir o relatório sobre os crimes da ditadura, que chama de “fábrica” de mentiras, instalada há 50 anos com a derrubada do presidente João Goulart.

Apesar de sua agenda saturada de compromissos, Rosa conversou durante uma hora com a Carta Maior, período no qual não evitou nenhum tema, abordando todos de um modo direto, como quando, por exemplo, se referiu à atitude omissa dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica frente aos delitos perpetrados por seus colegas de armas nos anos de chumbo. (mais…)

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A maioria quer a redução na maioridade penal. Tenho medo da maioria, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado rejeitou, nesta quarta (19), propostas de emenda constitucional que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal para crimes considerados hediondos e casos específicos, como crimes inafiançáveis.

O relator da matéria foi o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e a PEC é de autoria de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) que, contrariado na CCJ, deve levar o tema da redução da maioridade penal ao plenário – onde contará com apoio maior. Ainda mais em ano eleitoral, sob justificativas como a necessidade de “dar resposta à sociedade em meio à violência”, saída fácil diante de um problema estrutural e não pontual.

Enquanto a campanha de 2010 foi algo como um conclave, em que não parecia estarmos escolhendo um presidente da República e sim um novo papa por conta dos temas alçados ao debate, como o direito ao aborto, 2014 será o ano de enterrar os direitos humanos em discussões associadas à questão da segurança pública. E, no centro desse debate, a questão da redução da maioridade penal de 18 para 16, 14 ou até 12 vai seguir firme e forte.

Uma pesquisa do Datafolha, divulgada em abril do ano passado, mostrou que 93% dos moradores da capital paulista concordavam com a diminuição da idade legal a partir da qual uma pessoa possa responder por seus crimes para 16 anos. Ao todo, 6% eram contra e 1% não soube responder. Dos que eram favoráveis à redução, 35% concordava que a idade fosse rebaixada a uma faixa de 13 a 15 anos e 9% até 12 anos. (mais…)

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Índios recuam em ocupação de prédio da DSEI, mas fecharão sete rodovias de MS

64179990Tainá Jara – Midiamax News

As cerca de 30 lideranças indígenas que se reuniram, na tarde desta quarta-feira (19), no prédio do Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI-MS), em Campo Grande, recuaram na proposta de reocupação do local, mas programaram o fechamento simultâneo de sete rodovias de Mato Grosso do Sul para a próxima terça-feira (25). Os índios reivindicam melhorias na saúde e a vinda do coordenador nacional da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), Antonio Alves ao estado.

De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando Souza, a decisão de fechamento das rodovias foi definida após a informação de que o coordenador somente teria data para visitar o estado daqui a 20 dias. “Queremos a vinda imediata”, afirma.

Os índios pedem que coordenador faça visitas às aldeias do estado e dialogue com as lideranças para definir melhorias no setor da saúde indígena. Conforme o cacique João da Silva, da aldeia Lalima, em Miranda, a 202 quilômetros da Capital, a falta de ambulância e remédios são os principais problemas. “Tem índio que morre por não ter isto”, relata. (mais…)

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Os 30 anos de ódio ao MST nas páginas de Veja

67182DBEF88A16B3A91BD52800937F8CDB109C68D39C8C9ABEA34DFEC20E0572O que os ataques e silêncios da revista sobre o maior movimento social brasileiro revelam sobre a história recente da política brasileira

Najla Passos – Carta Maior

O ódio da mídia ao MST acompanha os 30 anos do movimento, desde a sua fundação, em janeiro de 1984. Mas o padrão de manipulação usado para tentar fraudar a imagem do movimento muda bastante, acompanhando a conjuntura e tentando tirar proveito dela. Prova é a forma com que a maior revista do país, a Veja, teceu a trajetória do MST em suas páginas: primeiro com a tentativa de cooptação, depois com total invisibilidade, até a campanha permanente de criminalização, que oscilou da associação com o perigo comunista, herdada da ditadura, à acusação de terrorismo, no período pós 11 de setembro. Nos últimos anos, uma nova condenação ao ostracismo, acompanhada pelo conjunto da mídia, garantiu a retirada do tema reforma agrária da pauta nacional. (mais…)

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MS – Escritório da Funai na aldeia Jaguapiru, em Dourados, foi invadido e destruído. Isso é terrorismo!

Manifestantes atearam fogo em carros da Funai de Humaitá. Foto: Divulgação
25 de dezembro de 2013: barcos, carros e prédio da Funai incendiados em Humaitá. Foto: Divulgação/Funai

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Esta madrugada, o escritório da Coordenação Técnica Local da Funai na aldeia Jaguapiru foi arrombado e invadido. Todos os equipamentos foram destruídos, incluindo a documentação de indígenas, arquivada em pastas. Evidentemente, as famílias das aldeias Jaguapiru e Bororó, na reserva de Dourados, serão prejudicadas.

