João Cândido: Herói injustiçado!

jg-rua1CENPAH – Nos livros de história do Brasil, o marinheiro João Cândido aparece como o herói da Revolta da Chibata. Corajoso, ele liderou em 1910 o motim no qual dois mil marinheiros negros obrigaram a Marinha a extinguir punições desumanas contra os soldados, como ofensas, comida estragada e chicotadas. Os revoltosos conseguiram seu objetivo, mas foram expulsos dos quadros militares ou presos e mortos. Só recentemente João Cândido saiu da condição de personagem esquecido da historiografia oficial para o papel de protagonista. Em 2008, uma lei finalmente concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros. A reparação, porém, foi incompleta. No ano do centenário da Revolta da Chibata, João Cândido e os outros revoltosos continuam sem as devidas promoções e seus familiares sem receber indenização – como aconteceu com os que resistiram à ditadura militar, por exemplo. Os prejuízos com a expulsão da Marinha não foram compensados. “Sinto como se meu pai ainda fosse um renegado e não um herói”, diz Adalberto Cândido, o Candinho, 71 anos, filho de João Cândido. As comemorações pelos 100 anos da Revolta da Chibata não o animam. “Homenagens são bonitas, mas não enchem barriga”, desabafa Candinho.

Para negar indenização aos anistiados, há dois anos, o governo alegou que, se todos os descendentes recebessem, haveria um rombo no orçamento. O tempo derrubou o álibi: apenas dois grupos de parentes pediram anistia. A verdade é que, por trás do argumento, estava também a resistência da Marinha. Agora, a família de João Cândido torna a reivindicar seus direitos. Por causa da exclusão da Marinha, ele não pôde mais conseguir emprego formal. Mudou-se para São João de Meriti, o mais pobre dos municípios da Baixada Fluminense, onde parte de sua família vive até hoje. Por décadas, sustentou a mulher e os sete filhos com o que ganhava como pescador. Uma imagem nada condizente com o personagem épico que o jornal “O Paiz” descreveu como “o árbitro de uma Nação de 20 milhões de almas”. O filho recorda-se das dificuldades: “Usávamos tamancos em vez de sapatos, vestíamos roupas velhas, não tínhamos eletricidade”, relata. João Cândido morreu na miséria em 1969, em Meriti. (mais…)

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Mineração no Xingu, a batalha entre a canadense Belo Sun e os garimpeiros da Ressaca, por Rogério Almeida

Mapa: ISA / Amazonia.org
Mapa: ISA / Amazonia.org

Rogério Almeida* – EcoDebate

Há seis meses perto de 600 garimpeiros da Vila da Ressaca, no município de Senador José Porfirio, estão sem fonte de renda. Eles fazem parte do universo de pessoas e categorias que serão atingidas pelos grandes projetos da região do Xingu, a sudoeste do Pará, mais precisamente na Volta Grande do Xingu, a 50 km a sítio Pimental, que integra a engenharia do projeto da Hidrelétrica de Belo Monte. Cerca de duas horas de barco separam a Volta Grande do município de Altamira, cidade polo da região. (mais…)

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ProSavana – Projeto agrário apoiado pelo Brasil é alvo de críticas em Moçambique

Andrea Fama Cecilia Anesi* – Folha Online

Um projeto de produção de alimentos em Moçambique, com financiamento do Brasil, vem recebendo críticas de pequenos agricultores e entidades do país do leste africano, ex-colônia portuguesa.

Com a ambição de ser um celeiro de alimentos para um dos países mais pobres do mundo, o ProSavana planeja revolucionar a produção agrícola no Corredor Nacala, uma área fértil no norte de Moçambique com 14,5 milhões de hectares de terras (área equivalente ao Ceará).

As características da região, parecidas às do cerrado, facilitaram o envolvimento do governo brasileiro.

