Noam Chomsky escreve – e fala – sobre o Occupy

Entrevistado ao lançar novo livro, ele debate perspectivas do movimento, Primavera Árabe, crise da democracia, internet e como os EUA produziram seu próprio declínio

Outubro de 2011: em Nova York, manifestantes do Occupy protestam fantasiados de zumbis, diante da Bolsa

Entrevista a Joshua Holland, do Alternet | Tradução: Daniela Frabasile

No ano passado o movimento Occupy espalhou-se espontaneamente por inúmeras cidades dos Estados Unidos. Mudou radicalmente o discurso e fustigou a elite econômica com sua desafiante defesa das maiorias. Foi, para Noam Chomsky, “a primeira grande resposta pública a trinta anos de guerra de classes”. Em seu livro mais recente, Occupy, Chonsky debate os principais temas, questões e reivindicações que estão levando cidadãos comuns a protestar. Como se chegou a tal ponto? De que modo o 1% de mais ricos influencia as vidas dos outros 99%? Como se pode separar Política de Dinheiro? Que seria uma eleição genuinamente democrática?

Na semana passada, Chomsky foi entrevistado na web-rádio do site Alternet. Eis uma transcrição, levemente editada por motivos de clareza, de sua fala. A gravação original (em inglês) pode ser ouvida aqui.   (mais…)

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Peru: População de Cajamarca declara resistência pacífica permanente até que Conga seja declarado inviável

Natasha Pitts, Jornalista da Adital

Adital – Após o anúncio feito pelo presidente peruano Ollanta Humala, no início da semana, informando que garantiria a instalação do projeto mineiro Conga em Cajamarca, mais de 20 organizações, federações, sindicatos e paróquias se manifestaram por meio de uma carta aberta repudiando a decisão. Os ativistas se declararam em resistência pacífica permanente pela vida e a dignidade até que seja garantida a inviabilidade do projeto.

No dia 31 de maio as organizações pretendem realizar uma jornada de mobilizações pacíficas em todo o departamento de Cajamarca, que se prolongará até que o presidente ouça as reclamações populares sobre a inviabilidade de Conga.

Na carta aberta, as organizações deixam claro que longe de aceitar a proposta de Ollanta de garantir a quantidade, disponibilidade e qualidade da água para toda Cajamarca, o que a população deseja é o fim da imposição de projetos mineiros na região e no lugar disto o investimento em atividades sustentáveis como agricultura, pecuária, piscicultura, turismo, reflorestamento e artesanato.

No documento, pedem que o presidente cumpra suas promessas de campanha e não dê continuidade às políticas excludentes, centralistas e depredadoras dos recursos naturais da região. Pedem, principalmente, que Ollanta pare com a destruição das fontes de recursos hídricos e lembram que a Yanacocha, empresa responsável pelo Projeto Conga, já destruiu inúmeros rios, mananciais e lagoas, como San José, Maqui Maqui, Totorococha Chica, Patos e Corazón, para citar apenas algumas. (mais…)

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RS – Índios Mbyá Guarani conquistam área de 77 hectares em Santa Maria

Ação civil pública foi ajuizada pela Procuradoria da República e tira comunidade indígena da beira da estrada

Índios Mbyá Guarani conquistam área de 77 hectares em Santa Maria (RS)
Atualmente índios vivem às margem da BR 392 na miséria absoluta

Concedendo antecipação de tutela a uma ação do Ministério Público Federal, a Justiça Federal de Santa Maria determinou a imediata imissão de posse para a comunidade indígena do acampamento Mibyá Guarani, possibilitando que eles ocupem uma área de 77 hectares de propriedade do Estado do Rio Grande do Sul, no Distrito Industrial da cidade. Atualmente, a comunidade indígena está acampada às margem da BR 392, entre os quilômetros 339 e 340, localidade de Arenal.

A ação civil pública foi ajuizada pelo procurador da República Rafael Brum Miron, contra a União, a Funai e o DNIT. Na decisão, a juiza federal de Santa Maria Simone Barbisan Fortes determinou que os réus no processo  devem providenciar remoção do acampamento indígena para a nova área, conforme acerto ocorrido durante a inspeção judicial entre o Estado do Rio Grande do Sul, Funai e Município de Santa Maria.

Cabe à Funai fornecer, no menor tempo possível, os materiais necessários à construção, em regime de mutirão pelos próprios indígenas, de nove casas de maneira, com banheiro coletivo e tanques para o asseio pessoal e de vestuários, instalação de caixa(s) d’água suficientes ao abastecimento, bem como medidas necessárias à instalação de rede elétrica (normal ou por gerador) e hidrossanitaria. (mais…)

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É hora de julgar o racismo

Paulo Moreira Leite*

O  julgamento sobre cotas é uma boa oportunidade para se discutir um aspecto essencial da vida brasileira – o racismo.