Trata-se de mais uma ação terrorista de ameaça e intimidação a indigenistas, técnicos e funcionários, bem como de destruição de patrimônio público. O clima é de medo entre os servidores.

Isso não pode continuar: o governo federal tem a obrigação de usar seu poder policial para evitar que fatos como esse continuem a ocorrer, principalmente no Norte e Centro-Oeste. Isso se chama terrorismo, Presidente Dilma!

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Manifesto ex-Dops/RJ: Ocupar a Memória para não Esquecer a Nossa História

Campanha pela transformação do prédio do ex-DOPS/RJ em Espaço de Memória da Resistência

Ocupa Dops – O edifício inaugurado em 1910, localizado na Rua da Relação com Rua dos Inválidos, no Centro do Rio de Janeiro, foi construído para sediar a Repartição Central de Polícia. Ao longo dos anos, abrigou distintas polícias políticas responsáveis por coibir reações de setores sociais que supostamente pudessem comprometer a “ordem pública”. De 1962 a 1975, funcionou no prédio o Departamento de Ordem Política e Social do Rio de Janeiro (DOPS-RJ), um dos principais órgãos de perseguição política, tortura, morte e desaparecimento forçado de pessoas durante a ditadura civil-militar. Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), o prédio, hoje sob a administração da Polícia Civil, encontra-se em péssimo estado de conservação, com arquivos em deterioração, o que evidencia a destruição e o abandono do poder público para com o patrimônio histórico. (mais…)

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Economia: o notável exemplo da Bolívia

Trabalhadores celebram Dia da Descolonização, instituído em 2011. Exito na distribuição de riquezas e em reformas estruturais revela espaço para alternativas
Trabalhadores celebram Dia da Descolonização, instituído em 2011. Exito na distribuição de riquezas e em reformas estruturais revela espaço para alternativas

Além de rechaçar políticas do FMI, país fez reformas estruturais e evitou concessões a grandes empresas. Sucesso revela como são frágeis ideias conservadoras que dominam debate brasileiro

Por Antonio Martins – Outras Palavras

Uma vasta onda de conservadorismo econômico varre o Brasil. Neste exato instante, por exemplo, o ministro da Fazenda Guido Mantega batalha por um amplo corte no Orçamento da União para 2014. Reduzir investimentos públicos é, pensa ele, indispensável para “tranquilizar os mercados”, sinalizando que o governo Dilma não adotará políticas que os afetem e recuperando sua “confiança“. Entre os adversários mais fortes da presidente, o cenário é ainda mais devastador. Aécio Neves prega o retorno puro e simples às políticas neoliberais. Eduardo Campos e Marina Silva cercam-se, informa o Valor Econômico, dos principais assessores econômicos de FHC. Preveem, se eleitos, ampliar as concessões que o Executivo faz, há meses, ao mundo das grandes finanças. Não há saída, todos parecem calcular: num mundo em que a crise agrava-se, a única opção de governantes prudentes seria evitar ousadias, não confrontar o grande poder econômico, esperar que passem os tempos de vacas magras. Será verdade? (mais…)

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Às vésperas da eleição, filme denuncia o “Maranhão real”

Depoimentos de jornalistas, moradores de rua e usuários do sistema público de saúde denunciam o descaso no poder público no reduto da família Sarney
Depoimentos de jornalistas, moradores de rua e usuários do sistema público de saúde denunciam o descaso no poder público no reduto da família Sarney

Contra controle midiático local, produção aposta na internet para divulgar o retrato fiel do reduto da família Sarney

por Amanda Cotrim – Carta Capital

O Luís que nasce. O Luís que morre. São vários Luíses. Eles se espremem nos ônibus, são ambulantes, morrem nos corredores dos hospitais. Vivem. Sobrevivem. São vítimas de uma história que não é nova no estado nordestino. Mas da boca dos Luíses pouco se ouve. “Muitas pessoas no Maranhão sabem o que acontece aqui, mas têm medo de falar”. O longa metragem “Luíses- Solrealismo Maranhense”, de Lucian Rosa, foi lançado em outubro de 2013 em festivais, mas estreia agora na internet para poder disseminar com mais rapidez a situação da população maranhense. Depoimentos de jornalistas, moradores de rua e usuários do sistema público de saúde denunciam o descaso no poder público no reduto da família Sarney. “O filme está falando, oficialmente, da corrupção no Maranhão”, diz Rosa.

O documentário é uma produção do “Éguas Coletivo Audiovisual”. O filme se utiliza de elementos ficcionais para falar sobre o cotidiano. O público, por vezes, se confunde sobre quem são os personagens da ficção e os “da vida real”. (mais…)

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