Marc Augé: “A globalização é uma uma nova forma de colonização”

Autor de estudos sobre o modo como as percepções de tempo e espaço se alteraram no mundo contemporâneo, o antropólogo francês Marc Augé reflete sobre essas mudanças em uma entrevista especial. “A distância entre ricos e pobres é cada vez mais importante, e a mesma coisa ocorre com o acesso ao conhecimento e à ciência. Eu diria que a globalização não difere muito da colonização. Vivemos um tipo de colonização anônima ou multinacional. A globalização nos emparelhou” afirma.

Eduardo Febbro – Correspondente da Carta Maior em Paris

Desde 1980, o antropólogo francês Marc Augé propõe uma observação e um relato inédito de um mundo contemporâneo em plena velocidade. Da África à América Latina, do mundo ocidental a uma travessia pelo Jardim de Luxemburgo, uma viagem etnográfica pelo Metrô de Paris ou um ensaio brilhante sobre a bicicleta e o território de autonomia e intimidade que nos oferece, Augé explorou quase todos os recantos da modernidade sem nunca perder de vista o objeto central de seus trabalhos, a saber, os outros, o próximo, o indivíduo.

A originalidade de Marc Augé se inscreve inclusive no lugar de seus encontros. Autor de um delicioso ensaio sobre a impossibilidade de viajar – « A viagem impossível » – e o consequente automatismo que consiste em não viajar por territórios novos, mas sim por lugares consagrados e codificados, o autor francês fixou o local da entrevista em uma estação de trens, a Gare d’Austerlitz. Um lugar de observação privilegiado, situado perto de sua casa, na esquina de um McDonald’s em frente do qual está a entrada do Museu de História Natural de Paris. Uma conjunção urbana perfeita para um intelectual que tem explorado como poucos as noções de tempo e espaço e cujas reflexões precederam o advento de uma modernidade onde o tempo se tornou instantâneo através da velocidade dos intercâmbios e o espaço se estreitou com a catarata de imagens. (mais…)

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A história de edifícios abandonados do centro de São Paulo em depoimentos, fotos e vídeos

Raquel é urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada.

O site Edifícios Abandonados (www.edificiosabandonados.com.br) é mais uma interessante fonte de informação sobre o assunto na Internet. Quem me indicou foi o leitor Alfredo Santiago.

Com esse projeto, a idealizadora Mariana Barbosa pretende contar a história de edifícios abandonados do centro de São Paulo. Ela já reuniu informações sobre seis edifícios.

Além de ouvir pessoas que hoje ocupam esses prédios, Mariana também tentou conversar com os proprietários dos imóveis. Aos depoimentos e entrevistas, somam-se ainda fotos, vídeos e arquivos de áudio.

Por falar nesse assunto, lembrei do documentário “Leva”, exibido recentemente pelo Canal Futura, sobre os movimentos de moradia do centro de São Paulo. No final de agosto, a produção exibiu o filme na ocupação Mauá e eu estive lá para debater com os moradores. Abaixo segue o trailer do filme. (mais…)

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Depois de depejo ilegal, pistoleiros ameaçam famílias Sem Terra em Pernambuco

Página do MST

Um grupo de pistoleiros armados com espingardas 12 cercaram 60 famílias Sem Terra acampadas próximo à fazenda Serro Azul, entre os municípios de Altinho e Agrestina, no Agreste de Pernambuco, na manhã desta quarta-feira (12/10).

Pistoleiros chegaram e passaram a ameaçar as famílias, idosos e crianças. As famílias estavam acampadas dentro da fazenda e foram violentamente despejadas na segunda-feira. Com isso, acamparam no assentamento Frei Damião, ao lado da fazenda.

Sem nenhuma ordem de despejo do governo estadual, mais de 50 policiais, entre soldados da Tropa de Choque da Polícia Militar e da polícia de Altinho, chegaram por volta das 12 horas e, sem dar nenhuma chance às famílias recolherem seus pertences, começaram a colocar fogo nos barracos, enquanto funcionários da fazenda passavam com um trator por cima do que restava. (mais…)

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Presidente do Incra reconhece lentidão para a desapropriação de terras

Da Agência Brasil

O fato de o Brasil ser apontado pela organização não governamental (ONG) Action Aid como o primeiro no ranking de países que combatem a fome não surpreende o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda. Segundo ele, isso é fruto de um trabalho que vem sendo desenvolvido há anos pelo governo brasileiro. No entanto, adverte, a continuidade desses avanços poderá ficar comprometida caso algumas propostas apresentadas pela bancada ruralista sejam aprovadas pelo Congresso Nacional.

