Batalha das ideias: Jornalismo e diversidade

“A ‘diversidade’ apregoada pelos arautos do neoliberalismo está, quase sempre, sob forte controle das fontes de emissão, responsáveis pela mercantilização generalizada da produção simbólica.”

Dênis de Moraes*

Em memória de Juan Díaz Bordenave.

O cenário que envolve o jornalismo atual é complexo e intrincado. De um lado, há uma profusão de conteúdos industrializados na proporção exigida por canais multimídias em crescimento contínuo. De outro, há uma perversa concentração das informações nas mãos de poucos conglomerados  empresariais, em sintonia com a meta de ampliar o valor mercantil e os padrões de acumulação e lucratividade do setor. Se apontamos essa concentração em torno de estruturas de industrialização de notícias pertencentes a megagrupos, o que é produzido obedece a uma escala de valores e de visões geralmente restrita às avaliações e conveniências das fontes controladoras. A “diversidade” apregoada pelos arautos do neoliberalismo está, quase sempre, sob forte controle das fontes de emissão, responsáveis pela mercantilização generalizada da produção simbólica.

Por outro lado, o acesso aos conteúdos é profundamente desigual. Há grave assimetria entre a expansão dos sistemas tecnológicos e a capacidade de inclusão da base da sociedade nos benefícios decorrentes.  Os países mais ricos e as elites dominantes são os que mais desfrutam dos acessos, usos e vantagens do excesso de estímulos impressos e audiovisuais. Tanto os usos das tecnologias avançadas quanto a propalada “diversidade” são estratificadas e sob controle, não são para todos. Conforme o Mapa das Desigualdades Digitais, no Brasil os 10% mais ricos usufruem até cinco vezes mais dos benefícios da rede do que os 40% mais pobres da população. Como se deduz, o universo de usuários, por mais que se contem aos milhões, não corresponde à totalidade social, que é paradoxal, desigual e injusta. (mais…)

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Fundo Amazônia aprova o 1º Lote de Projetos socioambientais

Onze associações de oito municípios que tiveram seus projetos pré-selecionados pelo Comitê Gestor Fundo Dema foram aprovadas na “Chamada Socioambiental nº 1”, do Fundo DEMA/Fundo Quilombola, via contrato FASE/BNDES/Fundo Amazônia.

O lançamento da Chamada pública ocorreu em 18 de novembro de 2011 e desde então, as comunidades têm se esforçado para a habilitação de acordo com as exigências e especificidades doFundo Amazônia.

Os recursos a serem repassados somam R$ 328.241,93.  Mas ainda há chances de concorrer aos recursos, pois uma nova chamada já está aberta com oferta de R$ 312 mil para projetos quilombolas e R$ 1.560 milhão para projetos gerais destinados aos Povos da Floresta.

Os projetos aprovados da I Chamada Pública se localizam nos municípios de Óbidos, Castelo dos Sonhos, Monte Alegre, Trairão, Brasil Novo, Itaituba e Santarém.

Projetos aprovados:

CPFD- I /ANO 2011/ NP-01 –  Projeto de fortalecimento e beneficiamento do óleo da andiroba “Floresta Sustentável”. Entidade proponente: Associação Comunitária das Comunidades da Área do Repartimento. Município: Óbidos. Valor: R$ 29.380,00. (mais…)

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Fundo Amazônia aprova o 1º Lote de Projetos do Fundo Quilombola

Quatro comunidades quilombolas do Pará tiveram seus projetos aprovados na “Chamada Socioambiental nº 1”, do Fundo DEMA/Fundo Quilombola, via contrato FASE/BNDES/Fundo Amazônia.

O lançamento da Chamada pública ocorreu em 18 de novembro de 2011 e desde então, as comunidades tem se esforçado para a habilitação de acordo com as exigências e especifidades do Fundo Amazônia. Os recursos a serem repassados somam cerca de R$ 95 mil.

Segundo a coordenação do Fundo Dema Quilombola, os projetos aprovados se localizam nas cidades de Santarém, Gurupá e Viseu.

Projetos aprovados:

Nº do Projeto: CPFDQ I /ANO 2011/NP-06
Título do projeto: Biofloresta: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade na Comunidade Quilombola de Murumurutuba.
Entidade proponente: Associação Quilombola de Murumurutuba.
Localização do projeto: Região do Planalto Santareno, município de Santarém/PA.
Valor do projeto: R$ 29.777,50 (incluindo R$ 6.722,00 de contrapartida) (mais…)

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“Miséria cercada de riqueza por todos os lados”

Único acesso ao acampamento é pelo rio

MPF acompanha Comissão do Congresso Nacional em visita a área indígena de MS. Integrantes falam em etnocídio dos guarani-kaiowá.

