Gledson Leão – Hoje em Dia
O que era para ser uma tarde de futebol e descontração em Belo Horizonte terminou numa noite de guerra entre manifestantes e a Polícia Militar (PM) nas proximidades do Mineirão, na avenida Antônio Carlos. Balas de borrachas, bombas de gás lacrimogêneo e pedras marcaram o ato que reuniu mais de 40 mil pessoas ao longo da segunda-feira (17).
A capital mineira entrava de vez no calendário da Copa das Confederações com o jogo entre Taiti e Nigéria. Porem, manifestantes iniciaram o protesto na Praça 7, no Centro da cidade, e seguiram a pé até as imediações do Mineirão, em um trajeto de cerca de dez quilômetros, pacificamente.
A confusão começou quando chegaram na altura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi montado um grande bloqueio militar para que os manifestantes não chegassem ao estádio. Então, o grupo manifesto tentou negociar, mas foi encurralado pela PM, segundo os manifestantes.
O clima estava tenso, quando duas bombas explodiram no meio dos protestantes. A polícia reagiu e o local se transformou numa verdadeira praça de guerra. Tiros de balas de borracha foram disparados, bombas de gás lacrimogêneo lançadas e o Batalhão de Choque e a Cavalaria tentavam dispersar os manifestantes.
Uma jovem, Sabrina Valente, foi agredida por um policial e ficou sangrando. Um rapaz, Gustavo Magalhães Justino, de 18 anos, para fugir do ataque da polícia, pulou do viaduto na avenida Abrahão Caram e se feriu. Ele permanece internado no Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova. Uma outra mulher, no trevo do bairro Santa Mônica, também precisou ser socorrida.
Na tentativa de conter o avanço dos militares, manifestantes colocaram fogo e montaram uma barricada na pista sentido Centro. A PM, por sua vez, cercou todas as ruas nas imediações do local. Ninguém entrava nem saia. Quem voltava do estádio encontrou o clima hostil e não sabia o que fazer.
Balas de borracha foram disparadas contra um grupo de manifestantes, que reagia com pedras. Foram mais de duas horas de guerra. Aos poucos, as vias foram liberadas para circulação. Mas o ato não terminou aí, pois manifestantes se reuniram novamente na Praça 7 e iniciaram um outro protesto, sem confusão, na paz.
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.