“A papai-noel-ização de Nelson Mandela”, por Slavoj Žižek*

Foto: Media24 /Gallo Images /Getty Images
Foto: Media24 /Gallo Images /Getty Images

Se Nelson Mandela tivesse realmente vencido, não seria aceito como um herói universal

 Slavoj Žižek, The Guardian, UK – Tradução Vila Vudu em RedeCastor

Nas últimas duas décadas da vida, Nelson Mandela foi festejado como modelo de como libertar um país do jugo colonial sem sucumbir à tentação do poder ditatorial a sem postura anticapitalista. Em resumo, Mandela não foi Robert Mugabe, e a África do Sul permaneceu democracia multipartidária com imprensa livre e vibrante economia bem integrada no mercado global e imune a horríveis experimentos socialistas. Agora, com a morte dele, sua estatura de sábio santificado parece confirmada para toda a eternidade: há filmes sobre ele (com Morgan Freeman no papel de Mandela; o mesmo Freeman, aliás, que, noutro filme, encarnou Deus em pessoa). Rock stars e líderes religiosos, esportistas e políticos, de Bill Clinton a Fidel Castro, todos dedicados a beatificar Mandela.

Mas será essa a história completa? Dois fatos são sistematicamente apagados nessa visão celebratória. Na África do Sul, a maioria pobre continua a viver praticamente como vivia nos tempos do apartheid, e a ‘conquista’ de direitos civis e políticos é contrabalançada por violência, insegurança e crime crescentes. A única mudança é que onde havia só a velha classe governante branca há agora também a nova elite negra. Em segundo lugar, as pessoas já quase nem lembram que o velho Congresso Nacional Africano não prometera só o fim do apartheid; também prometeu mais justiça social e, até, um tipo de socialismo. Esse CNA muito mais radical do passado está sendo gradualmente varrido da lembrança. Não surpreende que a fúria outra vez esteja crescendo entre os sul-africanos pretos e pobres. (mais…)

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SP – Shopping Cidade Jardim terá que indenizar músico negro constrangido por seguranças

 Pedro Bandeira, 39, músico que será indenizado por abordagem sofrida no shopping Cidade Jardim, na zona oeste de São Paulo. Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Pedro Bandeira, 39, músico que será indenizado por abordagem sofrida no shopping Cidade Jardim, na zona oeste de São Paulo. Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Folha/Uol

O shopping Cidade Jardim, um dos mais luxuosos de São Paulo, foi condenado a pagar R$ 6.780 ao músico cubano Pedro Bandera, 39, como indenização por danos morais, em razão de uma abordagem de seguranças do estabelecimento em agosto de 2010. Bandera, que é negro, afirma ter sido vítima de preconceito racial quando ele andava pelo shopping à procura do local onde faria um show. O músico é percussionista da cantora Marina de la Riva.

A Justiça considerou que houve “constrangimento indevido”, mas que não foi possível confirmar ter havido um crime de racismo. Cabe recurso à decisão. O shopping nega ter havido discriminação.

O músico afirma que foi abordado de forma hostil por um grupo de seguranças que queria saber o que ele procurava e o que ele fazia. (mais…)

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SOS Porto Esperança: MPF considerou arbitrárias atitudes de empresário e determinou providências para preservar comunidade ribeirinha

À esquerda, Jorge Moreira, vice-presidente da associação de moradores, mostra uma das cercas colocadas próximo a margem do Rio Paraguai por determinação da empresa agropecuária dona da Fazenda Triângulo; à direita, campo de futebol que ficou isolado. Foto: Anahi Zurutuza / Capital News
À esquerda, Jorge Moreira, vice-presidente da associação de moradores, mostra uma das cercas colocadas próximo a margem do Rio Paraguai por determinação da empresa agropecuária dona da Fazenda Triângulo; à direita, campo de futebol que ficou isolado. Foto: Anahi Zurutuza / Capital News

Para o Ministério Público Federal (MPF) “qualquer tentativa de retirada de membros de comunidades tradicionais de seus territórios é ilegal”.

Por Anahi Zurutuza, enviada especial a Porto Esperança  – Capital News

Depois que a Associação de Moradores de Porto Esperança e o vereador de Corumbá Evander Vemdramini (PP) denunciaram os desmandos da Agropecuária Brahman Beef Show (ABBS), a Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul instaurou inquérito civil, constatou irregularidades cometidas pela empresa e determinou que a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão responsável pela área onde vivem os ribeirinhos, tome providências para preservar a comunidade.

À ABBS, o MPF fez série de recomendações. Nada foi cumprido ainda.

