Na manhã de ontem, 5 de março de 2012, um grupo de mulheres de diversas entidades e movimentos sociais equatorianos ocupou durante algumas horas a Embaixada da China em Quito, em protesto contra o contrato de mineração negociado entre o Governo do Equador e a companhia chinesa ECSA (Ecuacorriente).
Uma das manifestantes, que pediu para se manter anônima por medo de represálias, disse que “é uma agressão tentarem assinar este contrato quatro dias antes do início da marcha de protesto anunciada pela população ameaçada pela mega mineração… Ela exige respeito pelos seus direitos constitucionais”!
Fora da Embaixada, faixas reafirmavam os protestos contra as atividades mineiras, principalmente na Cordilheira do Condor, uma área na Amazônia (na maioria território do Povo Shuar) no sudeste do Equador, perto da fronteira com o Peru.
Dentro do edifício, um abaixo assinado foi apresentado ao embaixador Yuan Guisen, para ser transmitido à companhia, solicitando que ela não assine o contrato que permitirá a implantação da mineração em larga escala, algo novo para o Equador. Elas explicavam que o projeto implicará em danos sérios aos lençóis freáticos, à biodiversidade e aos territórios ancestrais dos povos indígenas.
Além desses impactos, há dúvidas sobre a reputação da companhia. Diversos relatórios produzidos por organizações de Direitos Humanos e Ambientais, como o chamado ‘Large scale mining in Ecuador and Human Rights abuses’, mostram que a ECSA está envolvida em diversos casos de criminalização das populações locais. Além disso, a companhia não está respeitando a lei equatoriana e outros procedimentos legais, que exigem a aprovação dos estudos de impacto ambiental antes da assinatura do contrato de mineração.
Uma das jovens ativistas disse que “As companhias chinesas precisam saber que no Equador existe uma sociedade organizada que defende a natureza e garante seus direitos”.
Na foto ao lado pode-se ver uma das participantes sendo detida pela Polícia durante o protesto: Esperanza Martinez. Ela é uma das fundadoras da Ação Ecológica (em 1986) e da Oilwatch (em 1995) e uma das mais conhecidas ambientalistas da América Latina. Oito mulheres foram presas pela política e libertadas apenas na noite de ontem.
As faixas levadas pelas mulheres em protesto diziam: “Fuera empresas chinas de Ecuador” e “Chinese companies out of Ecuador”, referindo-se às companhias de mineração e de petróleo. Esta pode ser a primeira vez em que esse tipo de faixa foi carregada na América Latina, mas provavelmente não será a última.
Uma descrição em inglês dos projetos de mineração na Cordilheira do Condor, feita pela Ação Ecológica, pode ser lida AQUI.
Tradução livre a partir de http://www.ejolt.org/2012/03/chinas-ecuador-embassy-occupied-in-opposition-to-mining-contract/.
Enviada por Marcelo Firpo.