ES – Comunidade cria comissão para acompanhar empreendimentos no norte

Flavia Bernardes

A comunidade de Barra do Riacho e da Barra do Sahy, em Aracruz, não quer mais conviver com os impactos gerados pelos grandes empreendimentos na região. Após reunião comunitária realizada entre os moradores, duas comissões, formadas por moradores, deverão acompanhar os processos de licenciamento em andamento na região.

A intenção, dizem os moradores, é evitar que impactos como o inchaço populacional – conseqüente da oferta de emprego – continue impactando o meio ambiente e a vida da população local. Para isso, a comissão é formada apenas por moradores, sem qualquer intervenção das empresas em seus debates.

Segundo a comunidade, as promessas feitas pelos empreendimentos não correspondem à realidade.

“Nos estudos realizado pela ONG Amigos da Barra do Riacho fica claro que a soma dos empregos indiretos é fruto de cálculos irracionais, sem balizadores justamente por não termos estruturas de logística, fornecedores, rede hoteleira, escolas privadas e públicas, restaurantes aceitáveis, rede bancária, supermercados de grande porte, transporte coletivo, terminais rodoviários, clinicas médicas em maior número, policiamento, cursos profissionalizantes acessíveis aos carentes, dentre outros pontos”.

Os números, segundo a associação, só servem para criar especulações imobiliárias, pois a falsa geração de emprego é usada para atrair forasteiros, traficantes, prostitutas, formando bolsões de miséria, ao ponto de no futuro, conforme estudos, transformar a orla de Aracruz em área insalubre, capaz de expulsar todos para resolver o problema.

Neste sentido, foi criado o Fórum de Acompanhamento dos impactos da Área de Influência Direta (AID), para acompanhar o licenciamento dos empreendimentos.

A informação é que a Comissão de Acompanhamento, de Trabalho e Emprego, assim como a Comissão de Meio Ambiente, que fazem parte do Fórum, têm o objetivo de dar maior representatividade, transparência e fiscalização aos projetos apresentados ao município, assim como acompanhar a sua implantação e seus impactos ambientais, sociais e econômicos na sua área de influência direta.

“Se faz necessário que a comunidade e entidades tenham suas próprias opiniões, sem a influência dos empreendedores”.
Entre as reclamações dos moradores diante dos empreendimentos que chegam a região está a alteração do Plano Diretor Urbano Municipal, que vem sendo alterado sem a realização de audiências públicas; ocupação desordenada do solo; seleção do Menor Aprendiz, em desacordo com normas pré-estabelecidas; poluição; aumento da violência; descaso com a comunidade tradicional, entre outros impactos.

Os problemas na região, relatam os moradores, começaram com a implantação da ex-Aracruz Celulose, na década de 70, quando a cidade cresceu de forma desordenada e muitos trabalhadores chegaram à região em busca de emprego, acabando por contribuir para a formação de bolsões de miséria após a conclusão das obras da empresa.

A população alerta que, assim como no passado, os novos empreendimentos repetem o discurso de geração de emprego para os moradores da região; capacitação de mão de obra; fomento das atividades locais e crescimento sustentável, mas, na prática, não é isso o que ocorre.

A reunião, organizada pela ONG Amigos da Barra do Riacho, contou com a participação da comunidade, líderes religiosos, entidades ligadas ao comércio local, associações de moradores da Barra do Riacho e Barra do Sahy, em Aracruz.

http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=26042

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