Transpondo o São Francisco

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Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

Apesar de todas as vozes que gritam contra mais um crime ambiental, o governo federal segue as obras de transposição do rio São Francisco, esse imenso manancial de vida e de beleza que percorre o norte de Minas e se vai até Pernambuco. O argumento para a obra é de que levará água para os pobres, mas, na verdade, o objetivo é oferecer água para o agronegócio, grandes fazendeiros e indústrias. Com a “mexida” nas águas, como dizem os sertanejos, o velho Chico corre risco de secar. As gentes ribeirinhas fizeram sua luta. Foram derrotadas. A obra já está quase 50% terminada.  Para aqueles que se debruçam no cais do rio, espichando o olho para o profundo das águas, resta o medo de que tudo vire lenda, assim como as histórias de encanto que soem acontecer nas margens feiticeiras. (mais…)

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São Paulo não pode perder chance de equacionar questão da moradia no centro

Raquel Rolnik*

No início da semana, a revista Carta Capital divulgou em seu portal que a Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo publicará Decreto de Interesse Social de nove prédios localizados no centro da cidade – hoje ocupados por famílias sem teto – que serão desapropriados e reformados para fins de moradia. A iniciativa sem dúvida é muito positiva.

O grande desafio, porém, é como garantir que a população mais pobre seja de fato beneficiada com as novas moradias. Preocupa, por exemplo, a declaração do secretário de Habitação José Floriano, que afirmou à reportagem que apenas 25% dos sem teto poderão ocupar os apartamentos reformados. Segundo o secretário, “[…]os apartamentos vão ficar numa faixa de valor final maior que a possibilidade do pagamento de uma família que ganha até três salários mínimos”.

Obviamente que se a lógica da política habitacional for “fechar a conta” e o modelo único for o da compra da unidade por parte da família, a maior parte das famílias será impedida de continuar vivendo no centro. Mas essa lógica precisa justamente ser combatida, especialmente quando se trata de prover moradia adequada para famílias de baixa renda.  (mais…)

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Agronegócio brasileiro invade Moçambique

Moçambique tem o 3º pior IDH do mundo. Foto: Camila Nobrega
Moçambique tem o 3º pior IDH do mundo. Foto: Camila Nobrega

Célio Panquene
para o Canal Ibase*

O governo e o setor privado brasileiros em parceria com o Japão estão executando um megaprojeto de agronegócio (ProSavana) no norte de Moçambique, o qual vai ocupar 14,5 milhões de hectares de terra, cerca de metade da terra agricultável do país africano, num contrato de 50 anos renováveis, ao preço de nove euros anuais por hectare. As empresas brasileiras do agronegócio irão produzir “commodities” que serão exportadas para o Japão.

Entretanto, a União Nacional dos Camponeses de Moçambique veio a público lamentar a sua exclusão, arrogância por parte dos executores do projeto, e denunciar uma eminente usurpação de terras de famílias camponesas ao longo do corredor abrangido pelo ProSavana. O movimento campesino moçambicano, em seu site oficial, entre várias denúncias, diz que o megaprojeto é resultante de uma política do tipo “top-down”. (mais…)

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Violência contra a mulher aumenta no Rio

Prédio da UERJ, no Maracanã. Foto: Leonardo Jorge/Flickr
Prédio da UERJ, no Maracanã. Foto: Leonardo Jorge/Flickr

Camila Nobrega
Do Canal Ibase

O Rio de Janeiro tem assistido em choque às notícias sobre o aumento do número de casos de estupro na cidade. Por dia, a média foi de 16 casos, de janeiro a março deste ano, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP). Mas, enquanto situações extremas chamam atenção para a atuação de criminosos anônimos na vida das vítimas, outra violência acaba encoberta. Dados do mesmo órgão apontam que metade dos agressores são pessoas de convívio próximo das mulheres, e 29,7% têm relações de parentesco com as vítimas. O problema vai muito além das agressões que ocorrem nas ruas.

Entre os casos mais recentes está o de uma estudante da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que foi violentada no início deste mês por um colega de faculdade no estacionamento da instituição, localizada no Maracanã, na Zona Norte do Rio de Janeiro, durante uma festa de calouros da universidade. De acordo com depoimento dado pela vítima à Polícia Civil, o agressor a teria visto com uma mulher durante a festa e manifestado repúdio à situação, forçando-a a ter uma relação sexual com ele em seguida. A polícia ainda investiga o caso. Já a UERJ divulgou um comunicado oficial no site da instituição, manifestando repúdio ao ato e informando que abriu uma sindicância para apurar o ocorrido. (mais…)

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Convocan a una manifestación contra Ríos Montt en seis países de América Latina

69112EFE – Guatemala

Organizaciones de derechos humanos de seis países de América Latina han convocado para hoy (24) a una manifestación en repudio a la anulación de la sentencia de 80 años de prisión por genocidio contra el exdictador guatemalteco José Efraín Ríos Montt.

“Organizaciones hermanas de seis países latinoamericanos ha convocado en sus respectivas naciones a manifestarse en solidaridad con las víctimas del genocidio” y en “condena a la impunidad que se pretende imponer en este caso”, dijo hoy a Efe un portavoz del Centro de Acción Legal en Derechos Humanos (CALDH).

