“El Buen Vivir és una critica radical de la sociedad de consumo y del procutivismo, que someten tanto a los indivíduos a necesidades ilusorias, como a la nauraleza, a los seres humanos, pra explotar de manera infinita los recursos naturales” (Mathieu Le Quang e Tamia Vercoutere, “Ecosocialismo y Buen Vivir”, IAEN)
João Alfredo Telles Melo*
Nestes últimos dias 10 a 12 de junho, tive a felicidade e a honra de participar do Seminário Internacional “Crise Civilizatória, Ecossocialismo e Bem Viver”, realizado em Quito capital do Equador, sob a promoção do Instituto de Altos Estudios Nacionales, La Universidad de Postgrado de Equador. Fomos apenas dois brasileiros – Francisco Caporal (da Universidade Federal Rural de Pernambuco), que falou sobre agroecologia, e eu, que tratei do tema “Crise Planetária, Estado Ambiental e Ecossocialismo” – dentre 23 conferencistas de 13 países de 5 continentes (Américas do Sul, Central e do Norte, Europa e África).
Programação intensa nos três dias com cinco conferências magistrais e seis mesas redondas, abordando temáticas amplas e diversificadas na perspectiva do diálogo entre a proposta teórico-política-ideológica do Ecossocialismo com os elementos da cosmovisão andina, presente nos povos originários e tradicionais da Bolívia e do Equador, que é o “Bem Viver”. Ali, se discutiu desde os sinais e evidências dessa crise planetária até experiências concretas de lutas e modelos de convivência amigável com a Natureza, passando pela matriz energética, a crise agroalimentar, a questão dos bens comuns etc. Devo fazer, depois, um relato mais denso e aprofundado que socializarei em nossos meios digitais, mas, para quem quiser saber mais do seminário, consulte o sítio do IAEN (o Instituto dos Altos Estudos Nacionais do Equador).
Além do seminário, ainda participei de um encontro que reuniu representantes do Governo Equatoriano (cuja Revolução Cidadã, tem como lema “o Socialismo do Bem Viver”) e da Universidade com os painelistas estrangeiros do seminário, no dia de ontem. À tarde, tivemos – Jorge Riechmann, da Espanha, Gian Delgado, do México, Miguel Nuñes, da Venezuela, e eu – uma reunião com técnicos do ministério do planejamento local sobre a questão dos transgênicos.
Como disse, pretendo escrever depois, com mais vagar, sobre o que vi e ouvi nesses dias intensos, mas, ricos e agradáveis, na bela cidade incrustada na Cordilheira dos Andes. Mas, não posso deixar de adiantar a felicidade que ainda me atravessa ao ver que na universidade pública equatoriana o tema do Ecossocialismo é objeto de pesquisa, a partir de um diálogo com a cultura indígena dos povos tradicionais, como os Quéchua e os Aimara, especialmente da Bolívia e do Equador. Que há lutas que se referenciam nessa cosmovisão, a ponto do governo nacional incorporar aspectos dessa cultura em seu plano de governo. Finalmente, que há acadêmicos que são militantes e lutadores que produzem teoria, em todas as partes do mundo, referenciados na proposta revolucionária de um Socialismo Ecológico que possa dar conta da imensa crise de civilização, com seus contornos sociais, políticos, étnicos, culturais e ambientais, em que a humanidade se encontra mergulhada. Ecossocialismo ou Barbárie! É a consigna atualizada de Rosa Luxemburgo que nos impulsiona a lutar por essa utopia societária, que, mais do que nunca, é urgente e necessária.
*João Alfredo Telles Melo, advogado e professor de Direito Ambiental.
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Enviada por Rodrigo de Medeiros Silva para Combate Racismo Ambiental.