Equipe do Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul acompanhou os representantes da comissão externa do Congresso Nacional, em visita à área indígena Pyelito Kue, na fazenda Cambará, em Iguatemi, sul do estado. Os 8 congressistas visitaram o acampamento que se tornou mundialmente famoso após uma carta dos indígenas explicando a sua luta pela terra ser interpretada como ameaça de suicídio coletivo.

Eles conheceram as condições de vida dos cerca de 170 habitantes do local, um acampamento à beira do Rio Hovy, estabelecido em novembro de 2011. As informações levantadas, assim como aquelas repassadas pelo Ministério Público Federal, irão subsidiar relatório da Comissão, que será entregue à Presidência da República, e será discutido  internamente pela Câmara dos Deputados e Senado Federal. (mais…)

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SC: CSN é multada por atraso nas obras de recuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração de carvão

Multa foi estipulada em mais de R$ 880 mil por descumprimento de acordo judicial

Procuradoria da República em Santa Catarina

O Ministério Público Federal em Criciúma (SC) conseguiu obter na Justiça a aplicação de multa à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por atraso nas obras de recuperação ambiental das áreas degradadas pela mineração de carvão, estabelecidas no termo de acordo judicial (TAJ), assinado em 2010.

Foram identificadas oito áreas sob responsabilidade da CSN que desobedeceram o cronograma de recuperação. Dentre os atrasos, reconhecidos pela própria CSN, estão as obras de recuperação da área Campo Morozini, que deveriam estar concluídas no fim do ano passado, mas estão paradas desde 2010. Em outras áreas, verificou-se que as obras de recuperação sequer iniciaram ou ainda não tiveram seus Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) apresentados.

A CSN tem cinco dias para provar nos autos o pagamento da multa. (mais…)

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Impactos socioambientais de hidrelétricas na Amazônia são ignorados, aponta estudo

Hidrelétrica de Tucuruí, obra iniciada em 1975 no rio Tocantins, foi finalizada depois de 30 anos e custou cerca de 15 bilhões de dólares. Valor foi dez vezes mais do que o previsto inicialmente (Paulo Santos/2002/Amazônia Sob Pressão)

Allan Walbert – Portal EBC

A crescente demanda por energia dos países amazônicos e a falta de planejamento nas políticas públicas têm ignorado os impactos socioambientais derivados da instalação de hidrelétricas na Amazônia. A afirmação é do atlas Amazônia Sob Pressão, divulgado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), segundo a qual essa situação crítica causa alterações nos regimes hídricos, diversidade hidrobiológica, contamina as águas e acelera o desmatamento.

O estudo levantou que a Amazônia possui atualmente 417 hidrelétricas. Dessas, 171 estão em operação ou construção, sendo 120 com capacidade menor que 30 megawatts – as chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH). As construções com capacidade de geração maior que 30 megawatts são chamadas de Usinas Hidrelétricas (UHE), que somam 67 unidades em fase de planejamento. Dessas, 13 com supercapacidade maior que 300 megawatts serão construídas no Brasil.

Considerando todos os tipos de hidrelétricas, o Brasil apresenta 340 unidades, o que corresponde a 81,5% do total da região. 109 estão em operação/construção e 231 estão no papel. A macro-bacia do Rio Amazonas (Médio-Baixo) lidera o ranking de instalação dos empreendimentos. Se todas as unidades saírem do papel, o número de PCHs vai ser multiplicado por 1,49 e o de UHEs por 1,31. (mais…)

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Tensão em terra xavante

O início da desocupação da Reserva Indígena de Marãiwatsédé, em Mato Grosso, foi marcado pelo confronto entre produtores rurais e policiais federais, ontem. De acordo com o secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, o tumulto aconteceu na primeira das grandes propriedades que devem ser desocupadas. Os moradores jogaram pedras contra o comboio policial, que revidou com tiros de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Um agente da Força Nacional de Segurança, que ajuda na operação, ficou ferido

Correio Braziliense

Hoje, aproximadamente mil índios ocupam 20 mil dos 165 mil hectares de terra que foram reconhecidos como área dos xavantes. O restante está ocupado por 455 fazendeiros e posseiros. “Cerca de 200 já nos procuraram para sair, mas recebem ameaças dos grandes fazendeiros”, informou Maldos.

