Fiéis lotam igreja em última missa de padre que defende homossexuais

Mais de mil pessoas lotaram igreja em Bauru no domingo de manhã para de despedir das missas celebradas pelo Padre Beto. Foto: Luly Zonta/Agência Bom Dia
Mais de mil pessoas lotaram igreja em Bauru no domingo de manhã para de despedir das missas celebradas pelo Padre Beto. Foto: Luly Zonta/Agência Bom Dia

Na missa, o padre falou sobre amor e coerência e afirmou que para “Jesus Cristo não existia preconceito. Jesus amava os seres humanos independentemente da condição social, da raça e da sexualidade”, disse o religioso.

Cristina Camargo, de Baurú para a Folha

Centenas de fiéis de Bauru (SP) lotaram a igreja na manhã deste domingo (28) para assistir à missa de despedida do padre que se afastou de suas funções após declarações de apoio aos homossexuais.

Conhecido por contestar os princípios morais conservadores da Igreja Católica, Roberto Francisco Daniel, 48, conhecido como padre Beto, havia recebido um prazo do bispo diocesano, Dom Caetano Ferrari, 70, para se retratar e “confessar o erro” cometido em declarações divulgadas na internet. (mais…)

Ler Mais

Índios brasileiros foram tratados como escravos e castigados em troncos

Relatório Figueiredo - fotos

Em plena segunda metade do século 20, indígenas foram submetidos a torturas que os negros sofreram 100 anos antes

Alessandra Mello – EM

Um dos mais antigos aparelhos de suplício de negros era usado em alguns postos do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que ironicamente tinha como uma das suas principais atribuições “não permitir a violência contra o índio”. Batizado de tronco, ele era uma adaptação de um aparelho de tortura, usado largamente em toda a América, inclusive no Brasil, durante o período da escravidão. Além do tronco, era muito comum o uso de palmatórias pelos chefes dos postos, citadas com frequência por Jader de Figueiredo em seu relatório. Usadas para bater na mão dos índios, elas eram distribuídas pelas inspetorias regionais, como eram batizadas as nove sedes administrativas do SPI, que tinham sob sua subordinação 130 postos localizados em terras indígenas. São frequentes os relatos de índios mutilados pelo tronco, que consistia em duas estacas enterradas em ângulo agudo, onde os tornozelos eram amarrados. Essas estacas depois eram dobradas e quebravam os tornozelos. (mais…)

Ler Mais

Estudiosos da questão indígena avaliam que a descoberta pode servir para corrigir injustiças históricas

Atrocidades contra a tribo Cinta Larga foram expostas no relatório Figueiredo. Depois de atirar na cabeça de seu bebê, os assassinos cortaram a mãe ao meio. Foto: © Survival
Atrocidades contra a tribo Cinta Larga foram expostas no relatório Figueiredo. Depois de atirar na cabeça de seu bebê, os assassinos cortaram a mãe ao meio com um machado. Foto: © Survival; Reprodução: Estadão.

Relatório Figueiredo pode contribuir para que erros não sejam repetidos

Por Felipe Canêdo – EM

A notícia de que o Relatório Figueiredo foi encontrado quase intacto depois de 45 anos correu o mundo e repercutiu como uma bomba entre antropólogos e entidades indigenistas no Brasil e internacionais. Amplamente conhecido no meio acadêmico que estuda a história indígena do país, ele desperta interesse e esperança em pesquisadores, que reclamam que a atual situação das tribos no país continua sendo muito complicada. “O Relatório Figueiredo é de suma importância, ao mesmo tempo pelo que revela e por ter sido ocultado”, afirma a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, professora emérita da Universidade de Chicago.

“Esse documento vai servir mais do que como peça jurídica, sobretudo vai servir como documento histórico. É fundamental, pois estamos em um momento de volta do desenvolvimentismo e isso pode ajudar para que não sejam repetidos os mesmos erros do passado”, avalia o doutorando em antropologia da Universidade de São Paulo (USP) Spensy Pimentel. Para ele, o índio vive atualmente uma situação difícil no país: “Temos 12,5% do território nacional demarcado; porém, 98,5% dessa área demarcada está na Amazônia. Por outro lado, pouco mais de 50% da população indígena do país está fora da Amazônia e só 1,5 % das terras demarcadas estão nessa área. Os guaranis são os que mais sofrem com isso”.

