Valmir Assunção: A necessidade da Reforma Agrária para o Brasil

Valmir Assunção – O Globo

Alguns querem nos convencer que, com o avanço do agronegócio, a democratização das terras no Brasil não é importante. Respondo a isso dizendo que nunca a reforma agrária foi tão necessária.

O agronegócio, como modelo de desenvolvimento para o campo, não é capaz de alimentar o povo brasileiro e nem de garantir a qualidade do que produz. Por causa desse modelo, o Brasil é campeão de consumo de venenos agrícolas, cuja importação saltou de US$ 259 milhões no ano 2000 para US$ 2,2 bilhões em 2012. É o agronegócio também que está no topo da lista suja do trabalho escravo.

O IBGE nos mostra que a necessidade de importação elevou os custos dos alimentos, que têm seus preços balizados pelas variações do dólar. Só em outubro, foi uma alta de 1,03%. Dados da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) mostram que, de 1990 para 2011, as áreas plantadas com alimentos básicos como o arroz, feijão, mandioca e trigo declinaram, respectivamente, 31%, 26%, 11% e 35%. As de produtos nobres do agronegócio exportador, como a cana de açúcar e a soja, aumentaram 122% e 107%. (mais…)

Ler Mais

Houve ‘quase ingratidão’ em protestos, diz ministro

Interlocutor da presidente da República com os movimentos de esquerda, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) disse ontem que, durante as manifestações de junho passado, integrantes do governo federal ficaram “perplexos” e “quase com um sentimento de ingratidão” pelo fato de os protestos terem se voltado contra um governo que considera ter avançado em conquistas sociais

Felipe Bächtold e Natuza Nery – Folha de S. Paulo

A declaração foi feita pela manhã no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, evento que reúne movimentos sociais, parcela cativa do eleitorado petista nas últimas décadas.

No discurso, o ministro avaliou que a direita “fez a festa” com a repercussão dos protestos. A onda de manifestações começou em capitais tendo como foco a insatisfação com o preço do transporte coletivo, mas se alastrou para outras áreas do serviço público e atingiu a popularidade da presidente Dilma Rousseff e de governadores e prefeitos do país.

“Quando acontecem as manifestações de junho, da nossa parte houve um susto. Nós ficamos perplexos. Quando falo nós, é o governo e também todos os nossos movimentos tradicionais. [Houve] uma certa dor, uma incompreensão e quase um sentimento de ingratidão. [Foi como] dizer: fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós.” (mais…)

Ler Mais

Manaus culpa ‘operários relaxados’ por mortes em estádio da Copa

O ano da Copa do Mundo no Brasil começou com metade dos 12 estádios prometidos para o torneio ainda em construção

Wyre Davies e Renata Mendonça – BBC Brasil

A Arena Amazônia, em Manaus é um deles; a previsão inicial de sua inauguração era para 15 de janeiro, mas esta foi adiada em pelo menos um mês por conta de atrasos enfrentados nos últimos meses. Atualmente, o grande “imprevisto” que impede a capital amazonense de estipular uma data exata para a conclusão de todas as obras é o período de chuvas na região, que acaba atrapalhando a conclusão dos trabalhos.

Outro problema que dificultou o cumprimento do cronograma em Manaus foi o acidente ocorrido em 14 de dezembro do ano passado, quando o operário Marcleudo de Melo Ferreira caiu de uma altura de 35 metros nas obras do estádio e morreu. O jovem, de 22 anos, foi a segunda morte registrada na construção da arena amazonense. Em março de 2013, Raimundo Nonato Lima da Costa, de 49 anos, também faleceu após despencar de uma altura de cinco metros. (mais…)

Ler Mais

MPF/AM consegue na Justiça retirada de ocupantes de terras do povo Jaminawa

Decisão liminar determina a retirada de três não-indígenas de área ocupada tradicionalmente pelos Jaminawa; ocupantes vinham impondo restrições de acesso aos índios

MPF – A Justiça Federal atendeu ao pedido do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) em ação de reintegração de posse e determinou, em medida liminar, a retirada de três não-indígenas da colocação São Paulino, uma área tradicionalmente ocupada por índios da etnia Jaminawa no município de Boca do Acre (distante 1.028 quilômetros de Manaus), próximo à fronteira do Amazonas com o Acre.

