Aos cinco anos do assassinato de Gerô, Dia Estadual de Combate à Tortura será celebrado com lançamento de campanha
O brutal e covarde assassinato do artista popular Jeremias Pereira da Silva, o Gerô, será lembrado nesta quinta-feira (22), quando o crime completa cinco anos. O compositor e repentista foi torturado e espancado até a morte. Os policiais militares, agentes do crime, alegaram à época, terem confundido-o com um assaltante. Ainda em 2007, por força da lei estadual nº. 8.641, a data foi instituída como o Dia Estadual de Combate à Tortura.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA), a Ouvidoria de Segurança Pública e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), entidades-membros do Comitê Estadual de Combate à Tortura (CECT-MA), lançam, na data, a Campanha Estadual de Combate à Tortura, com diversas atividades previstas até dezembro de 2012, ocasião em que será publicizado um balanço da campanha.
Duas atividades marcarão seu lançamento: um ato público no Terminal de Integração da Praia Grande – um dos “palcos” da tortura sofrida por Gerô – e um debate sobre o tema na programação do Papoético, tertúlia semanal organizada pelo poeta e jornalista Paulo Melo Sousa no Chico Discos (Rua Treze de Maio, esquina com Afogados, Centro, sobre o Banco Bonsucesso). O primeiro, marcado para às 18h, contará com a presença de Dom Xavier Gilles, bispo emérito de Viana e vítima de tortura durante o período da ditadura militar brasileira; no segundo, às 19h30, haverá exibição de filme sobre a temática, seguido de debate-papo com a advogada Joisiane Gamba e a psicóloga Cinthia Urbano, ambas da SMDH.
Arte – A arte do cartaz foi desenhada por Carlos Latuff, cartunista que tem colaborado com as lutas populares no Rio de Janeiro (ocupação do Morro do Alemão), São Paulo (despejo em Pinheirinho) e Oriente Médio (primavera árabe), entre outros. “Quando vi o desenho fiquei impactada, pela imagem forte e real. O Latuff captou muito bem, numa imagem nua e crua o que é a tortura física. Que pode resultar em óbito, e quando não, pode levar a pessoa a uma morte subjetiva, o que é demasiadamente trágico, pois é preciso estar ‘acordado’ para a vida, desejante, e a tortura muitas vezes apaga essa vontade, muitas vítimas denominam assim, em vários aspectos, de viver”, afirmou a psicóloga Cinthia Urbano. Ela afirmou ainda que “o crime de tortura, praticado contra uma pessoa, é um crime contra a humanidade, é simplesmente inaceitável. Como diz o cartaz da campanha, ‘é preciso mudar este quadro’”.
Assassinato – “O assassinato de Gerô é um caso emblemático. Foi algo brutal. É a prova da falta de compromisso da segurança pública com a sociedade do Maranhão”, lembra, revoltado, o compositor Cesar Teixeira, autor de Samba do Capiroto, parceria sua com Joãozinho Ribeiro, gravada por Gerô como A emenda do cão (em ritmo de xote), em disco lançado postumamente.
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Enviada por Edmilson Pinheiro.