PA: Área que seria grilada já tem 400 famílias

Desde que o DIÁRIO tornou pública no meio dessa semana a tentativa de grilagem pela empresa Delta Publicidade, pertencente aos irmãos Ronaldo e Rômulo Maiorana, dos cerca de 545 hectares em terras da localidade de Tucumaieira, no Distrito de Outeiro, o movimento dos atuais ocupantes cresceu e se fortaleceu.  Aproximadamente 400 famílias já ocupam quase a totalidade da área e de lá prometem não sair.

A juíza Ellen Bemerguy Peixoto, da 2ª Vara Cível do Distrito de Icoaraci, impediu a tentativa de grilagem da área.  Dia 18 de agosto, a magistrada negou a reintegração de posse solicitada por via judicial pela Delta Publicidade.  Além de nunca terem requerido à Superintendência do Patrimônio da União (SPU) a concessão de uso da área, os irmãos Maiorana não apresentaram à Justiça documentos que comprovem a propriedade do imóvel – apenas um compromisso de compra e venda sem qualquer validade legal, caracterizando tentativa de grilagem de terra pública.

As primeiras famílias começaram a chegar à área por volta de 2003.  Antes disso, uma imobiliária, que nem existe mais, chegou a lotear parte das terras e vendê-las, mas os proprietários nunca chegaram a tomar posse da terra que compraram.  “A situação começou a piorar há alguns anos, com a valorização da região, principalmente após o início da construção de um grandioso condomínio residencial na frente da área ocupada”, contra Maria do Socorro Teixeira, uma das ocupantes.

Segundo as lideranças locais, toda a área possui um proprietário, que deixou um casal de herdeiros.  “Esses herdeiros até tentaram retomar a área, mas depois da ocupação acabaram desistindo.  Os Maiorana nunca tiveram qualquer posse ou propriedade desse terreno”, garante Socorro.

Professor Carlos, liderança que atua na região, afirma que a área em questão servia para desova de cadáveres e realização de rituais de magia negra.  “As pessoas viviam aterrorizadas, pois estavam à mercê dos bandidos.  Muitas mulheres foram violentadas”, conta.

A partir do final do primeiro semestre, as atuais famílias começaram a se organizar, saindo do fundo da ocupação e indo mais à frente, para a beira da pista, colocando inclusive energia nos barracos.  “Foi aí que a perseguição dos Maiorana ficou mais forte, pois viram que estávamos nos organizando”.  Segundo ele, apareceram pessoas para fotografar e intimidar as lideranças e os ocupantes do terreno “Agora, capangas dos Maiorana estão na área tentando comprar moradores para testemunhar no processo deles”, revela Carlos.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=393479

 

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