“A Polícia Federal ouviu depoimentos de dez índios tenharim e de duas pessoas não-indígenas na aldeia Marmelos como parte das investigações sobre o desaparecimento de três homens no interior da reserva Tenharim [?]. Esses depoimentos foram realizados sem a presença do advogado de defesa, segundo informou a Comissão de Defesa dos Direitos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Amazonas neste domingo (12).
A reportagem do Amazônia Real apurou que nem todos os índios responderam às perguntas do delegado Alexandre Alves, que tenta elucidar a suspeita da participação dos tenharim em crimes de sequestro e homicídios, conforme acusação das famílias dos rapazes.
De acordo com a comissão da OAB, os índios tenharim e jiahui continuam negando participação no desaparecimento, registrado no dia 16 de dezembro de 2013 pela Polícia Federal.
O professor Stef Pinheiro de Souza, 43, do agente da Eletrobrás, Aldeney Ribeiro Salvador, 40, e do comerciante Luciano da Conceição Ferreira Freire, 30, desapareceram na rodovia 230, na Transamazônica, em um trecho próximo a aldeia Taboca, no quilômetro 137 da reserva, em Manicoré (a 322 quilômetros de Manaus).
A Comissão de Defesa dos Direitos Indígenas da OAB informou que não teve acesso as peças do inquérito da Polícia Federal. O delegado Alves decretou o sigilo da investigação. A reportagem procurou a Polícia Federal para falar sobre as investigações, mas não recebeu retorno da assessoria de imprensa.
Na sexta-feira (10), a OAB do Amazonas decidiu intervir na série de depoimentos porque os índios tenharim e jiahui reagiram ao ser chamados para os interrogatórios dentro das aldeias sem a presença do advogado deles, Ricardo Tavares de Albuquerque.
Indígenas ouvidos pelo Amazônia Real afirmaram que a PF está “pressionando” eles para falar sobre o desaparecimento dos três homens dentro da reserva. Segundo o advogado Ricardo Albuquerque, a defesa dos índios não foi informada que haveria interrogatórios nas aldeias.
Ele disse que havia orientado os tenharim e jiahui a não depor sem a presença da defesa para garantir que os direitos deles fossem cumpridos na investigação criminal em andamento.
Segundo a Comissão de Defesa dos Direitos Indígenas da OAB, nesta terça-feira (14) o advogado dos índios ingressará com um recurso na Justiça Federal solicitando acesso a inquérito policial que investiga os desaparecimentos. A medida é para garantir a defesa integral os tenharim no processo criminal.
Devido as investigações na terra indígena Tenharim, os indígenas decidiram não sair dos limites da reserva. A região está ocupada por uma força-federal formada por homens da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Exército, entre outras corporações”.