O objetivo é aumentar a produção de alimentos para o mercado interno e exportar o excedente, mas Brasil e Japão (outro financiador do ProSavana) vêm recebendo criticas por estarem interessados apenas em promover o cultivo de produtos para exportação e biocombustíveis –o que os dois países negam. (mais…)

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Rio dos Índios e a luta pela Terra (completo)

Gapin LutaOriginária – O que a mídia mascara é que o conflito instaurado em Vicente Dutra, na verdade, passa muito longe de ser uma briga “entre pequenos”. Trata-se de uma luta dos Kaingang contra a expropriação indevida de parte de seu território feita pelo ex-prefeito da cidade, Osmar José da Silva, que conta com o apoio de parceiros políticos.

Enquanto morrem indígenas em atentados em todo o país e muitos outros poderão ocorrer devido às ameaças anunciadas e às promessas de que os ruralistas irão “resolver” por eles mesmos a questão dos conflitos agrários no Mato Grosso do Sul, esta grande rede federal-local vai ganhando tempo, protegendo micro e macro interesses e renovando a esperança de conseguir finalmente alterar a Constituição Federal para poder, de uma vez por todas, retirar os indígenas do caminho do “progresso e do desenvolvimento”.

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Regras paulistanas para convívio social com a população em situação de rua, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

1) Áreas cobertas em viadutos, pontes, túneis ou quaisquer locais públicos que possam acolher população em situação de rua devem ser preenchidas com concreto ou gradeadas, evitando assim a criação de nichos ou casulos de maltrapilhos prontos para assaltar o cidadão de bem.

1.1) Em caso de uso de concreto para preencher esses espaços, lembre-se que a face superiora da concretagem não deve ficar paralela à rua, mas com inclinação suficiente para que um corpo sem-teto nela estendido e prostrado de cansaço e sono role feito um pacote de carne velha até o chão.

1.2) Outra opção, caso seja impossível uma inclinação acentuada, é o uso de floreiras, cacos de vidro ou lanças de metal. É menos discreto, mas tem o mesmo resultado.

2) Prédios novos devem ser construídos sem marquises para impossibilitar o acúmulo de sem-teto ou de supostos marginais em noites chuvosas. (mais…)

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IEB 15 Anos. Parabéns!

 – O Instituto Internacional de Educação do Brasil comemora em 2013 seus 15 anos de fundação. Ao longo dessa trajetória, o IEB investiu em pessoas. Dedicou-se a formar e capacitar gente, a gerar e disseminar conhecimento, e a fortalecer diferentes atores na construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Seus programas e projetos são desenvolvidos em três eixos estratégicos de atuação: Formação e Capacitação; Fortalecimento Institucional; e Gestão Ambiental e Territorial e Manejo de Recursos Naturais.

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Pressão de religiosos prejudicou a campanha de prevenção a aids, diz especialista

AIDS

Por Thais Araujo, Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Brasil precisa adotar uma postura mais incisiva na área da prevenção e da infecção por HIV para recuperar o protagonismo mundial no enfrentamento à doença. A opinião é do médico sanitarista e epidemiologista Pedro Chequer. Considerado um dos principais especialistas no tema no país, ele acredita que o Brasil sofreu um “grande retrocesso” nos últimos anos por, entre outras razões, ceder à pressão de grupos religiosos na condução das ações de resposta à epidemia. (mais…)

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No Brasil tudo vira pó

chacrinha

Por Bruno Cava e André Barros em Quadrado dos Loucos

O helicóptero era do deputado. O piloto era do deputado. O piloto era funcionário da Assembleia Legislativa de Minas. Num cargo por indicação do deputado. De acordo com o piloto, o deputado sabia do voo e o autorizou. O dinheiro usado pra abastecer era da cota do deputado.

Nessa história, só a cocaína não tem dono. 443 kg da pasta-base de cocaína, que vira duas vezes mais no varejo. A apreensão, sozinha, corresponde a 2,5% de todos os confiscos de cocaína no ano passado, quando chegou perto de 20 toneladas. O senador que é pai do deputado também tem usado a sua cota parlamentar. O Senado desembolsou, até agora, R$ 104 mil para encher o tanque do mesmo helicóptero. Para o transporte dos 443 kg, o piloto recebeu R$ 106 mil do copiloto, que o teria “pressionado” a fazer o pobre serviço. (mais…)

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