Aluno branco de escola privada tem nota 21% maior que negro da rede pública

Carlos Lordelo, Davi Lira, Ocimara Balmant e Paulo Saldaña –  O Estado de S.Paulo

Recorte inédito de dados de desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010 nas capitais do País, além de confirmar a distância entre as notas médias dos estudantes de colégios particulares e os de escolas públicas, revela o abismo que separa estudantes brancos e negros das duas redes.

Os números mostram que as notas tiradas pelos alunos brancos de escolas particulares no exame são, em média, 21% superiores às dos negros da rede pública – acima da diferença de 17% entre as notas gerais, independentemente da cor da pele, dos estudantes da rede privada e os da rede pública. O levantamento também aponta distorções entre os Estados. De acordo com especialistas, esse cenário é o reflexo da desigualdade social e também da diferença dos níveis de qualidade das redes estaduais.

A reserva de vagas por cor de pele está na Lei de Cotas aprovada no Senado na semana passada. O projeto, que precisa ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff, prevê que 50% das vagas das universidade federais sejam reservadas para alunos da escola pública – respeitando critérios de renda e reservas proporcionais por Estado para pretos, pardos e indígenas. (mais…)

Ler Mais

Questões agrárias no Maranhão: debate sobre a criminalização dos movimentos sociais

SÃO LUÍS – No período de 7 a 9 de novembro será realizado, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o II Encontro de Estudos e Pesquisas sobre Questão Agrária e Educação do Campo no Maranhão. O Encontro é uma iniciativa do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História, Política, Educação e Cultura do Campo (Nephecc), que é vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFMA, Programa de Educação Tutorial em educação do Campo – PET e conta, ainda, com o apoio da Assessoria Especial de Interiorização, do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Curso de Licenciatura em Educação do Campo (Procampo/MA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo a coordenadora do Encontro e, também, do Pronera, Diana Costa Diniz, a ideia de realizar esse evento vem da necessidade de intensificar os debates sobre a questão agrária no Brasil e ampliar a produção teórica sobre esse campo do conhecimento. O Encontro visa realizar intercâmbio de experiências e criar um diálogo entre universidade e sociedade, por meio de pesquisadores, organizações de trabalhadores e movimentos sociais do campo no desenvolvimento de estudos e pesquisas voltados às políticas públicas.

“O tema deste segundo encontro é Questão Agrária, Luta de Classes e Políticas Públicas no Campo, que tem por objetivo apresentar um amplo debate sobre a criminalização e judicialização dos movimentos sociais e da questão agrária e a negação de políticas públicas para o campo”, explica Diana Costa. (mais…)

Ler Mais

Maior cantora de samba do Brasil, Clara Nunes completaria 70 anos neste domingo

Augusto Gomes, iG São Paulo

Nascida em 12 de agosto de 1942 na pequena Caetanópolis, Clara foi uma das maiores cantoras do país. Morreu em abril de 1983, depois de passar 28 dias em coma na clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. O coma foi resultado de uma reação alérgica à anestesia recebida durante uma simples cirurgia para a retirada de varizes das pernas.

Sua morte provocou uma comoção tão grande quanto à de Elis Regina, um ano antes. Clara, afinal, era uma das cantoras mais populares do Brasil. A partir do início dos anos 1970, fez fama cantando sambas. Discos como “Claridade” (1975), “Canto das Três Raças” (1976), “Guerreira” (1978) e “Brasil Mestiço” (1980) ultrapassaram a marca de 1 milhão de cópias vendidas. (mais…)

Ler Mais

“Xeque-mate”: Repórter relata guerra entre a Polícia Militar e o crime organizado

Em “Xeque-mate”, Josmar Jozino, um dos primeiros a divulgar a existência do PCC, apura tanto as ordens enviadas de dentro dos presídios quanto os comandos que matam para preservar a ordem pública

Por José Francisco Neto, de Brasil de Fato

Jornalista desde 1994, Josmar Jozino é especialista em reportagens policiais, chegando, inclusive, a conquistar em 2000 o prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos. Em 2005, conquistou o prêmio pela segunda vez com o livro Cobras e Lagartos e, em 2008, novamente, com o livro intitulado Casadas com o Crime. Atualmente é repórter do jornal Agora São Paulo.

Considerado um dos maiores especialistas na cobertura de casos relacionados ao Primeiro Comando da Capital, o PCC, Jozino foi um dos primeiros a divulgar a existência da facção do crime organizado no Brasil.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista conta sobre o seu novo livro lançado no mês de julho, “Xeque-Mate: o tribunal do crime e os letais boinas pretas. Guerra sem fim”, e ainda fala sobre a proposta de desmilitarização da polícia e da situação atual que vive São Paulo. “Quando um policial é morto pelo crime organizado, vem a represália e aparece uma chacina. É isso o que o livro mostra, uma guerra sem fim.”

O autor, que chegou a ser ameaçado, apura os dois lados da moeda, das ordens enviadas de dentro dos presídios aos comandos que matam para preservar a ordem pública. (mais…)

Ler Mais

Para antropóloga, governo joga entre a inclusão e o trator

Retrato da antropologa e professora na Univesidade de Chicago Manuela Carneiro da Cunha. Foto: Leticia Moreira - 20.out.09/Folhapress

Eleonora de Lucena, de São Paulo

“Um governo em que a mão direita e a mão esquerda não parecem pertencer a um mesmo corpo”. Assim a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha define o governo Dilma Rousseff: a gestão tem uma “face boa”, que promove inclusão social, e outra “desenvolvimentista”, que “não se importa em atropelar direitos fundamentais e convenções internacionais”.