Em Porto Esperança, as casas dos ribeirinhos foram construídas em área que é considerada de preservação ambiental. Pelo Código Florestal, a faixa de proteção das margens de rios é de no mínimo 5 metros e podem ter até 100 metros, dependendo da largura do curso d’água. É neste espaço que, há um século, surgiram as primeiras moradias em palafitas. (mais…)

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MS – Polícia Federal tenta responsabilizar CONDEPI e outras entidades pelo destino dos indígenas nas retomadas

CONDEPI

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Desde sua criação em 25/11/2011, o CONDEPI – Comitê Nacional de Defesa dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul -, como muitas outras instituições e entidades decentes do País, escreve às diferentes autoridades, nacionais e estaduais, não só tentando fazer com que a Constituição seja cumprida, como buscando garantir que pelo menos o não cumprimento do capítulo “Dos Índios” não signifique a perpetuação do atual genocídio.

Agora, ante diversos mandados de ‘reintegração de posse’ expedidos por alguns prestimosos, diligentes, rápidos, zelosos e eficientes operadores da justiça togada do MS, o CONDEPI vem-se preocupando, entre outras coisas, com a forma como se darão essas reintegrações, se não conseguirmos derrubá-las, considerando os resultados do passado próximo. Assim, juntamente com outras entidades, encaminhou um ofício à Polícia Federal, solicitando que, em eventuais processos de ‘reintegração de posse’, seja observado o Manual do governo federal que estabelece diretrizes sobre esses procedimentos. A resposta foi um ofício irônico, que tenta responsabilizar as entidades pelo destino dos indígenas. (mais…)

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Yvy Katu – terra, vida e morte, por Egon Heck

Yvy Katu 1 - Egon HeckPor Egon Heck, na Revista Missões

Sentei para escrever um texto sobre os acontecimentos que fervilharam no centro do poder. Seria possivelmente um escrito indignado, irado, com suspiros de esperança na luta pelos direitos humanos.

Ao me deparar com a carta de Yvy Katu uma incontida emoção eclodiu. Lembrei-me dos inúmeros momentos da participação em rituais, rodas de conversa, ou na agradável companhia no rancho de Rosalino e Lourença ou ainda nas Aty Guasu ali realizadas, carregadas de tensão e esperança. Em todos esses momentos o assunto central das conversas sempre girava em torno da luta pela terra e seus desdobramentos. Afinal de contas faziam dez anos que o governo federal reconhecia a terra indígena e nada acontecia em termos de solução da questão da liberação das terras para os Guarani.

Diante de mais esse grito , quase desesperado, dos Guarani, não é possível ficar parado e calado. De imediato me dispus a ajudar a dar visibilidade e entrar em sintonia com a alma Guarani, se manifestando em rituais profundos, de despedida, “começamos a realizar um raro ritual religioso nosso de despedida da vida da terra, essa é a nossa crença, um ato consciente de preparação da vida para a morte forçada pelas armas de fogo dos homens brancos, ou melhor, começamos a participar da cerimônia de aceitação e confirmação da saída forçada da alma do corpo e sua volta ao cosmo Guarani em função da morte forçada no campo da luta”. Com certeza o grande page (Nhanderu) líder religioso e lutador de seu povo Delosanto Centurion, que há poucos anos partiu, juntamente com o espírito dos guerreiros, estarão inspirando seu povo em mais um momento tão decisivo. Junto-me a todos, nessa encruzilhada crucial. É preciso muita reza e luta. (mais…)

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Carlos Lessa: “BNDES não é corretor de compra e venda”

O Economista Carlos Lessa, ex- presidente do BNDES e sócio do Casarão Ameno Resedá, no Catete Hudson Pontes / Agência O Globo Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/bairros/os-encantos-misterios-do-catete-por-carlos-lessa-9797511#ixzz2nST5oK2p  © 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Carlos Lessa. Foto: Hudson Pontes / Agência O Globo

Por Rogério Daflon*, do Canal  Ibase

O professor e economista Carlos Lessa foi presidente do BNDES de janeiro de 2003 a novembro de 2004. Teve uma experiência anterior no banco, no qual dirigiu a área social do BNDES de 1985 a 1989. Antes de começar a entrevista ao Canal Ibase, Lessa, de 78 anos, quis deixar algo claro: “O BNDES deve ser examinado criticamente, como objeto de avaliação e debate públicos, mas nunca como uma visão neoliberal. A tendência neoliberal é a seguinte: se puder acabar com o BNDES acaba e se não puder, converta-o em banco de investimento, porque, deste jeito, repassa recursos a operações privadas. Se vocês concordam com isso, eu vou sair na porrada com vocês”, disse ele, sem conter o riso. Nesta entrevista, Lessa ressalta que o caminho do BNDES deve ser seguido com toda a transparência.

