Rio de Janeiro: campeão olímpico em preços de imóveis?

por Raquel Rolnik

Ao que parece, o tema da escalada dos preços dos imóveis no mercado imobiliário do Rio de Janeiro entrou definitivamente na agenda, ao menos nas temáticas consideradas relevantes pelo núcleo de novelas da Rede Globo… Há exatamente um ano, Carol, a personagem de Camila Pitanga na novela “Insensato Coração”, enfrentou um problemão na hora de alugar um apartamento na zona sul do Rio. Os altos preços dos imóveis, causados pelo boom do mercado imobiliário, quase viraram motivo de crise conjugal entre Carol e André, o personagem de Lázaro Ramos.

Agora é a vez de Monalisa, personagem vivida por Heloísa Périssé em “Avenida Brasil”, de passar pela mesma situação. No capítulo desta terça-feira (30), a cabeleireira suburbana visitou o apartamento que pretende comprar na zona sul e quase caiu pra trás quando ficou sabendo o valor do imóvel: “Milhões? No plural? Por umas paredes e um piso de madeira velha?”. O que Monalisa não sabe é que o boom do mercado imobiliário está diretamente ligado à explosão de investimentos e ao marketing em torno da cidade do Rio de Janeiro, catapultados pela Copa e Olimpíadas, além de também refletir, como em outras cidades brasileiras, condições mais gerais do país, como a abundância de crédito habitacional e o crescimento econômico.

Em 2011, o mercado imobiliário na cidade do Rio de Janeiro teve um aumento de 44% em relação ao ano de 2010, foi o maior aumento do setor no país. Entre 2001 e 2010, este aumento chegou a 700%. Em declaração à imprensa, o Sindicato da Indústria da Construção no Rio de Janeiro (Secovi-RJ) avalia que “os preços tendem a se estabilizar, mas não vão descer de patamar”. (mais…)

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“Houve extermínio sistemático de aldeias indígenas na ditadura”

Perseguido pela ditadura, José Humberto Costa do Nascimento, o Tiuré Potiguara, abandonou seu trabalho na Funai, viveu escondido na floresta amazônica e, após conseguir deixar o Brasil, foi reconhecido como refugiado pelo governo do Canadá. Agora, de volta ao país, ele aguarda a Comissão de Anistia julgar seu pedido de reconhecimento como vítima do regime e quer a ajudar a Comissão Nacional da Verdade a resgatar a história do que classifica como “genocídio indígena praticado pela ditadura”.

Najla Passos

Brasília – Em entrevista exclusiva à Carta Maior, Tiuré descreve o que testemunhou das atrocidades cometidas pela ditadura contra os índios, critica a participação dos irmãos Vilas Boas no processo, cobra autonomia para as nações indígenas e reivindica que o país dê o passo histórico necessário para o reconhecimento dos povos originários que, segundo ele, embora não conste nos registros oficiais, são tão vítimas dos militares quando estudantes, operários, militantes e camponeses.

“Pode parecer irônico falar isso, mas a repressão, as torturas, as atrocidades cometidas no meio urbano parecem maior, parecem que doeram mais do que as que foram cometidas contra os índios. Hoje se fala em 400 desparecidos nas cidades, mas nós podemos falar em cinco mil desaparecidos indígenas, porque houve extermínio sistemático de aldeias. Era uma política de estado”, afirma.  (mais…)

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Pobres são os mais atingidos pela poluição urbana, diz médico da USP

Segundo Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP, são motivos políticos e interesses econômicos que impedem as metrópoles brasileiras de reduzirem a emissão de poluentes. “O fato de tratarmos o solo das cidades como mercadoria faz a população mais pobre migrar para áreas mais acessíveis na periferia, aumentando o tempo de permanência no tráfego”, diz.

Isabel Harari e André Cristi

São Paulo – Por ano, cerca de 1,3 milhão de mortes no mundo são causadas pela poluição urbana, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Só em São Paulo morrem 4 mil por ano. Em 2004, quando o número de carros era um terço menor, estima-se que o número de mortes tenha sido 2,9 mil. Idosos, crianças, gestantes, portadores de doenças respiratórias e cardíacas crônicas e, principalmente, os mais pobres – que têm níveis maiores de exposição – são os principais atingidos.

