CE – Defensoria investiga denúncia de higienização de moradores de rua em Fortaleza

Pessoas com farda camuflada teriam levado moradores de rua de Fortaleza para local desconhecido. Sumiço coincidiu com a Copa das Confederações

O Povo Online – A Defensoria Pública do Estado do Ceará investiga denúncia de que pessoas em situação de rua estariam sendo “recolhidas compulsoriamente” de pontos turísticos da Capital. A queixa, apresentada pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável (CNDDH) em Fortaleza, diz que aproximadamente 40 pessoas desapareceram e teriam sido vítimas da chamada “higienização social”. As ações teriam começado com a Copa das Confederações.

De acordo com o supervisor de Ações Coletivas da Defensoria Pública, Régis Pinheiro, foi denunciado que homens trajando roupas camufladas estariam recolhendo pessoas que vivem na região da orla marítima e no Centro. Eles estariam sendo colocados em veículos e levados para outros municípios, como Guaiuba e Pacatuba.

“É importante destacar que ainda não há evidências concretas de que essas pessoas tenham sido recolhidas de forma compulsória. Mas o fato é que a população de rua não está mais nos locais habituais. O problema é que não se sabe para onde elas estão indo”, diz Pinheiro.

O defensor destaca ainda o agravante de que a maioria das pessoas que vivem na rua não têm vínculos familiares ou sociais, não tendo, portanto, quem reclame pelo “sumiço”. Uma equipe da defensoria visitou Guaiuba e Pacatuba, em busca de evidências de que moradores tenham sido levados para lá, mas nada foi encontrado.

Sem higienização

Procurada pelo O POVO, a Secretaria Municipal do Trabalho e Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra) informou que teve conhecimento do assunto pela imprensa. A secretaria informa ser terminantemente contra qualquer ação de “higienização social”. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, o serviço especializado de abordagem de pessoas em situação de rua continua atuando normalmente. O procedimento não inclui a remoção dos moradores, considerada “regressão” pela pasta. Durante a ação, os moradores são orientados sobre como ter acesso a serviços públicos.

O POVO procurou a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas dos Direitos Humanos do Estado do Ceará para falar sobre o assunto. A assessoria de imprensa do Governo do Estado repassou os telefones de contato do órgão. As chamadas, contudo, não foram atendidas ontem.

ENTENDA A NOTÍCIA

Segundo a denúncia, pessoas em situação de rua estariam sendo recolhidas de maneira compulsória por homens trajando fardamento camuflado. Não há, porém, evidências concretas de que o ato esteja ocorrendo.

Saiba mais

Fortaleza dispõe de apenas um centro para atender a população que vive nas ruas, o chamado Centro Pop, que fica no Centro.

O estabelecimento recebe, das 8h às 17 horas, pessoas que queiram lavar roupas, tomar banho ou participar de alguma oficina. No ano passado, houve 2.289 atendimentos no local.

Um novo Centro Pop deverá ser inaugurado pela Prefeitura, no próximo mês, no Benfica.

Na semana passada, entidades locais que lidam com moradores de rua participaram de reunião com representantes da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, da Presidência, que se comprometeu a solicitar à Força Nacional uma posição sobre a denúncia e a realizar fiscalizações na Capital.

Serviço

Denúncias

Informações sobre o recolhimento compulsório de pessoas em situação de rua podem ser passadas ao Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da Defensoria Pública.

Telefone: (85) 3278 7390

Enviada por Rodrigo de Medeiros Silva para Combate Racismo Ambiental.

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