“Estamos muito felizes [por o Brasil estar liderando o ranking], porque sabemos o papel que a reforma agrária tem para o combate à fome e para a segurança nacional. Mas essa é uma comemoração momentânea, porque sabemos também que é grande o risco de o Legislativo aprovar matérias que prejudicam a reforma agrária”, disse Lacerda à Agência Brasil.

“Na relação com o Legislativo, temos dialogado muito. Mas, grosso modo, as proposições têm sido cada vez mais no sentido de barrar a reforma agrária. Até porque a maior bancada corporativa [do Congresso Nacional] é a ruralista, que é publicamente contrária a essa política”, acrescentou o presidente do Incra. (mais…)

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Bolívia: uma ideia de progresso, uma ideia de justiça

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Por Sue Iamamoto*

Ela preferiu atribuir à classe operária o papel de salvar gerações futuras. Com isso, ela a privou das suas melhores forças. A classe operária desaprendeu nessa escola tanto o ódio como o espírito de sacrifício. Porque um e outro se alimentam da imagem de antepassados escravizados, e não dos descendentes liberados.

Assim critica Walter Benjamin a ânsia por progresso da social democracia, na sua tese XII “Sobre o Conceito de História”. Ao priorizar a imagem destes antepassados, Benjamin defende que os socialistas devem se guiar por uma ideia de justiça e não por uma ideia de progresso. Estes são dois ideais que marcaram a história do socialismo nos últimos dois séculos e que voltam a se enfrentar de forma contundente no atual panorama político da Bolívia. (mais…)

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”Brasil deve deixar de agir como porta-voz dos países em desenvolvimento e assumir liderança da revolução verde”

Brice Lalonde, coordenador executivo da conferência Rio+20 sugere que o Brasil deixe de agir como porta-voz dos países em desenvolvimento e passe a se comportar como líder mundial, em novo patamar. A reportagem é do G1.

Os organizadores da Rio+20, encontro que deve acontecer em 2012 no Rio de Janeiro, pretendem estabelecer metas inéditas para estimular a produção de energia renovável e reduzir pela metade o consumo de outras fontes até 2030. Será apresentada uma lista de propostas para o desenvolvimento sustentável que devem ser adotadas pelos países participantes – no mesmo modelo das Metas do Milênio. “É hora de criar um plano de ação. Na Eco-92, debatemos os princípios. Agora, vamos agir”, disse o coordenador executivo da conferência, Brice Lalonde.

Ex-ministro do Meio Ambiente da França, Lalonde prevê acordos de cooperação técnica e financeira entre governos e investidores para difundir equipamentos de produção de energia limpa. O objetivo é dobrar a parcela representada por fontes renováveis na matriz energética e acelerar o ritmo de redução do consumo de energia no planeta.

Para ele, o incentivo a fontes de energia limpa deve ser a principal alternativa aos polêmicos debates sobre metas de redução da emissão de gases-estufa. “É mais fácil incentivar um país a produzir energia a partir de fontes renováveis que convencê-lo a reduzir emissões”, avaliou. (mais…)

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No Pará, vida de extrativista vale R$ 80 mil

Para grileiros e madeireiros que aos poucos voltam a invadir a reserva extrativista Riozinho do Anfrísio, 736 mil hectares protegidos em Altamira (PA), a vida deRaimundo Belmiro vale R$ 80 mil. Para ele, líder extrativista nascido e criado na região, a vida da floresta não tem preço. “A floresta é a nossa vida”. A reportagem e a entrevista é de Fernando Gallo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 13-10-2011.

Há um mês e meio, o Ministério Público Federal enviou ofício à Polícia Federal pedindo proteção a Belmiro. Na avaliação de procuradores da República do Pará, o valor é muito alto para os padrões da pistolagem local – sinal de que as denúncias feitas pelo extrativista de que grileiros, madeireiros e fazendeiros invadem a reserva estão incomodando.

Por ora, Belmiro é protegido por dois policiais, que o escoltam na reserva e nas viagens mensais a Altamira. “Mas quando eu venho para a cidade, minha família e todas as outras pessoas que vivem lá ficam desprotegidas dentro da reserva”. Eis a entrevista. (mais…)

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