Caça aos cientistas dignos: Indústria do amianto tenta intimidar Hermano Castro de Albuquerque

Um dos mais renomados pesquisadores da Fiocruz, Hermano Castro de Albuquerque, recebeu ontem em sua casa a gentil visita de um oficial de justiça. Motivo? Notificá-lo judicialmente para dar explicações ao Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC) , da indústria do amianto, sobre suas publicações científicas e pesquisas na área médica que demonstram os riscos que o produto representa para a saúde pública e os casos de mesotelioma já diagnosticados no Brasil.

A interpelação, que pode ser lida ao lado, tem forma que poderia ser considerada no mínimo “inadequada”, considerando o renome e o indiscutível respeito que Hermano Castro merece por parte da comunidade científica e de todas as pessoas que conhecem o seu trabalho.

Ao que tudo indica, os acontecimentos da Europa e, em particular, a possível repercussão negativa entre nós do veredito de Turim, no dia 13 próximo, estão deixando a indústria do amianto agressivamente preocupada.

Toda a nossa solidariedade a Hermano Castro de Albuquerque! E, de preferência, vale também escrever uma pequena mensagem para o IBC, pelo menos repudiando o ataque. Para facilitar, o e-mail é [email protected].

Tania Pacheco.

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A “defesa do direito ao aborto” e a “defesa do aborto”

Leonardo Sakamoto

É com esperança que recebi a notícia de que a professora Eleonora Menicucci assume como ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, não apenas por conta de sua trajetória como militante política durante os anos de chumbo e como respeitada acadêmica, mas também por sua forte atuação no movimento feminista.

Ao noticiar a posição pessoal da nova ministra de “defesa do direito ao aborto”, parte da imprensa falou simplesmente em “defesa do aborto”. Bem, só quem é jornalista e esteve em um fechamento sabe o que é ter um chefe bufando no seu cangote, exigindo a página fechada, enquanto procura fazer caber uma ideia inteira em um espaço tão exíguo quanto aquele reservado ao título ou à manchete. Mas, caros colegas, temos que tomar cuidado. Defesa do direito ao aborto é diferente de defesa do aborto.

Não há defensora ou defensor do direito ao aborto que ache a interrupção da gravidez uma coisa fácil e divertida de ser feita, equiparada a ir à padaria para comprar um Chicabon. Também não seriam formadas filas quilométricas na porta do SUS feito um drive thru de fast food de pessoas que foram vítimas de camisinhas estouradas. Também não há pessoa em sã consciência que defenda o aborto como método contraceptivo. Aliás, essa ideia de jerico aparece muito mais entre as justificativas daqueles que se opõem à ampliação dos direitos reprodutivos e sexuais do que entre os que são a favor. A interrupção de uma gravidez é um ato traumático para o corpo e a cabeça da mulher, tomada após uma reflexão sobre uma gravidez indesejada ou de risco. (mais…)

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Adolescentes escravizados exerciam atividades de risco no Pará

Os dois adolescentes de 13 e 14 anos com o machado utilizado

Entre 52 libertados estavam jovens de 13 e 14 anos manuseando machados. Fazendeiro nega que eles trabalhavam e diz que ambos foram “oportunistas”

Por Daniel Santini

Quatro adolescentes foram encontrados entre os 52 trabalhadores resgatados de situação análoga à escravidão em fiscalização realizada na zona rural do município de Tailândia (PA), no final de janeiro, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Dois deles, de 13 e 14 anos, exerciam atividade de risco manuseando machados na extração e beneficiamento de madeira, trabalho que está entre as piores formas de exploração infantil, conforme a Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho e a legislação brasileira. Outro, de 16 anos, trabalhava com uma foice para abrir caminho para a passagem das toras. E uma garota de 15 anos trabalhava como cozinheira em uma das frentes de trabalho. Ronaldo de Araújo Costa, proprietário da fazenda em que o flagrante aconteceu, nega que tenha explorado trabalho escravo e infantil, diz que os adolescentes não trabalhavam e que foram “oportunistas” ao se depararem com a fiscalização. (mais…)

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Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas ou Protesto contra a Violência?

Samia Roges Jordy Barbieri*

O dia 7 de fevereiro foi instituido pelo decreto presidencial nº11.696, de 12 de junho de 2008, do Governo Lula, como o dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. Entretanto, temos, a bem da verdade, o desejo de fazer um MANIFESTO CONTRA A VIOLÊNCIA perpetrada diuturnamente contra os direitos humanos dos povos indígenas. Seria bonita a comemoração e a designação da data se vivêssemos em paz com os habitantes originários da nossa terra. Essa não é a realidade em que vivemos. O que vivemos no Estado do Mato Grosso do Sul é a dizimação da cultura, da língua, dos costumes, do povo, e, principalmente, a falta de demarcação das terras indígenas. O genocídio, etnocídio é alarmante, com morte de lideranças que buscam o reconhecimento do seu direito à terra, consagrado na Constituição Federal de 1988, no Estatuto do Índio, na Declaração dos Povos Indígenas da ONU ratificada por mais de 140 países, sem falar da Carta das Nações Unidas, mais conhecida como Carta de São Francisco, e uma infinidade de Tratados e Pactos
Internacionais ratificados pelo Brasil.

Poderíamos ficar horas falando o nome de mais de 250 líderes indígenas mortos, mas citamos alguns como mártires da sua luta, que foram Marçal de Souza, Marcos Verón e Nísio Gomes, que segundo inquérito, está considerado como desaparecido. A coincidência é a escolha de líderes que são mártires pela escolha do genocídio de sua etnia: a Guarani Kaiowá.

Em vez de mortes, poderíamos falar de protagonismo indígena, de autodeterminação, direito à alteridade e à diferença, educação diferenciada, conhecimentos tradicionais associados à diversidade, medicina tradicional, do etnodesenvolvimento e da etnossustentabilidade, uso e manejo do solo de forma sustentável. Seria este o nível do diálogo, mas que diálogo? (mais…)

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