Pioneira na discussão contemporânea da questão indígena e liderança no debate ambiental, Manuela, 69, acha o novo Código Florestal “um tiro no pé”: “A proteção ambiental é crucial para a sustentabilidade do agronegócio”.

A professora emérita da Universidade de Chicago está relançando seu clássico de 1985, “Negros, Estrangeiros: Os Escravos Libertos e Sua Volta à África” [Companhia das Letras, 272 págs., R$ 49], sobre escravidão e liberdade no Atlântico Sul.

Nesta entrevista, concedida por e-mail, ela constata vestígios de realidade escravocrata no Brasil de hoje: “Olhe com atenção cenas de rua. São muitas as que parecem saídas de fotografias dos anos 1870 ou até de aquarelas de Debret, da década de 1820”. (mais…)

Ler Mais

Vítimas do conflito, mais de 1.300 colombianos fogem por mês para o Equador

“Gracias Ecuador”, campanha do ACNUR que destaca as políticas equatorianas para refugiados, foi lançada essa semana
Por Maycon Stähelin, de Brasília
Apesar da redução do conflito entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo do país, em relação ao auge no início da década passada, atualmente uma média de 1.300 refugiados cruzam, a cada mês, a fronteira colombiana em direção ao Equador. Esse fluxo faz do Equador o país da América Latina que mais recebe refugiados, principalmente colombianos que fogem dos conflitos e da violência no país. Para homenagear o povo e o governo equatoriano pelas políticas receptivas em relação aos refugiados e incentivar postura semelhante em outros países, o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) lançou nesta sexta-feira (10/08), em Brasília, a campanha internacional “Gracias Ecuador” (Obrigada Equador).

De acordo com o representante do ACNUR no Brasil, Andrés Ramirez, há mais de 56 mil refugiados no Equador, principalmente de origem colombiana. Ele explica que algumas das regiões da Colômbia onde o conflito é mais intenso são próximas da fronteira com o Equador. “A fronteira colombiana com o Brasil, por exemplo, é maior, mas é majoritariamente de floresta amazônica, uma área pouco povoada e de difícil movimentação”, disse. (mais…)

Ler Mais

Brasil pode ter sido mais decisivo que EUA nos golpes latino-americanos

O ditador brasileiro Emílio Garrastazu Médici e o presidente dos EUA Richard Nixon

O Brasil pode ter tido um papel mais importante que os EUA nas ditaduras latino-americanas, embora a articulação estreita entre Brasília e Washington para perseguir militantes de esquerda nos anos 60 e 70 seja ainda quase desconhecida para a história oficial.

A missão de desvendar os meandros dessa cooperação e o verdadeiro papel que militares e civis brasileiros desempenharam em ditaduras como as do Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia caberá à recém-instaurada Comissão da Verdade, diz o pesquisador norte-americano Peter Kornbluh em entrevista ao Opera Mundi.

Segundo Kornbluh – que esteve em maio em Brasília para reunir-se com membros da Comissão –, existem papéis ultrassecretos que provam que o Brasil exportou técnicas de tortura para os países vizinhos, além de fornecer respaldo político, ajuda financeira e suporte material para ditadores militares da região.

Nós sabemos, por exemplo, que o presidente (brasileiro Emílio Garrastazu) Médici e o presidente (dos EUA Richard) Nixon mantiveram um canal de comunicação ultrassecreto sobre a intervenção brasileira no Chile e, possivelmente, em outros países do Cone Sul no início dos anos 70”, diz Kornbluh, que é diretor dos Arquivos da Segurança Nacional. A organização de Washington, fundada em 1985, é especializada no requerimento, interpretação e publicação de documentos secretos norte-americanos liberados para consulta pública sobre os golpes na América Latina. (mais…)

Ler Mais

O fator humano: Castanhais podem ser resultado da ação de populações indígenas antes da colonização europeia

Por Salvador Nogueira – Edição 198 – Agosto de 2012

A distribuição das castanheiras na região amazônica é motivo de controvérsia há várias décadas. Como o fruto que contém a semente é duro e de difícil dispersão, os especialistas não entendiam exatamente como existem castanhais – áreas densamente ocupadas por árvores da espécie Bertholletia excelsa – em toda a Amazônia. Uma das explicações mais antigas dizia que roedores como a cutia e aves como a arara eram responsáveis pela disseminação da semente. Agora dois trabalhos recentes vêm reforçar outra tese: grande parte das árvores da castanha-do-pará teria sido cultivada e mantida por indígenas antes da ocupação europeia no continente. O primeiro estudo baseou-se nas atividades humanas na floresta; o segundo em análises genéticas e até linguísticas sobre os idiomas indígenas.

Ricardo Scoles, da Universidade Federal do Oeste do Pará, e Rogério Gribel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), fizeram um dos trabalhos. Eles partiram do pressuposto de que a intensidade das ações dos antigos habitantes da região nos castanhais deixou uma “assinatura” na população de árvores que pode ser identificada. E compararam castanhais da região do rio Trombetas com os das vizinhanças do rio Madeira. A primeira área era bastante ocupada por indígenas antes do descobrimento do país, mas depois sua população caiu drasticamente no século XVI. Já a segunda região teve a ocupação humana preservada mesmo após a colonização portuguesa.

As diferenças encontradas foram marcantes. Enquanto os velhos castanhais tinham mais árvores antigas e menos sementes disponíveis para novas germinações, os que tiveram a presença constante de seres humanos eram, em geral, mais jovens e produtivos. (mais…)

Ler Mais