Os xavantes ocupam o território desde os anos 1960, mas o processo de demarcação da terra começou em 1992, ano em que fazendeiros, políticos e comerciantes começaram a se instalar na área. De acordo com o secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Buzatto, a terra foi homologada em 1998 por decreto presidencial. “Só que, aí, vieram as ações judiciais e os invasores foram postergando essa desintrusão”, explica. (mais…)

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Invasores começam a ser retirados de Terra Indígena Marãiwatsédé

Representantes dos Xavante protestam durante a Rio+20, no Rio de Janeiro. Foto: Daniel Santini

Após 20 anos, povo Xavante pode reaver suas terras. Notificações e listas oficiais do governo revelam envolvimento de latifundiários, vereadores, prefeitos e até um desembargador na ocupação ilegal

Andreia Fanzeres e Daniel Santini – Agência Repórter Brasil

Começou nesta semana a retirada de invasores da Terra Indígena Marãiwatsédé, no nordeste de Mato Grosso. Com apoio do Exército, Força Nacional, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, representantes do Governo Federal organizaram uma operação para garantir a devolução das terras aos índios Xavante. O processo de desintrusão foi iniciado há mais de um mês, quando, em 7 de novembro de 2012, oficiais de Justiça percorreram todas as propriedades, residências e pontos comerciais que se estabeleceram de forma ilegal na área, notificando os ocupantes a deixar o local espontaneamente em até 30 dias. Incentivados por fazendeiros e políticos locais, alguns grupos decidiram não cumprir a decisão judicial e têm procurado desestabilizar o processo forçando conflitos com as tropas. Nos primeiros dias da desintrusão, a Força Nacional recuou disparando balas de borracha e bombas de gás. (mais…)

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Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia escreve Carta sobre desocupação das terras de Marãiwatsèdè

“Lamentamos que pessoas humildes tenham se deixado levar pelas promessas de políticos e demais pessoas interessadas apenas em tirar proveito desta terra historicamente pertencente ao povo Xavante e que estão acostumadas a usar o povo para garantir os seus interesses”, escreve dom Adriano Ciocca, bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia em carta divulgada pelo sítio da Prelazia, 11-12-2012. Eis a carta

Queridos irmãos de nossa Prelazia de São Félix do Araguaia,

Estamos vivendo um momento de muita apreensão e tensão em nossa Prelazia por causa da retirada dos ocupantes não-indígenas das terras de Marãiwatsèdè. Sabemos que está havendo muito sofrimento, sobretudo, dos mais pobres, por causa desta retirada determinada pela justiça.

Queremos lembrar que nós, bispos e agentes de pastoral, desde o início desta ocupação alertamos e sempre continuamos alertando para a possibilidade do atual desfecho por se tratar de terras cujo direito é garantido ao povo Xavante pela Constituição Federal de nosso país.

Lamentamos que pessoas humildes tenham se deixado levar pelas promessas de políticos e demais pessoas interessadas apenas em tirar proveito desta terra historicamente pertencente ao povo Xavante e que estão acostumadas a usar o povo para garantir os seus interesses. Repudiamos todas as ameaças que nosso bispo emérito Pedro vem sofrendo, bem como membros do povo Xavante. Alertamos para o fato de que nenhuma violência poderá reverter a decisão tomada pela justiça e que o atos criminosos só aumentarão o sofrimento de mais pessoas e suas consequências deverão cair também sobre as cabeças de quem os praticar.

Reafirmamos aos que tem direito aos programas da reforma agrária que continuamos prontos para apoiá-los na luta pela garantia desse direito. Pedimos encarecidamente a todos, cristãos e não-cristãos de nossa Prelazia que não usem o fato da desocupação para criar mais ódio contra os povos indígenas, pois todos temos direito a uma vida digna. Pedimos a todos serenidade neste momento e invocamos as bênçãos de Deus, Pai de todos nós.

Santa Terezinha, 11 de novembro de 2012.

D. Adriano Ciocca

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/516372-bispo-da-prelazia-de-sao-felix-do-araguaia-escreve-carta-as-comunidades-sobre-desocupacao-das-terras-de-maraiwatsede

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Poesia de Pedro Casaldáliga que antecipou sua perseguição

“Eu morrerei de pé como as árvores”, profetiza dom Pedro Casaldáliga.

A poesia Profecia Extrema está publicada no sítio espanhol Religión Digital. Eis a poesia:

Eu morrerei de pé como as árvores.
Me matarão de pé.
O sol, como testemunha maior, porá seu lacre
sobre meu corpo duplamente ungido.

E os rios e o mar
serão caminho
de todos meus desejos,
enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas.

Eu direi a minhas palavras:
– Não mentia ao gritar-vos.
Deus dirá a meus amigos:
– Certifico
que viveu com vocês esperando este dia.

De golpe, com a morte,
minha vida se fará verdade.
Por fim terei amado!

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/516345-poesia-de-pedro-casaldaliga-que-antecipou-sua-perseguicao

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