Da Página do MST
Organizações, coletivos, entidades e sindicatos que apóiam as causas populares se mobilizaram e elaboraram um Manifesto em apoio ao MST, à Reforma Agrária e pela condenação de Adriano Chafik, mandante do Massacre de Felisburgo.
Abaixo, leia o manifesto de solidariedade:
Manifesto em defasa da Reforma Agrária e pela punição de Afriano Chafik, mandante do Massacre de Felisburgo – MG
A formação social brasileira é marcada por um modelo de desenvolvimento de caráter dependente e que tem negado um conjunto de direitos para os vários segmentos de trabalhadores do campo e da cidade no país. Apesar das diversas lutas travadas historicamente por movimentos sociais e organizações populares, vários direitos que devem garantir a condição de cidadania e dignidade, nunca foram garantidos pelo Estado brasileiro. Dentre esses, destaca-se a situação da reforma agrária, que se constitui em uma bandeira histórica da classe trabalhadora brasileira.
Diante desta realidade, destacou-se no cenário das lutas sociais, a luta por terra, reforma agrária e transformação social, travada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST desde a década de 1980 no Brasil.
Esta luta que é legítima e atual continua enfrentando o poder da burguesia agrária, que impõe ao povo brasileiro uma realidade marcada pela concentração fundiária, em que menos de 50 mil proprietários rurais possuem áreas superiores a mil hectares e controlam 50% das terras cadastradas, e cerca de 1% dos proprietários rurais detêm em torno de 46% de todas as terras. Além disso, aproximadamente 400 milhões de hectares titulados como propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares são utilizados como lavoura, sendo que o restante das terras está ociosas, subutilizadas, ou destinam-se à pecuária.
Como expressão desta realidade injusta e desigual que marca a existência e o agravamento da questão agrária como um pilar do modelo de desenvolvimento predominante no país, ocorreu em 2004 na região do Vale do Jequitinhonha – MG, mais um crime causado pelo poder do latifúndio e do agronegócio. Este crime foi o Massacre de cinco trabalhadores rurais sem terra, ocorrido em 20 novembro de 2004, no Acampamento Terra Prometida (então Fazenda Nova Alegria) na cidade de Felisburgo – MG.
A ocorrência do massacre demonstrou de forma criminosa, o que o latifúndio e o agronegócio tem causado para o povo brasileiro e para o povo dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Assim, entendemos que este fato está ligado diretamente à não realização da reforma agrária, que infelizmente nunca foi efetivada enquanto política pública que pressupõe um conjunto de medidas que garanta condições dignas de vida e trabalho para os trabalhadores rurais deste imenso Brasil, e para o povo dos Vales.
Mesmo após a ocorrência do massacre, a Fazenda que não cumpre a sua função social, conforme o artigo 186 da Constituição Federal, não foi desapropriada pelo INCRA para fins de reforma agrária, sendo que as famílias permanecem vivendo e trabalhando no Acampamento sem a garantia de direitos básicos como educação, moradia, saúde e crédito agrícola. Além disso, as famílias que foram vítimas diretas da chacina, por terem seus familiares assassinados à queima roupa e sem qualquer chance de defesa, nunca foram indenizadas.
Diante desta realidade que diz respeito a todos (as) trabalhadores (as) do campo e da cidade e que afeta a luta pela construção de uma sociedade justa, democrática e igualitária, as organizações, coletivos, entidades e sindicatos que apóiam as causas populares e que atuam nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, colocam que:
Manifestamos nossa indignação com o descaso que historicamente a reforma agrária tem sido tratada no Brasil e em Minas Gerais, e em especial nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri! Manifestamos que sabemos que a permanência do latifúndio e o incentivo ao agronegócio, gera desigualdade social, degradação ambiental, superexploração da força de trabalho e conflitos agrários!
Manifestamos nossa indignação diante do Massacre de Felisburgo e diante do fato que após 8 anos o mandante da chacina, Adriano Chafik, esteja livre e impune!
Manifestamos nossa solidariedade à luta por reforma agrária e justiça social do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e às famílias que permanecem no Acampamento Terra Prometida, que incansavelmente permanecem lutando contra o domínio do latifúndio e pelo direito de terem uma vida digna enquanto trabalhadores (as)!
Manifestamos nosso total apoio a todas as ações em torno da exigência da condenação e prisão do mandante do massacre de Felisburgo, Adriano Chafik!
Manifestamos que a Justiça brasileira e todas as autoridades competentes devem garantir a punição imediata de Adriano Chafik, mandante do massacre de Felisburgo!
Assinam:
- APACA – Associação dos Produtores e Agricultores Culturais Através da Arte – Pe. Paraíso
- APJ – Aprender Produzir Juntos – Teófilo Otoni
- ARMICOPA – Associação Regional Mucuri de Cooperação de Pequenos Agricultores
- Assembléia Popular dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
- Associação de Bairros de Teófilo Otoni
- Cáritas Baixo Jequitinhonha
- Centro Acadêmico Práxis do Serviço Social UFVJM
- Centro Acadêmico de Ciências Contábeis da UFVJM
- Centro Acadêmico de Administração da UFVJM
- Centro Acadêmico de Ciências Econômicas da UFVJM
- Centro de Defesa dos Direito Humanos de Teófilo Otoni – CDDTO
- Coletivo Comadre Maria – Marcha Mundial de Mulheres
- Comitê Mucuri da Campanha permanente contra os agrotóxicos e Pela Vida – Vale do Mucuri
- Comissão Pastoral da Terra – MG
- Consulta Popular
- Coral Araras Grande – Araçuaí
- Diretório Central dos Estudantes – DCE – UFVJM
- EQUIPE RURAL – Vale do Mucuri
- Escola Municipal de Liberdade – Comunidade da Lajinha – Teófilo Otoni
- GEPAF – Grupo de Extensão e Pesquisa em Agricultura Familiar – UFVJM
- GEPLA – Grupo de Estudos do Pensamento Latino-Americano – UFVJM
- GESEP – Grupo de Estudos de Crítica à Economia Política – UFVJM
- GRUPO ARANÃ
- Grupo de Estudos Transdisciplinar em Métodos Quantitativos – GETMQ – UFVJM
- Grupo de Teatro Murion – Pe. Paraíso
- Grupo de pesquisa Estado, sociedade Civil e Capital Social: os organismos internacionais no enfrentamento da “questão social” – UFVJM
- Instituto Brasileiro de Estudos Contemporâneos – IBEC
- Laboratório Experimental de Educação, Cultura e Arte – UFVJM
- Levante Popular da Juventude – Teófilo Otoni
- Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB – MG
- NEPAM – Núcleo de Extensão e Pesquisa Agrário e Movimentos Sociais – UFVJM
- NEPE – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Envelhecimento – UFVJM
- ONG ESPAÇO JOVEM – Teófilo Otoni
- Pastoral dos Migrantes – Diocese Araçuaí
- Regional Jequitinhonha da Visão Mundial Brasil
- RCT – Rede de Coletivos Teatrais do Vale do Jequitinhonha
- RECID – Rede de Educação Cidadã – MG
- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Cruzeiro
- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teófilo Otoni
- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ouro Verde de Minas
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http://www.mst.org.br/Organizacoes-e-entidades-se-mobilizam-em-apoio-a-condenacao-de-Chafik#.UNG_A7iuYoE.gmail
Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.