Segundo Paulo Saldiva, médico especialista em poluição atmosférica e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), “não há impedimentos técnicos ou falta de conhecimento para que esse problema seja resolvido. No meu entendimento, temos todas as condições de resolver o problema da poluição do ar em nossas cidades em alguns anos”. (mais…)

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Licença para contaminar

Por Laura França*

CIANETO, FENÓIS, ÓLEOS, GRAXAS – toda a tabela periódica –  efluentes petroquímicos lançados ao mar de Itaipuaçu! O INEA concedeu a licença prévia (31/7) para o emissário submarino, duto do COMPERJ. Cargas ao mar, que o mar engole(?). Crime ambiental com licença do governo, do secretário estadual do ambiente, Carlos Minc. Quem é Carlos Minc? Um ex-ambientalista que conquistou mandatos e mandatos com a bandeira da preservação dos ecossistemas. Hoje, condescendente e conivente com as práticas poluidoras, justificadas pelo desenvolvimento econômico a qualquer custo, escreve dessa maneira a história ambiental do nosso estado. Apenas esperou acabar o megaevento internacional, a Rio+20, por temer a superexposição, a vitrine! Marqueteiro de primeira, Minc  teme ser exposto como o licenciador, o coautor de mais esse crime ambiental. Sim, porque as praias da região oceânica de Niterói e Maricá já sofrem os efeitos de outra licença do Carlos Minc: o bota-fora da dragagem do canal do  Cunha e do porto do Rio, que despeja no mar da região toneladas diárias de lixo e lama contaminada por metal pesado.

Resultado? Biodiversidade marinha perdida. Estoque pesqueiro? Perdeu. Pescador artesanal? Perdeu. Movimento ambientalista? Perdeu. Biodiversidade e Diversidade Cultural em total risco de extinção!

Absurdo: A Petrobras tinha tanta certeza da concessão da licença pelo INEA que, no dia 14/5/2012,  com o processo de licenciamento ainda em curso – promoveu a licitação para construção e montagem do duto/emissário submarino de efluentes do Comperj. Total desrespeito às instituições! (mais…)

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Código Florestal: nem toda a terra está disponível para o ser humano

Entrevista com Roberto Malvezzi, especialista em temas socioambientais da Comissão Pastoral da Terra do São Francisco

Aldem Bourscheit e Carolina Stanisci

Fazendo o caminho inverso de muitos brasileiros que até hoje fogem da seca, o paulista Roberto Malvezzi (foto) migrou para o Nordeste nos anos 1980, onde mergulhou na realidade sertaneja na divisa da Bahia com o Piauí, na margem esquerda do São Francisco. Vivendo as lutas pela terra e pela água junto às populações pobres, descobriu que a opressão e o descaso das políticas públicas podem ser combatidos com mobilização social.

Nessa entrevista concedida ao Comitê Brasil em Defesa das Florestas, o filósofo militante avalia a tramitação do novo Código Florestal, o papel de parlamentares e do Governo no desmonte da legislação ambiental brasileira e alerta que, no futuro, a avaliação desses governos pode ser bem diferente. Confira abaixo os principais trechos.

Comitê Brasil em Defesa das Florestas – Conte um pouco sobre sua trajetória.

Roberto Malvezzi – Nasci em 1953 na pequena cidade de Potirendaba (SP). Saí de lá com 14 anos. Fiz Filosofia, Teologia e Ciências Sociais. Fui seminarista durante anos. Em 1979, vim ao sertão da Bahia, na divisa com São Raimundo Nonato (PI). O pessoal que trabalhava na paróquia trazia gente do Sul de ônibus e ficávamos nas comunidades, alfabetizando as crianças. Estava terminando o Regime Militar, começando as greves do ABC, a ideia do PT e do sindicalismo. Em janeiro de 1980, decidi morar em Campo Alegre de Lourdes (BA) por três anos. (mais…)

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Realocação (não) é principal motivo de impasse entre governo e quilombolas da Bahia

Basta ler a matéria com consciência, considerando a cultura e as tradições, as árvores centenárias e, ainda, o acesso ao rio que deu o nome à comunidade, para entender que não se trata de mera mudança de domicílio, com direito a água, luz e esgoto. O que está em pauta é a garantia de seus direitos, de sua cidadania e dignidade, no que diz respeito aos Quilombolas. E, no que concerne ao governo, trata-se sumariamente de respeitar a Constituição, a Convenção 169 e as leis que o próprio Executivo criou, todas garantindo os direitos da comunidade a permanecer em seu território ancestral. TP.