A noção de que vivemos numa democracia racial chega a ser patética num país onde mais de 90% dos brasileiros disseram ao DataFolha, em 2008, na passagem dos 120 anos da abolição, que vivemos num país racista.

A visão é comprovada pelos fatos. Os negros estão nos piores empregos, nas piores escolas, nos piores bairros. Têm 30% da renda embora representem 50% da população.

Nessa situação, chega a ser risível ouvir a crítica de que as políticas de ação afirmativa irão criar um ambiente de “tensão racial”, ameaçar a “democracia racial” e forjar uma situação cultural chamada  de “racialismo.” Essa noção existe desde a abolição quando, ao menos formalmente, os negros deixaram a condição de “coisa” para se transformar em “pessoas.”

As pessoas convencidas de que somos um país tão tolerante em relação a estas diferenças que elas se tornaram invisíveis poderiam, por exemplo, prestar atenção nos boletins de ocorrência de uma delegacia. Ali, todo brasileiro é identificado pela “cútis” como branco, pardo ou preto. Será que isso diz alguma coisa? Ou é apenas uma necessidade “técnica”? (mais…)

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Lixão de “Avenida Brasil”: realidade ou ficção?

por Raquel Rolnik

Em “Avenida Brasil”, novela do horário nobre da Globo, o público vem acompanhando o drama amoroso de Nina e Jorginho, cujo cenário é um lixão do Rio de Janeiro. Até cena de amor os personagens de Débora Falabella e Cauã Reymond já viveram no local. Seria o lixão de Nina e Jorginho (ou Rita e Batata) ficção ou realidade?

Infelizmente, nem mesmo na Cidade Maravilhosa os lixões são ficção de novela. Recentemente foi anunciado o fechamento do lixão do Jardim Gramacho, o maior da América Latina, muito conhecido por conta do documentário “Lixo Extraordinário”. Finalmente a montanha de lixo de 60m de altura que ocupa uma área de 1,3 milhão de metros quadrados sairá da paisagem do Rio de Janeiro, dando fim ao desastre ambiental que vem causando há varias décadas. Durante mais de 30 anos, todo o lixo produzido na capital fluminense e em mais quatro cidades foi jogado ali. (mais…)

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PA – Violação de terras quilombolas no Pará será investigada pelo MPE

Ministério Público do Estado vai apurar denúncias de violação de território. Madeireiros estariam ameaçando lideranças quilombolas

Um inquérito civil foi aberto pelo Ministério Público do Estado (MPE) em Óbidos, noroeste do Pará, para investigar suposta violação dos direitos territorias dos quilombolas de Ariramba, comunidade localizada na Floresta Estadual do Trombetas, Flota. Segundo o MPE, além da invasão territorial há suspeitas de que os madeireiros da região, que exploram ilegalmente a Flota, estejam ameaçando a integridade das lideranças quilombolas locais.

Os quilombolas pedem a identificação, demarcação e o reconhecimento de suas terras de acordo com a Constituição Federal e convenções de direitos humanos.

De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Flota abrange mais de 3 milhões de hectares entre os municípios de Óbidos, Oriximiná e Alenquer. Além da promotoria de Óbidos, o Centro de Apoio Operacional Ambiental do MPE, em Belém, também está apoiando a iniciativa. “Esta situação de conflito deve ocorrer invisivelmente em outras regiões, e por isto é necessário que a instituição permaneça atenta”, ressaltou a Procuradora de Justiça Maria da Graça Azevedo da Silva. (mais…)

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Domésticas são mais de 7 milhões no país e ainda buscam ampliar garantias trabalhistas

Amanda Cieglinski, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Uma em cada cinco brasileiras (19,7%) que fazem parte do população economicamente ativa é trabalhadora doméstica. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2009, mostram o peso da categoria, que soma 7,2 milhões de trabalhadores, mas segue marginalizada e sem a garantia de alguns direitos trabalhistas.

“No mundo todo, são 53 milhões de trabalhadores domésticos. Mas esse número é subestimado porque, na maioria dos casos, é um trabalho que se exerce de maneira invisível, informal e fora das garantias da legislação trabalhista”, aponta Laís Abramo, diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil.

Integrantes de entidades que representam essas profissionais se reuniram em Brasília para analisar a situação da categoria, em comemoração ao Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica, celebrado ontem (27). Um dos temas discutidos foi a Convenção Internacional sobre o Trabalho Decente para Trabalhadores Domésticos, aprovado em junho de 2011 pela OIT. O documento, que precisa agora ser ratificado pelos países-membros, prevê a aprovação de leis que garantam mais direitos à categoria. Até o momento, apenas o Parlamento do Uruguai confirmou a adesão. (mais…)

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Indígenas iniciam passeata em defesa de parque na Bolívia

Centenas de indígenas da Amazônia boliviana começaram nesta sexta-feira sua segunda passeata em menos de um ano rumo a La Paz para defender um parque natural que o presidente Evo Morales quer dividir em dois com uma estrada financiada pelo Brasil.

