As frequentes denúncias encaminhadas às autoridades relatando as várias ameaças dirigidas contra os camponeses do acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra MST, denominado “Terra Prometida” — na Fazenda Nova Alegria, município de Felisburgo, localizado no Vale do Jequitinhonha, a 740 Km de Belo Horizonte —, de nada adiantaram para evitar o covarde massacre ocorrido no dia 20 de novembro de 2004. Neste dia, uma milícia armada composta por 15 jagunços e liderada pelo latifundiário e dito proprietário da fazenda, o grileiro Adriano Chafik Luedy, 37 anos, foi responsável pelo assassinato a tiros dos trabalhadores camponeses Iraguiar Ferreira da Silva, 23, Miguel José dos Santos, 56, Francisco Nascimento Rocha, 62, Juvenal Jorge da Silva e Joaquim José dos Santos, ambos de 65 e também pelos ferimentos em outros 18 trabalhadores. Durante o ataque foram disparados vários tiros em direção a 90 das 120 famílias acampadas desde 2002.
Também foram queimadas 27 barracas, inclusive a escola do acampamento, Rosinha Maxacalí, homenagem a uma índia da região que lutou em favor dos pobres e defendia o movimento, e que agora receberá o nome de Escola Miguel José dos Santos em homenagem ao companheiro assassinado.
De acordo com os acampados, nenhum jornal relatou de forma verídica os acontecimentos deste dia. Nossa reportagem foi recebida por jovens coordenadores do acampamento, dentre eles, Kelly Gomes Soares, uma jovem de apenas 14 anos, membro da coordenação do acampamento Terra Prometida e professora da escola do acampamento. Segundo ela, na manhã do dia em que aconteceu o ataque, por volta das 10h30, o próprio Adriano Chafik e seu grupo armado já chegaram ao acampamento agredindo os camponeses. Arrastaram pela gola da camisa Geraldo Guimarães Ventura, que alimentava os porcos, levando-o para o meio do grupo de assassinos enquanto soltavam foguetes — meio utilizado pelos camponeses para reunir os integrantes do movimento em momentos críticos —, com o claro objetivo de reunir todos para o início do massacre. (mais…)