Sobre a proposta do secretário executivo do MME de transformar os Munduruku em sócios das hidrelétricas

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Se os Munduruku lerem a notícia abaixo, acho que não terão raiva, mas pena. Pena de ver como é possível alguém chegar a ser secretário executivo de um ministério – no caso, o das Minas e Energia – sem ter dentro de si nenhum conhecimento, nenhum saber. Sem ter aprendido que nem tudo se vende, nem tudo é comprado. Sem ter entendido, principalmente, que há outras culturas e tradições que não as que ele reverencia, e que elas envolvem valores muito superiores aos seus, que se reduzem a lucro, a capital, a poder.

Nesse caso, o senhor Márcio Zimmermann deixaria de sonhar com o dia (que ele diz considerar “otimista”) em que os Munduruku e outros indígenas abdicariam dos seus rios e águas, das suas Sete Quedas, das paredes d’água por onde entram as andorinhas, dos tios que viram antas, das escadas onde vivem seus ancestrais, e se transformariam em reles capitalistas que reduzem tudo a dinheiro.

Que bom seria se esse senhor e outras chamadas autoridades deste País, começando pela Presidente da República, abrissem mão de sua arrogância por dez minutos, lessem um documento que está neste blog mesmo, entre outros lugares, e aprendessem um pouco: Carta dos Munduruku ao governo explicita conhecimentos milenares e reafirma demandas. Infelizmente, não acredito que isso vá acontecer. Então, peço a vocês, que acompanham este blog: leiam, por favor! É uma aula de cultura!

MME sugere parcerias societárias com índios em empreendimentos hidrelétricos

Pedro Peduzzi e Danilo Macedo, Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, acenou hoje (10) com a possibilidade de, no futuro, a partir de uma mudança na legislação brasileira, ser possível a instalação de usinas hidrelétricas em terras indígenas, tendo como sócios do empreendimento os próprios índios, a exemplo do que já ocorre no Canadá.

“Sou um otimista de que, um dia, o Brasil evolua para isso, como já faz o Canadá, inclusive com a possibilidade de os índios se associarem [ao empreendimento hidrelétrico]. À medida em que isso for informado [aos índios], poderemos até ser parceiros. Em outros países os índios pedem o uso de sua terra para a instalação de usinas”, disse o secretário, durante balanço da segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

Zimmermann, no entanto, explica que para tornar isso possível será necessário mudar a legislação brasileira. “Atualmente, o Brasil não pode implantar usina nem inundar terras indígenas. Portanto [seguindo o que determina a atual legislação], nenhuma hidrelétrica foi feita nessas áreas e nenhuma terra indígena foi inundada”.

Edição: Denise Griesinger

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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