Os amazônicos, apoiados por outros grupos étnicos do planalto e do sul do país e por ecologistas e sindicalistas, iniciaram sua caminhada em clima festivo na praça principal da cidade de Trinidad e devem percorrer hoje seus primeiros 17 quilômetros, segundo comprovaram enviados da Agência Efe.

A Confederação de Povos Indígenas do Oriente da Bolívia (Cidob) lidera a mobilização, que começou após uma celebração religiosa na catedral de Trinidad, capital do departamento de Beni, na fronteira com o Brasil.

Mais de 300 nativos, inclusive crianças e mulheres, iniciaram a travessia de mais de 500 quilômetros, vários deles vestidos com trajes típicos e agitando bandeiras e símbolos indígenas, rumo a uma primeira escala em Puerto Varador, na beira do rio Mamoré.

Os manifestantes rejeitam que a estrada passe pelo coração do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), situado no centro da Bolívia, porque temem que destrua o que consideram um paraíso ideal para viver, no meio de um extraordinário habitat animal e vegetal. (mais…)

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Queda de quase 50% na mortalidade infantil do país é “surpreendente”, diz IBGE

Hanrrikson de Andrade, Do UOL, no Rio

A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, destacou nesta sexta-feira (27) a queda de 47,5% no índice brasileiro de mortalidade infantil, dado registrado pelo Censo Demográfico 2010 em comparação com a mesma pesquisa realizada há dez anos em todo o território nacional. Esse e outros dados foram divulgados nesta sexta-feira (27). Segundo o levantamento, a taxa que em 2000 era de 29,7‰, isto é, 29,7 óbitos de crianças menores de 1 ano para cada 1.000 nascidos vivos, caiu para 15,6‰ em 2010.

Segundo Bivar, os resultados são surpreendentes e comprovam o acelerado processo de desenvolvimento do país. A região na qual os pesquisadores constataram o maior grau percentual de redução da mortalidade infantil foi o Nordeste, que hoje registra 18,5‰, ou seja, 18,5 óbitos de crianças menores de 1 ano para cada 1.000 nascidos vivos –em 2000, esse índice chegava a 44,7‰. A redução foi de 58,6% na década.

“Com certeza, o maior destaque do Censo 2010 diz respeito à redução dos números de mortalidade infantil. Esse resultado se deve a inúmeros fatores de transformação, a exemplo do sucesso de algumas políticas públicas, aumento do grau de escolaridade da população, uma consciência maior das mulheres em relação ao período da gestação, entre outros”, afirmou Bivar em entrevista coletiva no Rio de Janeiro. (mais…)

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Brasileiro é falso moralista e duas-caras quando se trata de sexualidade, dizem historiadores

Para historiadora, o papel da igreja na formação da nossa sociedade a formar a dupla moral brasileira. Use o campo de comentários desta página para opinar sobre o temaCléo Francisco, Do UOL, em São Paulo

No carnaval, os desfiles das escolas de samba mostram mulheres seminuas a sambar. Emissoras de TV fazem a cobertura dos bailes gays nessa época. Telejornais exibem imagens da folia nos blocos em todo país onde a sensualidade rola solta. Fora do Carnaval, São Paulo celebra a diversidade sexual e vira palco de uma das maiores paradas gay do mundo. Em 2009, a universitária Geisy Arruda teve de sair da faculdade em São Bernardo do Campo (SP) escoltada por policiais e ouvindo xingamentos por usar um vestido considerado justo e curto. A intolerância também frequenta a Avenida Paulista, local cujas câmeras ali instaladas costumam registrar, com frequência, ataques a homossexuais.

“A mesma avenida que abriga uma das maiores paradas gay do mundo é o lugar onde se mata homossexuais. É inadmissível. Somos pessoas de duas caras, falsos moralistas”, afirma a historiadora Mary Del Priore, que estuda a sexualidade no Brasil ao longo dos séculos. Mary acaba de lançar o livro “A Carne e o Sangue” (Editora Rocco), que aborda o triângulo amoroso constituído por Dom Pedro I, a Marquesa de Santos e a imperatriz Leopoldina. “D. Pedro dizia que fazia ‘amor de matrimônio’ com Leopoldina e ‘amor de devoção’ com Domitila. Do sangue nobre cuidava a mulher, que lhe dava os filhos e era a matriz. O prazer era com a outra. A imperatriz era muito religiosa e tinha horror ao sexo. A marquesa, ao contrário. E D. Pedro era um inconsequente machista, que teve dezenas de amantes”, conta Mary. (mais…)

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