O MPF fez novo pedido de liminar à Justiça na ação que já tramita desde 2012 após visitar o local, em novembro de 2013, e constatar que três ocupantes não-indígenas chegados há cerca de três anos na área não possuem relação diferenciada com a terra, a exemplo dos pequenos produtores que convivem harmonicamente com os Jaminawa. Segundo relatos colhidos durante a visita, eles estariam impondo restrições quanto à área de roçado e de acesso à água dos igarapés aos indígenas e impedindo a circulação dos indígenas em áreas onde anteriormente realizavam caça.

Na decisão liminar, o juiz federal substituto Érico Rodrigo Freitas Pinheiro ressaltou que a impossibilidade de sobrevivência de forma tradicional oferece risco ao modo de vida dos índios, seus costumes e tradições, violando o que diz o artigo 231 da Constituição Federal. “É de ressaltar que, embora a demarcação da área não esteja concluída, a área, por ser de tradicional ocupação indígena, já integra o domínio da União (art. 20, XI, da Constituição). A demarcação é ato declaratório, não havendo razões para obstar o livre usufruto da área, pelos indígenas, antes de sua conclusão”, sustentou o juiz em trecho da decisão. (mais…)

Ler Mais

Não morreremos educadamente

brazil-indian-guarani-kaiowa-_mg_3767
Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste
Índios (Legião Urbana)

 

Trecho do Diário de Viagem de Marcio Pimenta*

Nos últimos dias estive em uma expedição pelo Mato Grosso do Sul fotografando o modo de vida dos índios Guarani Kaiowá nas aldeias Teykue, Pindoroky e Jaguapiru. Foi uma viagem absolutamente transformadora e um reencontro com o meu estilo de trabalho. Da forma como gosto de sentir o que está em volta de mim e… click! Deixo para vocês um trecho do meu diário de viagem. (mais…)

Ler Mais

Padre Ton expõe em Bruxelas situação dos indígenas Awá-Guajá

2014-01-24-AwaGuaja-nota

FUNAI – O presidente da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, deputado Padre Ton (PT-RO), denunciou nesta quarta-feira, 22, em Bruxelas, os riscos e perigos que afetam os indígenas Awá-Guajá , que vivem no Maranhão.

Na Conferência “Awá: à Beira da Extinção”, organizada pelo Parlamento Europeu, o parlamentar lembrou que o governo federal fez o despejo de invasores da reserva dos Awá-Guajá, considerados pela ONG Survival International como o povo mais ameaçado do planeta. (mais…)

Ler Mais

Caixa assina contratos do PNHR com 215 famílias quilombolas no Amapá

Em agosto de 2013, a ministra participou da solenidade de entrega de casas do PNHR na Comunidade Quilombola Palmeirinha em Minas Gerais
Em agosto de 2013, a ministra participou da solenidade de entrega de casas do PNHR na Comunidade Quilombola Palmeirinha em Minas Gerais

A operação é parte do Programa Nacional de Habitação Rural, que visa atender trabalhadores residentes na zona rural, com renda familiar anual de até R$ 15 mil

SEPPIR – A Caixa assinou contratos para construção de 215 unidades habitacionais na zona rural do Amapá no dia 10 de janeiro. A ação beneficia as comunidades quilombolas de Igarapé do Lago, Ressaca da Pedreira, Rosa, Curralinho e Conceição do Macacoari.

Trata-se de uma operação de concessão de subsídio à habitação com recursos do Orçamento Geral da União, enquadrada no Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). De abrangência nacional, o PNHR visa atender trabalhadores residentes na zona rural, com renda familiar anual de até R$ 15 mil e faz parte do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), do Governo Federal.

