Segundo delegado, mulheres eram algemadas nuas em cerca, em Anápolis. Instituições cobravam R$ 8 mil por mês; médico está entre os seis detidos
Gabriela Lima – Do G1 GO
Uma operação deflagrada na manhã desta terça-feira (11) fechou duas clínicas irregulares de recuperação de dependentes químicos em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia. Segundo a polícia, as instituições cobravam R$ 8 mil por interno, mas em vez do acompanhamento psicológico prometido às famílias, dopava e torturava os pacientes. Seis pessoas acabaram presas, entre elas um médico, e três conseguiram fugir.
Delegado responsável pela Operação Resgate, Manoel Vanderic disse ao G1 que mais de 60 internos relataram torturas físicas e psicológicas. “Alguns internos contam que foram enterrados vivos, só com a cabeça de fora. Outros foram obrigados a comer toco de cigarro. Algumas mulheres disseram que foram algemadas nuas na cerca, outras, jogadas na piscina de madrugada”, detalha.
Segundo o delegado, os pacientes estavam em situação sub-humanas. Dormiam em colchões esparramados no chão, em alojamentos sem armários, com janelas sem vidros. Para ter acesso a um dos cômodos, foi preciso arrombar a porta, pois ela ficava trancada.
Vanderic afirma que apenas 10% dos pacientes falam que estavam lá voluntariamente, mas todos reclamam de maus-tratos. Algumas vítimas apresentam sinais de tortura.
Durante a operação, a polícia apreendeu armas de choque, armas de pressão, algemas e vários medicamentos tarja preta. “São instituições totalmente irregulares, sem autorização da prefeitura, ou da vigilância sanitária”, diz o delegado.
Entre os presos está um dos donos das clínicas, que é médico. Os outros cinco eram coordenadores das instituições irregulares. Eles foram autuados em flagrante por cárcere privado, sequestro qualificado e tortura. A polícia procura pelo segundo proprietário e dois funcionários que conseguiram fugir.
Investigação
A Polícia Civil chegou ao local depois que dois internos conseguiram escapar de uma das clínicas, no Bairro Arco Verde, e denunciaram os maus-tratos.
Um dos agentes procurou a clínica se passando por familiar de um dependente químico que buscava tratamento para o parente. O dono da instituição cobrou dele R$ 8 mil, em parcelas que variavam de R$ 800 a R$ 1 mil.
Os responsáveis pela clínica ofereceram o serviço chamado de “resgate”, que consistia em buscar a pessoa à força, em casa. Outros opção seria sedar o paciente para levá-lo desacordado.
Quando a polícia chegou à clínica do Bairro Arco Verde, 41 internos estavam no local. Durante a operação, eles descobriram que o grupo tinha outra unidade funcionando na zona rural de Anápolis.
Segundo o delegado, quando os agentes chegaram ao endereço indicado, os responsáveis tinham fugido com os internos em caminhonetes. Mais tarde, cerca de 20 internos foram localizados em uma chácara na Vila Fabril.
Todos foram levados para o 6º Distrito Policial de Anápolis, onde aguardam por familiares. De acordo com o delegado, entre os internos há pessoas de várias partes do país.
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Enviada por Vanessa Rodrigues para Combate Racismo Ambiental.
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