Manuela Carneiro da Cunha acredita que hoje a maior ofensiva contra os direitos dos índios ocorre no Congresso: “A mesma ala que desfigurou o Código Florestal quer agora abrir as terras indígenas à mineração e retirar do Executivo a responsabilidade de reconhecer as terras dos índios. É hora de indignação”. Ela se refere à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que pretende transferir a incumbência da demarcação de terras para o Congresso. Já o antropólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Antônio Carlos de Souza Lima comemora o achado e vai longe: “Temos que nos perguntar por que esse relatório apareceu agora”. Ele afirma que acha ótimo ter dado publicidade ao documento, mas aposta: “Esse achado é fruto de uma conjuntura”. (mais…)

Ler Mais

Documento com mais de 7 mil páginas mostra as atrocidades cometidas contra os índios no Brasil

Página do Relatório Figueiredo
Página do Relatório Figueiredo

Material serviu de base para o recém-descoberto Relatório Figueiredo

Felipe Canêdo – EM

Encontrado recentemente depois de 45 anos em que se imaginava perdido ou destruído pela ditadura, o Relatório Figueiredo é a prova irrefutável de que a pátria mãe não foi nada gentil com os índios brasileiros no século 20. Depois de mostrar com exclusividade em uma série de reportagens os detalhes das 68 páginas que compõem o relatório, o Estado de Minas mergulhou no extenso inquérito com mais de 7 mil páginas que serviu de base para elaboração do documento e traz hoje um dossiê das violências e desmandos praticados por fazendeiros, empresários e agentes do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) contra tribos de todo o país. As descrições contidas nele lembram requintes de crueldade somente dignos de campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial –, inclusive, muito provavelmente, enquanto partidários de Hitler seviciavam judeus inocentes, agentes do estado brasileiro torturavam índios igualmente inocentes.

O retrato pormenorizado dessa realidade até então inédito foi feito a mando do Ministério do Interior, em plena ditadura, e assinado pelo procurador Jader de Figueiredo Correia em 1968. A intenção do ministério era verificar denúncias de corrupção nos 130 postos do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) espalhados pelo país. Ao final do trabalho, em meio a 7.376 páginas produzidas, o que acabou vindo à tona, junto com relatos de desmandos administrativos, foi a situação de horror vivida pelos índios. Ele revela uma realidade pouco conhecida no país, na qual o indígena, diferentemente do negro, que teve a escravatura abolida por lei em 1888, era tratado como animal e sem a menor compaixão pelo menos até o fim da década de 1960.  (mais…)

Ler Mais

Chegada da Suzano deixa município mais isolado e sem perspectivas de crescimento

Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vila Nova dos Martírios
Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vila Nova dos Martírios

Por Larissa Santos, em  

O “Qual é a bronca” de hoje vai até Vila Nova dos Martírios, município de pouco mais de 11 mil habitantes, localizado no oeste maranhense. Nosso personagem é Francisco Neto* , pequeno produtor rural, morador do povoado Córrego Jabuti, a 10 km de Vila Nova dos Martírios.

A cidade está localizada às margens do rio Martírios, importante fonte de renda para muitos moradores que vivem da pesca. Mas Martírios faz referência não só ao rio. “Vivemos em um lugar de muitos martírios”, relata Francisco. Os rios estão secando, os peixes estão morrendo, as roças praticamente não existem mais.  (mais…)

Ler Mais

Munduruku: indígenas queimam “proposta” do governo federal sobre consulta prévia

Munduruku queimam proposta

“Somos nós que temos que dizer como deve ser essa consulta”

Por Ruy Sposati, da Aldeia Sai Cinza, Jacareacanga (PA) – CIMI

Indígenas Munduruku queimaram proposta do governo federal de consulta prévia sobre construção das hidrelétricas São Luiz do Tapajós e Jatobá, na última quinta-feira, 25 de abril. Cerca de 200 lideranças se reuniram para apresentar a proposta dos indígenas sobre as oitivas das barragens ao Poder Público, que se recusou a participar do encontro na aldeia Sai Cinza, município de Jacareacanga, oeste do Pará.

A Secretaria Geral da Presidência da República entregou a vereadores indígenas Munduruku de Jacareacanga um conjunto de slides impressos de Power Point apresentando uma proposta de consulta prévia onde apenas quatro – de um universo de mais de uma centena de aldeias atingidas pelas barragens – seriam contempladas, e no decurso dos estudos de impacto ambiental das hidrelétricas do Complexo Hidrelétrico Tapajós. (mais…)

Ler Mais

‘Estamos indignados com o governo brasileiro’, diz Povo Munduruku em carta

CIMI – Depois dos representantes da Secretaria Geral da Presidência da República se negarem a comparecer ao encontro marcado com lideranças Munduruku na Aldeia Sai Cinza, município de Jacareacanga (PA), no último dia 25, a Associação Indígena Pusuru divulgou carta repudiando a decisão dos integrantes do governo. Os representantes do governo justificaram a decisão ante uma imaginada violência a ser praticada pelos indígenas. Diziam temer violências, sem lembrar que quem matou um indígena Munduruku com um tiro na cabeça foi um delegado da Polícia Federal, comandante da Operação Eldorado, ainda sem punição ou ao menos afastado do cargo.

