Não morro de amores pela economista Miriam Leitão, não por desconsiderar os seus conhecimentos específicos, mas por divergir da ideologia que comanda sua visão econômica, que – mesmo que ela o negue – tem o viés neoliberal que vê no mercado o deus supremo.
Mas, hoje, quero falar da jornalista Miriam Leitão e, sem o menor receio de me tornar incoerente e, pelo contrário, por um dever de honestidade, registro aqui como altamente meritório e positivo o seu trabalho de reportagem – junto com o jornalista Cláudio Renato – que, no jornal “O Globo” e no canal “Globo News”, em matéria intitulada “Anos de chumbo”, traz à baila – no momento em que parece que, finalmente, se instaurará no país a “Comissão da Verdade” – o caso Rubens Paiva, jornalista preso pelos organismos da ditadura e cuja história e destino, a partir da prisão, continuam até hoje não esclarecidos “oficialmente”.
A reportagem em questão abordou honesta e criteriosamente vários aspectos do caso, ouviu o que se poderiam considerar os dois lados da questão, mas em nenhum momento deixou de revelar uma postura de indignação diante do episódio, um dos mais emblemáticos dos anos de chumbo da ditadura brasileira, suas perseguições, torturas e mortes. (mais…)