Saúde na Rio + 20

A Fiocruz já deu os primeiros passos nos preparativos para a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, a Rio + 20, e para a Cúpula dos Povos, que serão realizados em junho deste ano no Rio de Janeiro. Entre algumas das ações realizadas, estão a criação do Escritório Fiocruz Rio + 20, que organiza as atividades da Fiocruz para a Conferência, a elaboração de um documento juntamente com o Ministério da Saúde sobre a importância da inserção da pauta da saúde nas discussões e um debate realizado no Espaço Saúde e Cultura Frida Kahlo do Fórum Social Temático 2012 (FST), em Porto Alegre, no último dia 26.

A discussão, que abordou a relação entre saúde, ambiente e sustentabilidade, e de que forma esta questão deve ser incluída na pauta da Conferência, reuniu pesquisadores da Fiocruz, líderes de movimentos sociais de todo o Brasil, representantes da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS) e do Ministério da Saúde. A atividade, pensada pelo Escritório Fiocruz Rio + 20, teve como objetivo dar subsídios ao documento que será lançado durante um seminário em abril, a partir de informações e sugestões dos movimentos sociais e outras instituições. A previsão é que o documento seja colocado para consulta pública em março.

O integrante do Escritório da Fiocruz na Rio + 20 e pesquisador da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), Francisco Netto, considera que houve um avanço nas discussões para a Conferência a partir do debate realizado no FST e das colocações feitas pelos movimentos sociais. “Sem dúvida nenhuma essas contribuições dos movimentos sociais vão ajudar na construção do documento que a Fiocruz está constituindo junto com o Ministério da Saúde para pensar e fomentar a pauta da saúde na discussão da Rio + 20”. Para Netto, o debate no FST deu início à consulta pública, uma vez que os movimentos sociais e demais participantes deram suas opiniões sobre o processo. “Temos que pensar agora como vamos fazer para que estas pessoas possam acompanhar e verificar se as sugestões delas serão contempladas no documento”. Os argumentos colocados pelos participantes do debate serão compilados e levados em consideração na construção do documento da Fiocruz.

Netto explica ainda que a implementação do Escritório da Fiocruz na Rio + 20 tem como finalidade ampliar o debate em torno da saúde na Conferência. “A discussão da saúde está muito restrita nos documentos do governo brasileiro. O que queremos é propiciar uma discussão mais aprofundada sobre a saúde”.

Para o consultor regional da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS), Carlos Corvalan, a saúde não aparece como tema prioritário nas discussões da Rio + 20. “Temos muitos problemas de injustiça social, muitos desafios pela frente. A preocupação com a saúde não está muito forte”.

“A saúde é um tema que está muito relacionado a um projeto econômico do país, a um modelo econômico. Para se pensar hoje em empreendimentos, em qualquer possibilidade de processo produtivo para que a nação possa avançar, é preciso colocar na pauta a questão da saúde e o impacto que esses empreendimentos podem causar”, explica o pesquisador da Fiocruz e membro do Grupo Temático de Saúde Ambiental da Abrasco, Hermano de Castro. Para Castro, é preciso discutir a relação entre o processo produtivo e a saúde para que os danos ambientais possam ser minimizados. “Além dos grandes empreendimentos, tem também a questão dos agrotóxicos e das substâncias químicas nocivas. É preciso ter uma política não só do ponto de vista da sustentabilidade, mas também de erradicar potenciais problemas vinculados a essas substâncias”, complementa.

A servidora da Fiocruz Bahia, Cristina Pechine, afirma que a unidade tem promovido uma série de ações para se preparar para a Rio + 20, como a realização de seminários que abordaram questões como saneamento, clima, biodiversidade e impactos de grandes empreendimentos. “Dentro desses eixos nós identificamos vários problemas sócio-ambientais na Bahia. Estamos construindo um documento que é fruto dessas palestras, com estudos e experiências relatadas. Além dos problemas, ele apresentará as potencialidades, propostas sugeridas e resultados dos projetos”.

O consultor do Ministério da Saúde, Rogério Fenner, conta que foi criado um Grupo de Trabalho, formado pelo Ministério da Saúde e por instituições como a Fiocruz, Anvisa, entre outras, para promover a inserção da saúde na Rio + 20. “Além da elaboração do documento, o grupo discutirá quais são as atividades que a saúde pretende realizar antes e durante a Conferência”. Sobre o debate realizado no FST, Fenner afirma: “o contato com os movimentos sociais e outros setores relacionados à saúde é importante para fazer um documento que envolve a todos e que será colocado para consulta pública a partir de março”. Entre as atividades previstas, Fenner cita ainda a realização de dois eventos na Rio + 20, um antes e outro durante a Conferência.

Enviada por Emilia Wien.

http://www.fiocruz.br/fiocruzbrasilia/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=948&sid=6

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