CANAL IBASE:  O seu período na presidência do BNDES foi de crítica ao modelo neoliberal…

CARLOS LESSA: Pois é. Atualmente, estou vendo uma tentativa de acabar com a soberania nacional. Agora, a presidência da República autorizou até 30% de ações do Banco do Brasil na Bolsa de Nova York. O Brasil se saiu melhor nessa última crise mundial, por uma razão muito simples com a qual os atuais governantes não têm nada a ver: tanto o Banco do Brasil quando a Caixa Econômica Federal quanto o BNDES eram instrumentos de políticas públicas. E, apesar do Banco Central estar inteiramente impregnado da doutrina do Conselho de Washington  e serventuário do modelo de contração neozelandês, os três outros bancos se comportaram de forma anticíclica. Em qualquer crise, os bancos privados são pró-cíclicos. Os europeus descobriram isso e já não têm mais banco público. Por isso, agora na Europa há uma nítida tendência à re-estatização dos bancos. (mais…)

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Por que a burguesia canonizou Nelson Mandela?

Nelson Mandela on Day After Release… a campanha em curso desencadeada mundialmente pelos governos e ideólogos da burguesia para canonizar Mandela, transformando-o em um profeta do pacifismo e da tolerância, pretende ensinar aos povos do mundo como seria o meio correto de se lutar. Tudo deve ser feito sem apelo à violência, com diálogo e respeito. Os rancores devem ser esquecidos e é necessário olhar sempre em frente. É preciso esquecer o que passou. Para tanto, desvirtua-se o papel histórico de Madiba, visando claramente mostrar aos povos dominados e explorados a maneira mais adequada de se lutar contra as injustiças.

Por Renato Nucci Jr, em Correio da Cidadania

Após a sua morte, o líder sul-africano Nelson Mandela foi canonizado e convertido, pelas classes dominantes, em um ícone do pacifismo. Essa transformação feita por gente que no fundo de sua alma devem odiá-lo atende a alguns interesses.

Acima de tudo, pretende-se esvaziar o papel revolucionário de Mandela. Os líderes políticos burgueses que hoje derramam lágrimas de crocodilo por Madiba, como era carinhosamente chamado por seu povo, querem apagar da memória de milhões de pessoas em todo o mundo o seu exemplo como político e revolucionário. Querem esconder o seu passado de líder da luta anticolonialista.

Membro do Partido Comunista da África do Sul até 1962 e do Congresso Nacional Africano (CNA), Mandela nunca abdicou da violência como forma de enfrentar o terrorismo de Estado do regime de apartheid. Na década de 1940, ele surgia no interior do CNA como um crítico das táticas pacifistas de luta, empregadas por uma geração anterior de dirigentes. (mais…)

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“A mais emocionante homenagem a Mandela veio do local mais inesperado”

‘Funcionários’ de supermercado na África do Sul fazem emocionante homenagem a Nelson Mandela

Em Yahoo/Pragmatismo Político

O coro musical Soweto Gospel Choir, da África do Sul, preparou um flash mob em homenagem ao ex-presidente Nelson Mandela. Vestidos como funcionários de um supermercado em Soweto, os membros do grupo começaram a entoar, um a um, a canção “Asimbonanga”, dedicada ao líder.

Os consumidores param para observar e, emocionados, recebem flores. Ao fim do vídeo, todos do coro erguem o punho direito cerrado, símbolo da luta contra o racismo. No vídeo, aparece a mensagem “Hamba Kakuhle, Tata Madiba” (“Vá bem, pai Madiba”, em tradução livre). (mais…)

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A luta dos povos pela vida em tempos de barbárie: depoimento da liderança Kaiowá Valdelice Verón

Por Perci Coelho de Souza – Depoimento dramático gravado com exclusividade pela TV Comunitária de Brasília proferido pela liderança indígena Guarani-Kaiowá Valdelice Veron. A indígena faz um apelo aos participantes do seminário do Quintas Urbanas da UnB, em 6 de dezembro de 2013, sobre a gravidade da situação que tem levado ao genocídio e até ao suicídio de índios dessa etnia em Mato Grosso do Sul. Segundo Valdelice existe neste estado uma violação sistemática dos direitos indígenas devido ao confinamento em reservas indígenas fora das terras sagradas. Para Valdelice o impacto do Poder Econômico, sobretudo do agronegócio da soja e da cana-de-açúcar, vem acompanhado da omissão do Governo Federal e do apoio do Governo de Mato Grosso do Sul, como também da conivência de autoridades do governo municipal de Dourados e região.

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