Por Weden
Era uma vez um país que acreditava viver uma imensa democracia racial. Afinal, saídos da senzala, negros eram bem tolerados na cozinha, na copa, e até na sala de estar, quando os patrões não tratavam de assuntos mais sérios.
A primeira fase começou a ser ultrapassada a partir dos anos 60, quando este país começou a receber influxos de movimentos civis de um irmão mais ao norte.
Depois esta quase-nação, ao sul do Equador, começou a desconfiar que aquela democracia não era tanta assim.
Finalmente, admitiu, meio a contragosto, que entre a cozinha e a sala, havia um corredor imenso, longo de tristezas, humilhações e sofrimentos.
Imediatamente, sem poder negar que havia o racismo, passou-se a uma outra esfera de defesa dostatus quo: a progressão do negro à sala deveria ser dada aos poucos, sem rupturas, sem tons mais altos, assim, diria, numa espécie de abertura lenta, gradual e segura.
Isso tudo porque este país, de uma hora para outra, progredia na consciência do seu próprio racismo cordial. (mais…)