Las manifestaciones, que se celebrarán de manera simultánea en Argentina, México, Honduras, Perú y Nicaragua, se realizarán en solidaridad con las víctimas del genocidio en Guatemala, en donde también se ha convocado a una manifestación pacífica para el viernes. (mais…)

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São Gabriel da Cachoeira se “surpreendeu” com prisão de suspeitos de explorar meninas indígenas

Vista de São Gabriel da Cachoeira. Foto - Seplan
Vista de São Gabriel da Cachoeira. Foto – Seplan

Por Elaíze Farias

Após a prisão de nove pessoas suspeitas de explorar sexualmente meninas indígenas, São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro (Amazonas) é uma cidade onde reina a surpresa. Este é o clima descrito por duas pessoas para quem telefonei hoje (23). Em outras palavras, a população está “boquiaberta”.

Estas duas pessoas com quem conversei  já vinham denunciando há muito tempo a prática da exploração sexual das meninas indígenas para a polícia, para a justiça e demais instâncias, sem muito êxito, até que o Ministério Público Federal (MPF) pediu que a investigação passasse para esfera federal, o que aconteceu a partir de setembro de 2012. Até aquele momento, os inquéritos estavam mofando na esfera estadual. (mais…)

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Juruti pede socorro!

juruti pede socorroNo dia 29 de maio está prevista para ocorrer uma Audiência Pública para debater os impactos sociais e ambientais da Mineradora Alcoa na cidade de Juruti, Oeste do Pará.

Em 2006, a empresa se comprometeu em realizar diversas obras na cidade para compensar a sua intensa extração de bauxita, usada para fazer alumínio.

Após 7 anos, a comunidade denuncia que as obras não foram realizadas e organizou o Movimento Acorda Juruti para exigir o que ficou acordado.

Porém, a empresa se recusa a negociar com os moradores da cidade e está fazendo todo tipo de pressão para que a nova Audiência Pública não ocorra, ameaçando demitir os trabalhadores e fechar a sua planta na região. (mais…)

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Lideranças indígenas do sul e sudeste participam de intercâmbio no Acre

O intercâmbio reúne lideranças indígenas de São Paulo, Santa Catariana, Paraná e Rio Grande do Sul (Foto: Sérgio Vale/Secom)
O intercâmbio reúne lideranças indígenas de São Paulo, Santa Catariana, Paraná e Rio Grande do Sul (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Eduardo Gomes – Notícias do Acre

O intercâmbio reúne lideranças indígenas de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul e acontece até a próxima sexta-feira, 23, na sede do Centro de Formação dos Povos da Floresta, localizado no km 8 da Rodovia Transacreana, em Rio Branco. O objetivo é mostrar as experiências positivas daquilo que vem sendo realizado no Acre junto às comunidades indígenas. (mais…)

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“A Ecologia da Economia Política de Marx”, por John Bellamy Foster* (Leitura essencial!)

Foto: Rob Sydor
Foto: Rob Sydor

Em Ecossocialismo ou Barbárie (via O Comuneiro)

Não é já segredo que estamos diante de uma emergência planetária ambiental, colocando em risco a maioria das espécies do planeta, incluindo a nossa, e que esta catástrofe iminente tem suas raízes no sistema econômico capitalista. No entanto, os perigos extremos que o capitalismo inerentemente representa para o meio ambiente são muitas vezes inadequadamente entendidos, dando origem à crença de que é possível a criação de um novo “capitalismo natural” ou “capitalismo climático”, em que o sistema deixaria de ser o inimigo do meio ambiente, tornando-se seu salvador (1). O principal problema com todas essas visões é que elas subestimam a ameaça cumulativa para a humanidade e para a Terra decorrente das relações de produção existentes. Na verdade, como vou aqui defender, a dimensão completa da crise ecológica planetária só pode ser entendida a partir de um ponto de vista informado pela crítica marxista do capitalismo.

Uma fraqueza comum de muitas críticas ambientais radicais do capitalismo é que elas estão ligadas a noções abstratas do sistema com base em condições do século XIX. Como resultado, muitos dos fundamentos historicamente específicos das crises ambientais relacionados com as condições do século XX (e XXI) não foram suficientemente analisados. A própria crítica ecológica indispensável de Marx foi limitada pelo período histórico em que ele escreveu, ou seja, a fase competitiva do capitalismo, e, assim, ele não foi capaz de captar certas características cruciais da destruição ambiental que estavam a surgir com o capitalismo monopolista. Na análise seguinte, por isso, vou discutir não apenas a crítica ecológica fornecida por Marx (e Engels), mas também a de economistas políticos marxistas e radicais mais tardios, incluindo figuras como Thorstein Veblen, Paul Baran, Paul Sweezy, e Allan Schnaiberg .

Marx e a Raubbau Capitalista

Raramente é reconhecido que o primeiro ensaio político-econômico de Marx – “Debates sobre a lei de roubo de madeira”, escrito em 1842, durante sua editoria do jornal Rheinische Zeitung – se centrou na questão ecológica. A maioria das pessoas encarceradas, na Prússia dessa época, eram camponeses condenados por pegar madeira morta nas florestas. Na realização desse atos, os camponeses limitavam-se ao exercício do que tinha sido um direito costumeiro, mas que fora anulado com a disseminação da propriedade privada. Observando os debates sobre esta questão na Dieta Renana (a assembleia provincial da Renânia), Marx comentou que a disputa se centrava sobre qual a melhor forma de proteger os direitos de propriedade dos terratenentes, enquanto os direitos consuetudinários da população em relação à terra eram simplesmente ignorados. Camponeses empobrecidos eram vistos como o “inimigo da madeira”, porque o exercício de seus direitos tradicionais para reunir lenha, principalmente como combustível para cozinhar e aquecer suas casas, transgredia os direitos de posse dos detentores de propriedade privada (2). (mais…)

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