Há cerca de três décadas já se sabe do avanço de índios isolados, oriundos do Peru. Há dez anos, porém, este movimento migratório se intensificou enormemente, e as causas são bem conhecidas, embora nada se tenha feito, por parte do governo de nenhum dos países, para minimizar o problema. Os isolados estão sendo verdadeiramente expulsos de seus territórios de origem pela intensa exploração madeireira e petrolífera em uma vasta região do Peru, fronteiriça com nosso país, exploração esta legalizada e empresarial, afora também as atividades clandestinas que se somam nesta região, inclusive o tráfico de drogas. Hoje então, já contamos com quase um milhar destes índios sem (ou reduzido)1 contato com a “civilização ocidental”, que então vem ocupando as florestas acreanas, se encontrando, então, com índios já integrados à sociedade, como os Huni Kuin (Kaxinawá), os Ashaninka (Kampa) e Madejá (Kulina), entre outras etnias. Encontram-se, também, com diversos seringueiros, ribeirinhos e colonos. Ocupam terras às margens dos Rios Envira, Tarauacá, Murú, Iboaçú, Jordão, Xinane, entre outros.
Nestes encontros ocorrem numerosos conflitos. Os mais noticiados são furtos, isolados ou em massa, de produtos dos roçados e de variados artefatos das casas dos índios ou seringueiros, tais como panelas, terçados e redes. Houve diversos casos de aldeias inteiras, casas inteiras, esvaziadas. Há também casos de assassinatos dos dois lados, nestes contatos nada amistosos (OESP, 2012). Os seringueiros, muitas vezes, confundiam os isolados com os índios já aculturados brasileiros, o que gerava animosidade entre vizinhos. (mais…)