Cyneida Correia, colaboração para Folha de S. Paulo
O Estado de Roraima está isolado desde a manhã desta sexta-feira (14). Produtores rurais bloqueiam a BR-174 com pneus e caminhões no trecho que liga a capital, Boa Vista, ao Amazonas e à Venezuela.
A manifestação é liderada pelo Movimento dos Produtores Rurais de Roraima e envolve rizicultores, pecuaristas e produtores de grãos que reclamam das demarcações das áreas indígenas no Estado.
Os manifestantes dizem pedir também o fim da violência gerada pela disputa de terras e a emancipação indígena em todo o país.
Os produtores reivindicam a suspensão imediata de todos os processos de demarcação, a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que dá competência ao Congresso Nacional para homologar os novos territórios e a revalidação da portaria da AGU (Advocacia-Geral da União) que restringe a ampliação de áreas já demarcadas.
Segundo a produtora rural Tatiana Faccio, os produtores “sobrevivem” aos efeitos da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em 2005.
“Conseguimos promover nossa sobrevivência. A mídia nacional acha que está tudo bem em nosso Estado. Ledo engano. O que restou nas terras são pessoas que precisam vir para a cidade atrás de trabalho, pois muitas estão passando dificuldades”, disse Tatiana.
Na saída norte da rodovia, que dá acesso à Venezuela, o protesto é coordenado pelo deputado federal Paulo César Quartiero (DEM-RR).
Pneus abandonados perto da rodoviária da cidade foram usados para acender uma grande fogueira no meio da estrada e impedir a passagem de veículos.
“Estamos pedindo maior apoio, respeito, oportunidade de trabalho. Quero dizer que a Polícia Federal não conseguiu nos intimidar”, afirmou Quartieiro.
REIVINDICAÇÃO
Uma das reivindicações é o pagamento de indenização a proprietários afetados pela criação de terras indígenas.
O líder da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), nega que a mobilização possa contribuir para elevar a tensão entre índios e fazendeiros –diz que quer apenas chamar a atenção para a causa. “Estamos recomendando todo o cuidado.”
A bancada ruralista, que diz contar com o apoio de metade do Congresso, vem elevando o tom contra a política indigenista no país e liderou iniciativas como o pedido de uma CPI da Funai (Fundação Nacional do Índio) e a proposta que transfere do governo para o Congresso a homologação de novas terras indígenas no país.
DEMARCAÇÃO
Principal motivo de desavença entre índios e produtores rurais, ainda há ao menos 196 terras indígenas a serem demarcadas pelo governo federal no país.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), 81 terras –que juntas equivalem a área de dois Estados de Sergipe precisam apenas ser homologadas pela presidente Dilma Rousseff.
A homologação, uma das últimas etapas para reconhecer que uma área pertence aos índios, é atribuição exclusiva do presidente e ocorre depois que a Funai e o Ministério da Justiça demarcam e delimitam a terra.
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Enviada por Flávio Aldeia Maracanã Bittencourt para Combate Racismo Ambiental.
Obrigada pela correção, Gilmar. Pelo visto, os “produtores” deram a foto errada para a Folha, e nós reproduzimos o erro, felizmente tendo o cuidado de creditá-lo a quem de direito. Vou deixar assim mesmo, com a tua observação e esta minha explicação. Bom fim de semana.
A foto ali em cima e’ de outro protesto:
http://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2013/06/fronteira-do-brasil-com-venezuela-foi-liberada-apos-protesto-em-roraima.html
Que foi realizado perto da venezuela, e eles estavam cobrando que a policia fosse mais frouxa com o contrabando.
A manifestacao dos produtores rurais, opa! Digo, latifundiarios, biocidas e outros nomes foi bem mais ao sul onde eles trancaram por seis horas a rodovia e liberavam de tempos em tempos!
Muito trovão pra pouca chuva deste pessoal que só olha para o proprio umbigo,digo,bolso,digo,banco……..
Os senhores da terra podem bloquear estradas, podem botar fogo em pneu, é normal, faz parte dos direitos democráticos mas, quando pobre vai às ruas contra o aumento da passagem é vandalismo. Triste história, triste fim.