Luciana Lima, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Mesmo com a conclusão do relatório elaborado pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que reconhece que a área do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia, como uma terra remanescente de escravos, a proposta em elaboração pelo governo ainda cogita a realocação das famílias quilombolas para um terreno localizado a 500 metros do local. Esse é o principal ponto de divergência entre os moradores e o governo, e faz com que o impasse continue.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, se reuniu ontem (1º) com o ministro da Defesa, Celso Amorim, para tratar do assunto. Ao final do encontro, Carvalho se disse confiante em um acordo. “Nós estamos fazendo uma proposta para a população e esperamos que ela possa ser aceita”, disse, ao comentar a contraproposta da Marinha em ceder parte da área que considera de sua propriedade para que os quilombolas possam ter uma entrada independente à região. (mais…)

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MG – Vidas e famílias geradas em torno do anel rodoviário

Em Belo Horizonte, mais de 3 mil famílias moram em situação precária e correm o risco de perder suas casas

Os barracos estão ameaçados pela construção do Rodoanel Foto: Maíra Gomes

Maíra Gomes

“Tá tudo caindo, nem durmo de noite. Tô com medo de isso tudo cair em cima de mim. Um sufoco o que vivo aqui”. São nove barracos, casas completas com geladeiras, fogões camas, e o que mais for de direito de um lar. É o que pode cair em cima de Dona Luiza Machado Silva, moradora da Vila da Paz, região Nordeste de Belo Horizonte (MG).

A Vila da Paz é uma das 27 vilas que contornam o Anel Rodoviário, a principal via de acesso às grandes rodovias de Minas Gerais. São mais de 3 mil famílias tendo que lidar diariamente com poluição, barulho, trepidações e diversos problemas. Muitas vezes até com acidentes fatais.

O caso de Dona Luiza e seus vizinhos é o mais urgente. São nove famílias que moram embaixo do viaduto no Km 21 do Anel que têm suas casas com risco iminente de desabamento. Há dois meses, os moradores relatam que a estrutura está cedendo, empurrando as casas umas em cima das outras, e ainda denunciam que há queda de pedras de mais de 15 kg. (mais…)

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Entrevista com Alexandre Anderson – AHOMAR

Gravação realizada durante visita do Dr Edison da Creatinina e seu gabinete a sede da AHOMAR.

O clima frio e o tempo nublado deixam a Praia de Mauá mais triste. A apreensão quanto ao destino da Associação dos Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar), pode ser percebida no ar. Desde 2009 os mortos na guerra desigual entre os pescadores e as milícias a serviço de grandes empresas já chegam a quatro. Em 2012 já foram dois. A mão cruel e pesada dos empresários está acabando com uma atividade .

 Compartilhada por Leandro Arci.

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Na corda bamba de um descaso público

do Incid

“Nós estamos sendo expulsos covardemente, por medo, ameaça e bala!”. O desabafo do presidente da Associação de Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), Alexandre Anderson de Souza, sintetiza a situação dos pescadores artesanais das Baías de Guanabara e Sepetiba, exposta em Audiência Pública na manhã desta quarta-feira (01), na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

A entidade denunciou as sistemáticas violações ocorridas com o avanço das obras do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) e cobrou publicamente justiça pelos assassinatos de pescadores artesanais. Desde 2009, quatro lideranças da associação já foram mortas.

Sem ostentar discursos, Souza expressou sua preocupação com simplicidade de palavras e gestos. Questionou a responsabilidade socioambiental da Petrobras, e as ausências de envolvimento com a sociedade nas regiões do Complexo. “Fico muito triste porque o Ministro da Pesca não pode comparecer, e a Petrobras não mandou nenhum representante para compor a mesa”. (mais…)

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Bolivia: Amnistía Internacional observa con preocupación consulta sobre el TIPNIS

Servindi, 2 de agosto, 2012.- La organización Amnistía Internacional (AI) expresó su preocupación por la forma en la que se lleva a cabo la consulta sobre la construcción de una carretera que atravesaría el Territorio Indígena y Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS), por no contar con todos los resguardos para asegurar el pleno cumplimiento de los derechos humanos.

La organización humanitaria Amnistía Internacional recordó que es un deber del Estado asegurar que el proceso de consulta se realice de buena fe, de manera transparente, conforme a los usos y costumbres de las comunidades afectadas y por medio de sus instituciones representativas.

AI  expresó que no toma posición particular sobre la construcción o no de la carretera por el TIPNIS pero observa que conforme a los estándares internacionales el Estado está obligado a respetar el derecho a consulta previa de los pueblos indígenas a fin de lograr su consentimiento previo, libre e informado antes de aplicar o adoptar medidas legislativas o administrativas que puedan afectarles. (mais…)

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