Do MAB
Cerca de 200 atingidos e atingidas por Belo Monte ocuparam a sede da Norte Energia, consórcio dono da barragem, na cidade de Altamira, Pará, na manhã dessa sexta-feira (18 de outubro). O objetivo é cobrar o direito à moradia com qualidade para os atingidos pela obra em Altamira e municípios vizinhos. A ação é organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Os manifestantes protocolaram a pauta com as revindicações e agora aguardam para serem atendidos por representantes da empresa.
Os atingidos da cidade de Altamira exigem que as casas a serem entregues para compensar a remoção das famílias sejam feitas de tijolos e oferecidas em três modelos de três tamanhos diferentes – de acordo com o que a própria Norte Energia (dona da barragem) havia prometido inicialmente. Iniciado o reassentamento, a empresa mudou sua proposta e passou a oferecer apenas um modelo de casa, de 63 m², e feita em concreto pré-moldado. “Essas casas são verdadeiras latas de sardinha com prazo de validade. Mal começaram a ser construídas e já estão rachando”, afirma Nalda Oliveira, uma das atingidas, participante do grupo de base da rua 8 do MAB.
Também presentes na manifestação, os moradores da ocupação urbana Novo Horizonte, do município de Brasil Novo, exigem serem reconhecidos como atingidos pela empresa. “Os aluguéis que a gente pagava subiram por causa da barragem. Quem pagava R$ 200, passou a pagar quase um salário. Por isso, fomos obrigados a ocupar aquele terreno que era da prefeitura e estava vazio, sendo usado para prostituição e tráfico de drogas”, explica Ronivon, morador e militante do MAB. As 173 famílias residentes no local exigem que a empresa assuma a responsabilidade de construção das moradias populares e auxilie na regularização do terreno.
A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas que os trabalhadores estão organizando em todo o Brasil nessa semana para defender a soberania energética do país. “Somos contra a realização do leilão do petróleo de Libra, que foi marcado para segunda que vem, pois isso vai representar a privatização desse recurso estratégico para o desenvolvimento do país”, afirma Iury Paulino, do MAB. Em todo o país, atingidos por barragens, sem terra, jovens e trabalhadores do setor energético ocuparam prédios públicos e fizeram marchas.