‘Quem chegou armado na cidade de Jacareacanga foi o governo, com a Polícia Federal e a Força Nacional. Segundo Nilton (representante do governo), o ministro Gilberto Carvalho desautorizou a delegação a vir a nossa aldeia, e tentou impor uma reunião na cidade de Jacareacanga, sob presença militar. E isso nós não aceitamos’, diz a carta que segue na íntegra.

Carta ao governo brasileiro e à sociedade

Nós, lideranças, caciques e guerreiros Munduruku do Alto, Médio e Baixo Tapajós reunidos para reafirmar nossa posição contrária à construção de barragens em nossos rios, e estamos completamente indignados com a falta de respeito do governo brasileiro por não comparecer ao nosso encontro, marcado para hoje, 25 de abril, na aldeia Sai Cinza, município de Jacareacanga, Pará.

Os representantes Tiago Garcia e Nilton Tubino, da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmaram aos vereadores Munduruku de Jacareacanga que não viriam à aldeia porque temiam violência da nossa parte, que nós estávamos esperando por eles armados e com gaiolas para prendê-los. O governo está tentando se fazer de vítima, e isso não é verdade. Quem chegou armado na cidade de Jacareacanga foi o governo, com a Polícia Federal e a Força Nacional. (mais…)

Ler Mais

UFGD lança Revista Ñanduty, e primeiro número é dedicado aos Povos Indígenas

ÑandutyEm seu primeiro número, a revista eletrônica Ñanduty traz o dossiê “Terras Indígenas”, organizado por Jorge Eremites de Oliveira e Levi Marques Pereira. Trata-se de um tema atual para o qual profissionais ligados à Antropologia, Arqueologia, História, Direito e campos afins têm se dedicado nos últimos anos, sobretudo em estados brasileiros com marcante presença indígena. Situação semelhante também ocorre em outros países latinoamericanos, onde movimentos indígenas cada vez se opõem ao colonialismo e buscam sua autonomia e o reconhecimento de seus direitos frente ao Estado e às sociedades nacionais. Neste sentido, o objetivo do dossiê é trazer ao público um conjunto de artigos  que possam contribuir para a compreensão do tema e a socialização de novos saberes  sobre o assunto.

Embora publicada pela Universidade Federal da Grande Dourados, a revista tem também artigos sobre povos indígenas de outros estados, como Minas Gerais e Paraíba, uma vez que pretende ser um convite à interação e à troca já a partir de seu nome. Como está dito na Apresentação, dos vários possíveis significados de Ñanduty, o preferido pela equipe acaba por ser “teia de aranha”, no sentido da tecitura de de relações e trabalhos que se somem.

A revista é semestral, e está aberta para colaborações. Abaixo, publicamos o sumário de Ñanduty, que pode também ser baixada na íntegra, em pdf. Boa leitura. (mais…)

Ler Mais

Não há como negar a truculência gravada em vídeo: “Manifestantes são atacados pela PM na reabertura do Maracanã”

Jornal A Nova Democracia — Na noite de ontem, cerca de 400 pessoas fizeram um protesto durante a partida de futebol que marcou a reabertura do estádio jornalista Mário Filho, o Maracanã, no Rio de Janeiro. Os manifestantes se mobilizaram contra a privatização do tradicional complexo esportivo e os demais impactos dos megaeventos na vida do povo pobre, como a militarização de favelas e a remoção arbitrária de bairros pobres. Participaram do ato, alunos e parentes de alunos da Escola Friedenreich, indígenas da Aldeia Maracanã, atletas e parentes de atletas que treinavam no Estádio de Atletismo Célio de Barros e no Parque Aquático Júlio Delamare, além de diversas pessoas atingidas pelas megaconstruções promovidas pelo gerenciamento Dilma/Cabral/Paes. (mais…)

Ler Mais

MPF lança Mapa interativo e democratiza informações sobre sua atuação em todo o Brasil

Mapa MPF

 

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

No seu Portal da Transparência, o Ministério Público Federal disponibilizou quinta-feira última, dia 25 de abril, uma ferramenta importantíssima para a democratização da justiça, abrindo as informações sobre sua atuação: o Mapa de Atuação do MPF. Escolhendo-se uma cidade onde o MPF tem uma unidade, aparece de imediato o número de processos em andamento, como pode ser visto na foto acima.

Clicando sobre eles, temos uma listagem da qual constam o número do processo, o tema envolvido na questão e em qual câmara ele está. Definindo um tema (eu escolhi Direitos Indígenas), vamos para outra página, na qual escolhemos uma região para consulta (no meu caso, a 3ª, correspondendo a SP e MS). Agora, pode-se optar por uma palavra-chave, como Guarani-Kaiowá. Finalmente, temos a informação dos diferentes processos em pauta e podemos escolher, dentre eles, sobre qual desejamos informações. Minha escolha, como pode ser vista abaixo, foi Pyelito Kue.  (mais…)

Ler Mais