“Este ato materializa o esforço do Governo Federal em levar as políticas públicas até onde estão as pessoas, até as comunidades mais distantes das cidades e dos grandes centros”, afirma o gerente regional de governo da Caixa no Amapá, Célio da Silva Lopes. Segundo ele, “assistir a comunidades remanescentes de quilombos, às vésperas do aniversário da Caixa, simboliza que a empresa sempre esteve e sempre estará ao lado das populações que mais precisam de apoio”. (mais…)

Ler Mais

Os 30 anos do comício que a Globo transformou em festa

A550F2D0405D8AA440746D02EC7335AA4FAD1163558836A5FE3770673D306045Após 20 anos de ditadura, 300 mil brasileiros foram à Praça da Sé pedir eleições diretas. Jornal Nacional disse que o ato era festa pelo aniversário de SP

Najla Passos – Carta Maior

Brasília – Há exatos 30 anos, cerca de 300 mil pessoas foram à Praça da Sé, em São Paulo, para reivindicar eleições diretas para presidente. No palanque, políticos, artistas, sindicalistas e estudantes. Era o maior ato político ocorrido nos primeiros 20 anos da ditadura brasileira, com todo o seu saldo de mortes, torturas, desaparecimentos forçados, censuras e supressões dos direitos individuais. Mas o foco da reportagem que o telejornal de maior audiência do país, o Jornal Nacional, da TV Globo, levou ao ar naquela noite, era a comemoração pelos 430 anos de São Paulo.

O histórico comício da Praça da Sé ocorreu em um momento em que o Brasil reunificava suas forças para tentar por fim ao regime de exceção, em um movimento crescente. Treze dias antes, um outro ato político realizado em Curitiba (PR), com a mesma finalidade, havia sido completamente ignorado pela emissora. Mesmo a chamada para o ato que os organizadores tentaram veicular na TV como publicidade paga não foi aceita pela direção. O Jornal Nacional nada falou sobre o comício que levou 50 mil pessoas às ruas da capital paranaense. Antes dele, outros, menores, já ocorriam em várias cidades brasileiras desde 1983. Nenhum mereceu cobertura. (mais…)

Ler Mais

SP 460 anos: “Bandido bom é bandido morto” é o preconceito mais votado, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

Conforme prometido, seguem os resultados da enquete sobre os preconceitos que mais incomodam ao serem ouvidos nas ruas de São Paulo. Considere minha contribuição nos festejos do 460o aniversário da nossa cidade. Em ambos os anos, tivemos cerca de 3 mil votos. O que  não significa absolutamente nada porque isto é uma enquete sem nenhum rigor científico. Os resultados foram colhidos de ambas as enquetes às 8h50 deste sábado (25).

De qualquer forma, o fato da opção “Bandido bom é bandido morto” ter ficado em primeiro lugar, neste ano, com 16,71%, é paradigmático do momento em que vivemos, em que a preocupação com a questão da segurança pública e as políticas adotadas para resolvê-la estão mais presentes no debate público. Como já disse aqui anteriormente, tão presentes que não me admira se o debate sobre a redução da maioridade penal for utilizado como instrumento eleitoral durante a campanha no segundo semestre, soterrando o bom senso.

Um dado complementar para essa hipótese é de que o 11o lugar de 2013 (Tá com dó [de dependente químico ou de sem-teto]? Leva para casa!, com 4,08%) subiu para quinto este ano, atingindo 9,25%.

No ano passado, o primeiro (É tudo “baianada” – com 14,96%) e o segundo (O trabalho de São Paulo é que sustenta o restante desse país – com 12,52%) lugares têm relação direta como parte de São Paulo se vê e vê os de fora. O que ganha um certo ar de narrativa nonsense porque todos daqui são de fora, considerando que enxotamos os habitantes nativos. O terceiro lugar de 2013 (Mano, cê é bicha?, 12,29%) ficou apenas em oitavo, em 2014, com 5,63%. “Tinha que ser preto!”, que teve 11,83% e q quarta posição, em 2013, subiu para a segunda neste ano, com 13,25%. (mais…)

Ler Mais